Capítulo 206 – Nunca se esqueça
Brandon
Depois do ataque, eu precisei de um tempo. Minha cabeça estava uma bagunça, uma mistura de raiva, frustração e medo. Ouvir a voz da Alessa, ao mesmo tempo que foi um alívio, me deixou aflito. Por não saber onde ela estava. Por que tinha ido com aquele cretino sem avisar ninguém? Era isso que mais mexia comigo.
Por quê, baby? Por que você foi com ele?
Decidi levantar e ir até Enzo, que havia se ferido. Quando me aproximei, ele estava com a cabeça no colo da Elena, enquanto Aline o atendia e Andrew a auxiliava.
Giuseppe caminhava de um lado para o outro. Ali não havia só preocupação com seu chefe, havia também fúria. A audácia de Vito em atacar, sabendo que Enzo estava ali…
— Vamos levá-lo para dentro. A ferida foi superficial, ele desmaiou pelo trauma na cabeça — Aline disse.
Andrew e Giuseppe o ergueram com cuidado e começaram a carregá-lo. Por um instante, me desliguei de novo, até sentir mãos nas minhas, que me trouxeram de volta à realidade.
— Precisa de alguma coisa? — ela perguntou.
— Da minha mulher de volta.
— E nós vamos buscá-la. — Elena apertou minha mão como se dissesse "vai dar tudo certo". Tentei sorrir, mas falhei. Mesmo assim, ela entendeu.
— Eu vou entrar pra ver como o Enzo, e Alex estão.
Assenti e permaneci ali. Passaram alguns minutos, até que ouvi passos atrás de mim, e logo ele estava ao meu lado.
— Em que está pensando? — Ben perguntou.
— No ataque. Alessa me avisou… só que ela não me ligou do próprio telefone. — Virei para encará-lo. — E Giuseppe disse que Vito está indo para Nova York. Um álibi perfeito.
— Como assim?
— Drones não são comandados por alguém num avião, Ben. O cretino vai provar que estava voando no momento do ataque — respondi.
— Mas a Alessa sabe a verdade. Ela te avisou.
— Essa é a questão. Algo me diz que ele está usando alguma coisa contra ela. Foi por isso que ela foi com ele.
— Ela mentiria pra a Cosa Nostra? Esses caras não aceitam mentiras entre eles — Benjamin rebateu.
— Eu sou bom nisso, Ben. Acredite em mim. Uma mentira contada várias vezes acaba se tornando uma verdade. — Voltei meus olhos para o horizonte, onde o sol começava a se pôr. — Em quem você acha que eles vão acreditar? — Virei para ele novamente.
Coloquei uma mão em seu ombro antes de continuar:
— Mas ela ainda está aqui. — Coloquei a outra mão sobre o peito dele. — E não tem problema você sentir isso. Se quiser sofrer, irmão, sofra. A única coisa que peço é que nunca se esqueça que, quando Cassandra te abandonou, você tinha a mim e aos caras. — Vi uma lágrima escorrer do rosto dele. — E agora que ela se foi pra sempre… você ainda nos tem.
Benjamin, mais uma vez no dia de hoje, desabou. Mas dessa vez, fui eu quem estava ali pra consolá-lo. Assim como ele esteve para cada um de nós, em cada dor, perda e sofrimento.
Quando nos separamos, Ben se recompôs e voltou pra dentro. Mas antes de ir, me lembrou que voaríamos em algumas horas, e eu assenti.
Assim que o sol terminou de se pôr, me virei para voltar pra casa. Meus olhos varreram o lugar. Estava tudo destruído.
Me lembrei de que meu irmão e Enzo tinham se ferido, e decidi ir até eles para saber como estão. Foi então que meu celular tocou de novo. Olhei para o visor: outro número desconhecido.
— Alessa?! — disse ao atender.
— Ah, não, Brandon Anderson… — a voz do cretino me fez cerrar os dentes. — Não é minha noiva quem está na linha.
Rocei os dedos na lateral do celular, tentando conter o ódio antes de responder:
— O que você quer, Vito Santoro?

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