Capítulo 208 – Nova York
Brandon
Tentei retornar a mensagem da Alessa e ligar várias vezes, mas foi sem sucesso. Hugo acredita que ela tenha respondido logo após eu enviar, e talvez a falta de cobertura ou até um bloqueador tenha causado o delay.
E isso fazia sentido, já que Enzo e Evie também receberam a mensagem dela no mesmo instante que eu.
A viagem para Nova York foi tranquila. Meu irmão disponibilizou a equipe que pedi e ainda acrescentou Javier e Mateo. Thomas insistiu em vir junto, mas pedi para que ele ficasse com Alex. A verdade é que notei nele o desconforto em deixar Aline. E eu bem sei a falta que Alessa me faz, não queria isso para ele. Muito menos agora que meu irmão encontrou alguém especial.
Enzo veio com a gente. Sim. O mafioso, mesmo ferido, assim que acordou quis vir junto. E mesmo tendo o aeroporto inteiro à disposição se quisesse, decidiu viajar com a gente, e trouxe o Giuseppe, claro.
Chen nos levou direto ao apartamento do Alex, que fica nada mais, nada menos, do que no Upper East Side. Sério, Alexander Sterling nem me surpreende mais.
Hugo e Eloisa foram organizando as coisas, precisávamos conseguir a localização do Vito o mais rápido possível. Elena trouxe os documentos, e ela e Chen os analisavam sem descanso. As coisas que descobrimos sobre meu pai e seus acordos com Vito estavam deixando o Enzo furioso.
Só que ele conhece bem a “turma” dele e, antes de acusar, quer provas concretas. Documentos podem ser forjados. Atos, não. Ou seja, precisamos pegar o Vito no pulo, instigá-lo a errar novamente e, dessa forma, pegá-lo de vez.
— Vai ter um evento amanhã, e o Vito está na lista — disse Elena.
— Eu sei do que se trata. É um jantar de confraternização entre as famílias tradicionais de Nova York — informou Enzo.
— E você consegue entrar? — perguntei.
— Não só consigo, como já estou na lista. Esse é um evento onde famílias interessadas em se tornar associadas correm atrás de nós.
— Então você pode nos colocar lá dentro — afirmei, mas ele negou com a cabeça.
— Tenho influência, mas não posso colocar todos vocês.
— Quantos? — perguntou Chen.
— Uns três... mas o ideal seria casais.
— Trisal, né, senhor Mancini? A matemática não fecha: três pessoas formarem casais — ironizou Elena. Enzo olhou para Elena com um sorriso de lado. Alessa já havia me dito que, desde o porto, ele estava encantado por ela, que, pelo visto, não correspondia às investidas dele e muito menos caía no seu jeito Don Juan versão italiana.
— Ragazza mia, pensei em você para me acompanhar... E sua bela irmã poderia acompanhar aquele que vocês decidirem. — Ele respondeu.
— Claro que serei eu, Enzo. Se o Vito vai estar lá, quero saber da minha mulher.
— Que seja. Preciso que decidam, para que Giuseppe cuide de tudo — disse ele.
— Vamos precisar de roupa, Lena. Poderíamos ir até a L'Élégance.
— Não podemos mais com os exclusivos, Elo. Sinto muito. Vamos ter que nos contentar com o Éclat mesmo. Tem vestidos lindos lá — respondeu Elena. A decepção nos olhos da Elo foi visível. Graças ao meu pai, o senhor Fontana perdeu tudo.
— Te levo até lá, bambina, e poderá escolher o que quiser — disse Enzo.
— Não se incomode com isso — rebateu Elena.
— Ah, Lena, fale por você. Poxa, faz tempo que não vamos a um evento desses... E eu nasci pra brilhar.
— Também não precisa exagerar, nem é tudo isso — retrucou Hugo.
— Guarde sua opinião pra você, nerd bombado — disse Eloisa, se levantando e saindo bufando.
— Ok, problema do evento resolvido. Amanhã iremos até a loja, eu também preciso de uma roupa. E não se preocupem... os vestidos ficam por minha conta — pisquei para Elena, que suspirou em alívio.
— Precisamos decidir agora como eu e os caras vamos entrar — disse Chen.
— Talvez infiltrando-se entre os seguranças — sugeriu Ethan.
— Isso pode dar certo — concordei.
— Vou tentar acessar as câmeras da região e ver se consigo as do hotel onde o evento vai acontecer — disse Hugo.
— Perfeito. Conseguiu mais alguma coisa sobre os celulares? — perguntei, esperançoso.
— Infelizmente não, cara. Mas amanhã ficarei de olho. E assim que o Vito chegar, vou colocar um rastreador no carro dele.
Assenti para o Hugo. Ajustamos mais algumas coisas. Enzo foi passar a noite em um dos seus hotéis e, depois disso, cada um foi para seu quarto. Tomei banho, deitei na cama e fiquei encarando o celular, esperando, quem sabe uma nova mensagem.
Mas não aconteceu. Então peguei no sono.
O luxuoso hotel onde aconteceria o evento não era tão distante. Assim que chegamos, Enzo já nos aguardava. Colocamos os comunicadores. Dei o braço à Eloisa, enquanto Elena se agarrou ao Enzo.
— Ela finge que não gosta, mas tá adorando a atenção do mafioso — Elo sussurrou no meu ouvido, fazendo todos nós rirmos. Elena virou e a fulminou com o olhar.
— Merda! Os comunicadores... — disse Elo, desesperada.
— Tudo bem, bambina. La mia ragazza aqui não engana ninguém — respondeu Enzo, que também estava com o comunicador e ouviu tudo, irritando ainda mais a Elena.
Entramos no evento. Enzo nos avisou que precisava socializar, era o que esperavam dele, e ele não podia levantar suspeitas. Outras famílias da máfia estavam ali, como os Gambino e os Morello. A Cosa Nostra não é brincadeira. Como diz o Alex, é a máfia raiz... e no território deles, precisamos ter cuidado.
Elo pegou uma bebida do garçom.
— Eloisa, não viemos aqui pra beber.
— Claro que não, Lena. Mas as pessoas vão estranhar ver os três parados aqui, só observando o salão. Pega apenas um copo pra disfarçar.
O garçom passou, e peguei um também.
— A Elo tem razão. Não podemos chamar atenção antes da hora. Antes do...
Eu estava falando de frente para a porta... quando vi.
A mulher mais linda.
Seus cabelos castanhos caíam em ondas, presos de um lado e soltos do outro. O vestido parecia uma segunda pele, moldando cada curva do seu corpo.
E, no momento em que seus olhos cinzas encontraram os meus...
Eu parei de respirar.
E meu coração...
Parou de bater por alguns segundos.
— Alessa...

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