Capítulo 211 – Um Don furioso
Enzo
Tudo estava perfeito. Minha Elena me aceitou, e agora as coisas entre nós iriam começar de verdade. Hoje, não era só na minha imaginação, eu a tocava, a sentia, adorava cada pedaço dela. Mia ragazza tinha razão... Sempre fui um galanteador. Tinha facilidade em conseguir qualquer mulher que eu desejasse, e muitas se jogavam só por eu ser quem sou.
Só que com ela não foi assim. Essa ragazza me deu o trabalho que nenhuma outra jamais deu. E era isso que me encantava. Porque eu sabia que, quando acontecesse… seria perfeito.
Mas a vida de um Don não é fácil. Por isso não vamos a boates, bares, nem eventos abertos: para não nos tornarmos alvos fáceis. Alguns nascem com poder. Outros batalham por ele. E dentro da máfia… o poderoso é quem manda.
Eu ouvi. Eu vi. Os cretinos chegando. E meu primeiro instinto foi protegê-la.
O problema é que Elena teve a mesma ideia que eu, e foi mais rápida.
— Elena… — sussurrei, mas ela não me respondeu.
Um zumbido preencheu meus ouvidos. Estávamos a uma distância segura do automóvel quando ele explodiu, mas a explosão não trouxe só o fogo... vieram estilhaços, pedaços de concreto, e fragmentos de asfalto voando como lâminas.
E mia ragazza amorteceu tudo. Ela se jogou na minha frente, nos derrubando no chão.
— Don! — ouvi a voz de Giuseppe. — Está ferido?
Eu não me importava comigo. Ninguém quer morrer, mas entre eu e ela… que fosse eu.
— Elena… — sussurrei de novo.
— Ela está ferida, Don… sinto muito.
— Sente muito? — perguntei, confuso. Tentei levantar, mas não consegui.
— LENA!! — ouvi o grito. Era a bambina, Eloisa.
Virei de lado e a vi. Os olhos fechados, os cabelos dourados caídos no seu lindo rosto, a respiração quase imperceptível. Mas o que realmente me destruiu foi o sangue... espalhado no chão, vindo dela.
— Não… não… NÃO!!! — Eloisa gritou. — Lena, por favor, fala comigo. Por favor... briga comigo, me chama de criança. Diz pra eu parar de te encher por causa do mafioso...
Vi a bambina chorar. E me odiei por não conseguir me mover.
Ela encostou a testa na da irmã.
— Lena… — sua voz saiu quebrada. — Por favor, não me deixa. Você prometeu... depois que a mamãe se foi...
Uma fúria me tomou. Me forcei, sentei, e me arrastei até ela.
— Por que estão lamentando como se mia ragazza fosse morrer?! — gritei, irritado. — Chamem uma ambulância! AGORA!
— Já chamei, Don — disse Giuseppe. — Acho melhor voltarmos ao hotel, podemos chamar alguém pra examiná-lo.
Meu olhar cortou o dele. Aquele olhar que dizia tudo. Aquele que raramente uso, mas que mostra quem manda.
— Eu só saio daqui com ela. Elena acabou de salvar a minha vida. Pela segunda vez.
— Don, eu entendo. Mas somos alvos fáceis aqui...
— ENZO!! — Alessa gritou ao se aproximar. Se agachou ao meu lado. — Como você está? Foi ferido?
— Não, sorella. Elena me protegeu.
Foi aí que ela olhou para a amiga, caída no colo da irmã.
— Mio Dio! — Alessa levou a mão à boca, horrorizada.
— ONDE ESTÁ A PORRA DA AMBULÂNCIA?! — Brandon gritou.
— A pressão dela caiu, provavelmente por causa da perda de sangue — Andrew disse. — Acredito que o ferimento seja na cabeça, mas precisamos virá-la pra confirmar. Mas acho mais prudente esperar eles chegarem.
A ambulância chegou. A colocaram na maca. Um dos médicos quis me examinar, mas não permiti.
Eu queria ir com ela. Ficar ao seu lado. Mas não era seguro. Se estivessem tentando me atingir, podiam atacar a ambulância.
— Quero homens acompanhando ela até o hospital. E homens buscando o Vito. — Olhei para Giuseppe. — E exijo que a reunião seja amanhã. Avise às famílias… e diga que o primeiro a não comparecer vai sofrer as consequências.
Ele assentiu. Mas antes de sair de vez, o chamei:
— Lembre-os do código. E quero o Piccolo também.
— Piccolo? Tem certeza? — Alessa perguntou.
— Sim. Está na hora de mostrar a esses figlio di puttana quem é o Don Mancini.
— Deixe Andrew cuidar dos seus ferimentos. Precisamos conversar — Brandon se aproximou.
— Não tenho ferimentos. Mia ragazza, mais uma vez, me defendeu.
— Então vamos subir. Chen já solicitou uma nova equipe, e Alexander precisa falar com você.
— Conversarei com quem for... depois que ver mia ragazza e tiver certeza de que ela está bem.
— Fratello, entendo sua gratidão por Elena. Mas a sua segurança está em risco.
Olhei para minha irmã.
— E desde quando a vida de um Don não está em risco? Elena não é qualquer uma. Agora… ela é minha mulher. E vai ser tratada como merece.
Alessa suspirou, derrotada. Meu telefone tocou. Era Sterling. Me afastei e atendi.
— Sterling — falei em tom formal.
— Mancini — ele respondeu, no mesmo tom. — Precisamos conversar. Mas pessoalmente. Estou embarcando para Nova York.
— Então por que me ligou?
Ouvi seu riso seco do outro lado da linha.
— Porque soube que vai se reunir com Piccolo amanhã.
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