Capítulo 260 – Valente
Elena
As últimas palavras do Ethan pra mim foram: “Te amo, minha garota”.
E foi naquele instante que eu vi… Não era um amor entre amigos. E aquilo mexeu demais comigo. E no instante que a porta se fechou, o desespero me tomou.
Eu não podia perder o Ethan como perdi o Julio. Preferia morrer, a ver outra pessoa que amo morrer, por mim.
— Leninha, você precisa se acalmar. — Meu pai dizia ainda agarrado a menina,
— Não, eu preciso sair daqui! — Ouvia os tiros, mas Ethan não me respondia.
Quando os tiros cessaram, eu batia, gritava, imploraram para que ele falasse comigo… mas ele não respondia. Até que ouvi a voz do Hugo, depois do Brady e então veio a dele.
— Amore mio, ele está ocupado.
Enzo…
Depois de tudo, ele estava aqui. Mas não era com ele que eu queria falar, não era sua voz que queria ouvir. Era a de Ethan, precisava saber se ele estava bem.
E quando eu o ouvi, o alívio me tomou. Só que isso não durou, ouvi um barulho e logo em seguida o elevador se mexeu.
— AAAAAAH! — Maria, a garotinha que Ethan salvou gritou.
— Está tudo bem, querida. — Meu pai dizia enquanto a pegava no colo.
Então, um som ecoou, seguido de um solavanco.
— AAAAAAH!!!!! — Nós três gritamos no susto. Fui até meu pai e Maria, os agarrei.
Não me importava de morrer, mas não queria que nada acontecesse com meu pai e a menina. O elevador deu um tranco, me jogando para o outro lado acabei batendo a cabeça.
— LENINHAAA! — Meu pai gritou, e quando ele foi se levantar.
— NÃO SE MEXE! — Gritei e ele parou. — O cabo de segurança que nos segurou. Mas se fizermos movimentos bruscos, ele pode não aguentar.
— Tô com medo, vovô… — A menina disse ao meu pai, e aquilo me apertou o coração.
— Tá tudo bem pequena Maria. O vovô está aqui.
— Vovô? — perguntei confusa. Ele olhou para mim antes de responder.
— Ela me chama assim, desde que me mudei. Dimas, o porteiro do prédio, é o pai dela.
— Por isso ela estava sozinha?
— Os irmãos Miller, sempre dão uma olhada nela. E Dimas tem câmeras na casa, ele não deve ter conseguido subir quando viu o que estava acontecendo.
Somente assenti as palavras do meu pai. Senti algo escorrer pelo meu rosto, e quando passei meus dedos vi que era sangue.
— Perfeito… — murmurei.
— Querida, você está ferida.
— Estou bem papai.
— Leninha, você saiu do hospital a pouco tempo. Não devia ter vindo atrás de mim, eu já estou velho… — ele fez uma pausa. — E cansado demais para viver.
Aquelas palavras, me irritaram.
— Nunca mais diga algo assim papai! — O repreendi.
— Leninha, você e a Lolo já não precisam mais de mim. Se tivesse deixado eles me levarem, nenhum de nós estaríamos nessa situação.
— Papai, por favor. Não quero mais falar sobre isso.
— Vovô… — Maria sussurrou. — Podemos ligar para o papai? Ele tem aquele ferro desse tamanho — Ela fez sinal abrindo os braços exageradamente, o que nos fez rir — Quando a dona Caca ficou presa, ele abriu a porta.
Meu pai e eu estávamos presos na inocência da menina, quando ouvi alguém me chamar.
— Elena…
— Enzo?!
— Isso. amore mio — Por um instante fiquei feliz em ouvir a voz dele, mas logo minha mente me levou a horas atrás, e a felicidade passou.
— Lena!!
— Chen?!
— Sou eu garota, estamos esperando uma equipe vir tirar vocês daí.
— Chen, não sei se dá tempo.
— Claro que dá amore mio, aguenta só mais um pouco.
— O problema não é minha paciência, senhor Mancini. — Ainda não estava pronta para chamá-lo de forma carinhosa. — E sim o fato de que foi acionado o cabo de segurança, e não sei por quanto tempo ele ainda vai aguentar.
— Lena. — me chamou o Alex. — Se estão somente seguros pelo cabo, não podem se mexer.
— Eu sei Alex, não estamos nos mexendo.
Todos eles, um a um dos caras, foram falando comigo.
Minha família.
— Ei garota. — Ethan me chamou. — Ainda bem que deixei você entrar sozinha, odeio ficar muito tempo em lugares fechados. — Um sorriso brincou nos meus lábios.
— É bom saber. Já sei muito bem onde vou te prender para me vingar.
Nós dois rimos.
E eu ouvi Enzo resmungar, esse italiano não tem jeito. Foi ele quem praticamente me expulsou da vida dele, e ainda se sente no direito de sentir ciúmes.
— Chama o papai, tia Lena. — Maria disse com expectativa, e foi aí que me lembrei do que tinha dito antes.
— Ethan.
— O que foi, garota?
— O porteiro, Dimas. Ele é o pai da Maria, poderia chamá-lo? Ela disse algo sobre um ferro que abre a porta, talvez ele possa ajudar. E ouvir a voz dele, vai acalmá-la.
O silêncio tomou conta.
— Ethan?!
— Amore mio… — Começou Enzo. — O porteiro está…
Eu sabia o que ele ia dizer, e não o deixei terminar.
— Não termine Enzo! — Ele logo entendeu.
— Sinto muito, amore…
Senti as lágrimas escorrerem do meu rosto, e quando olhei para meu pai. Ele também chorava agarrado a menina.
— O papai não vai vir?
Meu pai passou a mão no rostinho dela.
— Ele está muito ocupado, querida, ele pode demorar um pouco.
— Obrigado Chen, mas não vou. Se eu me mexer, ele vai começar a ceder, não tem como sairmos os dois. — Olhei para o meu pai. — E não irei abandoná-lo.
— Leninha, eu já vivi minha vida. Talvez seja hora de ir encontrar sua mãe…
— Não! — eu disse entre as lágrimas. — Então é minha hora de encontrá-la também.
— Lena… — Olhei para cima, Alex me olhava como se lesse minha alma. — Eu quero salvar os dois, e vou me esforçar para isso. — Ele estendeu a mão. — Então vamos começar por você, pela nossa garota.
— Alex… — Eu disse em desespero.
— Eu sei querida, prova que você o ama.
— Onde deixá-lo morrer, é prova de amor? — perguntei entre as lágrimas.
— A prova não está em você deixá-lo, e sim… em você viver.
Prendi meu olhar no do Alex.
— Per favore, amore mio. — Enzo implorou. Olhei para meu pai, que tinha uma expressão serena, como se tivesse aceitado seu destino.
— Eu amo você minha valente. — Sorri pelo apelido, papai dizia que eu era como a Princesa Merida do filme valente. Eu tinha treze anos quando Eloisa me obrigou a assistir no cinema o filme Valente. Papai que nos levou.
— Eu te amo tanto papai.
— Eu sei. — respondeu com um sorriso, mas a voz embargada. — Você e sua irmã são meus maiores tesouros. — Agora vai.
Olhei para o Alex e Enzo, que estavam com os braços esticados. Olhei mais uma vez para meu pai, eu não queria deixá-lo.
— Vai... — ele sussurrou.
Me virei para os meninos. Pulei em um impulso, segurando a mão de cada um. Em um único movimento eles me puxaram, o espaço que abriram na porta foi suficiente para que eu passasse.
Quando estava no chão, Enzo me puxou para ele e começou a me beijar. Não tive forças para impedi-lo.
— Graças a Dio, amore mio. Graças a Dio… — Ele dizia, enquanto me beijava. Ouvi um barulho vindo do elevador, mas ele ainda não tinha caído. A esperança brotou em mim.
Debrucei no chão, pelo vão da porta. E estendi meu braço.
— Vem papai, ainda dá tempo.
Ele começou a caminhar, ouvimos outro barulho, dessa vez mais alto. Meu pai caminhou de volta para o fundo do elevador.
— Papai… — eu chamava, mas ele não se mexia. — Por favor… — implorei.
Então ele tentou mais uma vez, e escutamos um barulho como se algo estivesse rasgando.
— Lena, você precisa sair daí, se o elevador cair, vai te partir ao meio. — Alex disse tentando me puxar.
— NÃO!! — gritei, olhei para meu pai. — Eu consigo te tirar daí papai.
Ele olhou bem dentro dos meus olhos.
— Amo vocês, cuida da Maria.
Um barulho alto reverberou pelo fosso, senti braços me puxando para trás.
E foi aí que ele desmoronou.
— PAPAIIIIII!
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Meninas, prometi maratona mas infelizmente não aconteceu.
Só espero que o rivotril esteja em dia, porque esses foram dificeís demais de fazer.

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