Capítulo 262 – Pequeno raio de sol
Elena
Eu já passei por isso… mais de uma vez. E não estive preparada para nenhuma delas. Por que estaria agora?
Lutei, juro que lutei para salvar a vida do meu pai. Mas Alex tinha razão, por mais que me doesse, doeria mais em meu pai me ver morrer. Dessa dor, ele não sobreviveria.
No entanto, algo despertou em mim em meio à dor, uma conexão, daquelas que a gente nem consegue explicar.
Maria… um pequeno raio de sol.
Agora, nós duas compartilhávamos a mesma dor. Nossas mães moravam com o papai do céu, e hoje ele levou também os nossos pais.
Minha família… meus garotos… Como sou grata a cada um deles. E mesmo magoada com Enzo, sou grata por tê-lo também.
Eu não consigo sozinha… não sou capaz nem mesmo de confortar a Lolo, como fiz quando a mamãe morreu. Mas ela tem o Hugo e o resto da família que conquistamos.
— Chegamos, amore mio. Me deixe carregá-la para você.
Enzo disse com tanto carinho que nem parecia o homem que me maltratou horas atrás.
— Eu consigo, não quero acordá-la.
— Prometo pegá-la com cuidado.
Olhei para a pequena no meu colo. As lágrimas haviam secado em seu rostinho, mas ela dormia tão tranquila. Era como se ali tivesse encontrado paz. Assenti para Enzo, ele desceu do carro e, com cuidado, como se estivesse carregando algo de cristal, a pegou e a aconchegou em seu peito. A cena mexeu comigo, e as lágrimas voltaram a escorrer.
— Amore…
Olhei para aqueles olhos cinzas, que me olhavam com preocupação, pena e também culpa.
— Estou bem.
Subimos em silêncio. Giuseppe estava ao nosso lado e os caras já haviam chegado. No instante em que a porta se abriu, quatro mulheres me cercaram… de amor.
E então, mais uma vez, eu desabei.
Enzo e o restante dos caras só observaram a cena.
E eu? Eu me permiti sentir essa dor e receber esse amor.
— Cadê a Elo?
— Está no quarto com o Hugo — Evie respondeu.
— Dei um remédio para ela — Aline disse, passando a mão em meu rosto. — Agora vamos cuidar de você — ela concluiu.
— Eu estou bem. Quando o elevador caiu… — A lembrança do momento me atingiu, e não consegui terminar a frase.
Aline me puxou para um abraço.
— Sinto muito. Nunca se esqueça, Lena: nós te amamos.
Eu retribuí o abraço com força. Nos separamos.
— Por que não vai tomar um banho? Depois vou até lá te examinar.
— Ok, obrigado.
Enzo e eu seguimos para meu quarto. Abri a porta e ele caminhou até a cama com a Maria. Ajeitou-a nos travesseiros e se sentou ao seu lado, tirando alguns fios de cabelo que ficaram grudados em seu rostinho por conta das lágrimas.
— Vou tomar um banho — anunciei.
Ele somente me deu um aceno e permaneceu ali com a pequena.
Entrei no banheiro me arrastando, tirei minhas roupas e olhei para meu reflexo no espelho. O corte latejava, minha cabeça doía. Mas nada era comparado em como estava meu coração. Segui até o box, liguei o chuveiro, e no instante em que a água começou a cair, as lágrimas vieram junto. E com elas, uma vontade de gritar, de socar alguma coisa, de extravasar.
Eu não sei em que momento Enzo entrou, e muito menos como eu havia acabado no chão. Mas ele estava ali, agarrado a mim. Ele se sentou no chão e me puxou para o seu colo.
— Estou aqui, amore mio. Vou sempre estar…
Minha voz sumiu, eu não era capaz de responder. E também não conseguia me soltar dele, envolvi meus braços em seu pescoço e encaixei meu rosto na curva do seu pescoço. Enzo passava a mão em meus cabelos molhados e me dizia palavras com a voz suave, em italiano.
Não tinha como negar, eu amava esse homem. Sua voz, sua presença, ele inteiro… me trazia paz.
— Eu te amo… — sussurrei para ele.
Senti os braços dele me apertarem mais forte. Ele colocou a mão no meu queixo para que eu olhasse para ele.
— Também te amo, mia vita.
Ele desceu os lábios até os meus e me beijou. Seu beijo era lento e carregado de ternura. Mas eu sentia ali perdão, promessas e amor…
Ficamos mais um tempo ali, até que ele se levantou e me levou junto. Enzo me secou e cuidou de mim com carinho. Por um momento, um sorriso brincou em meus lábios.
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