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Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo romance Capítulo 264

Capítulo 264 – Olhar lá de cima

Eloisa

Nunca imaginei ter uma vida tão agitada assim: tiro, porrada e, por mais difícil que seja acreditar, até bomba. Mas, para ser sincera, não trocaria isso por nada. Pois foi em toda essa confusão que encontrei uma família, um lugar especial para chamar de meu. E, claro, o amor… E esse é o da minha vida, disso tenho certeza.

Em meio a esses turbilhões, também acontecem coisas boas: nossa princesa Rachel e nosso pequeno Andrew, quer dizer (me desculpe, Jack), reformulando… nosso pequeno Jack. Ah, já ia me esquecendo, teve o casamento lindo da Alessa e do Brady. Bom, foi lindo, mas a emoção não durou. Quer dizer, durou, mas não a da cerimônia, e sim a que veio depois. Lembra da bomba? Pois é.

Depois de todos esses altos e baixos, veio o segundo pior dia da minha vida. O primeiro foi quando a mamãe morreu, e o segundo… hoje. Meu pai já havia desistido de viver há muito tempo, e depois de Robert, as coisas só pioraram. Mas perdê-lo assim? Sem ter a chance de se despedir… Essa dor vou carregar para sempre.

No caminho para casa, insisti para Hugo me contar o que tinha acontecido. Foi a pior coisa que fiz, porque a dor só aumentou. Eu não queria que a Lena morresse, ela é um pedaço de mim. Só que não é fácil saber que meu pai teve que escolher deixá-la viver, ou morrer. Minha irmã já passou por tanta coisa. Hoje eu perdi meu pai, e dói, Deus, como dói. Mas a Lena, ela perdeu mais que isso. Porque, pela segunda vez em uma única vida, alguém morreu… para ela viver.

Eu estava agarrada ao Hugo, ele me acariciava e a cada segundo me dava um beijo. Aline me deu um remédio que eu só queria que fizesse efeito, só que isso não aconteceu.

— Mi preciosa… — Hugo sussurrou. — Tenta dormir, nem que seja só por uns minutos. Você está tremendo, amor.

Eu estava tremendo? Nem mesmo tinha percebido.

— Não consigo, queria ver a Lena.

— Vou ver se ela está acordada. Se estiver, te levo lá.

Me virei para encontrar seus olhos e coloquei a mão em seu rosto.

— Obrigado, amor.

— Tudo por você, minha preciosa. — Ele desceu os lábios até os meus e me deu um daqueles beijos que parecem falar com a minha alma. — Te amo, mi preciosa — sussurrou com os lábios ainda nos meus.

Quando nos separamos, acariciou meu rosto.

— E nunca se esqueça que eu tô sempre aqui.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas e, sem conseguir segurá-las, elas correram livremente sobre meu rosto. Hugo as secou e me deu mais um beijo.

— Vou ver onde a Lena está. — Assenti, e ele saiu. Deitei a cabeça no meu travesseiro e, por alguns segundos, fiquei encarando o teto. De repente, uma enxurrada de lembranças me atingiu.

Nosso aniversário de oito anos, que eu quis das princesas da Disney, enquanto Elena queria do Top Gun. Me diz, que criança de oito anos quer uma festa de aviões e soldados? Só a Elena Fontana mesmo. Papai então teve a brilhante ideia: “A piloto traz a princesa em seu avião”. Simples assim, não tinha brigas nem confusões. Papai tinha o dom de resolver as coisas com “imparcialidade”. Dessa forma, ele não magoava ninguém.

Claro que, mesmo sendo gêmeas, temos nossas diferenças. Lena tem o gênio do meu pai, e eu, o da minha mãe. Eles dois sempre foram mais próximos, não porque ele gostasse mais dela, mas porque os iguais se entendem.

A porta se abriu e o homem mais lindo entrou.

— Enzo saiu, e a Lena está no quarto com a Maria.

— Maria?

Ele sorriu.

— Sim, a princesita, filha do porteiro. Ela chamava seu pai de vovô. Parece que eles eram bem próximos.

Eram… uma simples palavra com um grande significado: “a certeza do que não se é mais”.

— Amor?

— Desculpa, me perdi por um segundo.

Ele sentou ao meu lado.

— Tem certeza de que quer falar com a Lena agora?

Maria estreitou aqueles olhinhos.

— O vovô diz que ninguém chora por nada.

Elena e eu rimos ao mesmo tempo, isso era bem coisa do meu pai. “Ninguém chora por nada, as lágrimas vêm da alma. Ou são de tristeza, ou de alegria.” Era sua psicologia aprendida na internet, que ele adorava usar com a gente.

— Você está certa, Maria. Estamos chorando porque estamos tristes.

— Por quê?

Olhei para Lena, confusa. Será que a menina não sabia que meu pai havia morrido?

Elena se aproximou da Maria e a pegou no colo. Ela era tão delicada.

— Estamos tristes porque uma pessoa importante para nós foi morar com o papai do céu.

Maria colocou a mão no rosto da Lena.

— Tá tudo bem, tia Lena. O papai disse que o papai do céu leva as pessoas especiais. — Tanto eu quanto minha irmã não conseguimos conter as lágrimas. — Mas ele deixa a pessoa nos olhar lá de cimaaaa! — Lena e eu rimos entre as lágrimas da forma que ela disse e do gesto que fez.

— Então não se preocupa, tá? Eu vou pedir para a mamãe cuidar do seu amigo especial.

Elena beijou a menina e depois encostou seu rosto no dela.

— Obrigado, meu pequeno raio de sol.

Minha irmã fez sinal para que eu me aproximasse, e ali ficamos as três. Nós duas com o coração em pedaços, mas tínhamos encontrado uma pequena liguinha que, com sua inocência, nos mostrava que, mesmo na dor, a vida encontra um jeito de continuar.

E que lá de cima… o papai vai sempre nos olhar.

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