Capítulo 267 – Antes de reagir
Enzo
Morto.
Vito Santoro estava morto. O matei com um tiro na testa. Não há remorsos nem arrependimentos.
Paola chorava, gritava, me xingava em todas as línguas possíveis. Apontei a arma para ela.
— Agora somos nós dois, Paola, e vou te dizer uma coisa. Eu até estava de bom humor antes, mas neste momento… — Coloquei a arma em sua testa. — Nem queira saber como estou.
— Enzo, se me matar, vai ganhar a ira de mio padre, dos miei fratelli.
— Até onde eu sei, seu pai te deserdou, e seus irmãos estavam te caçando.
— Eles estão bravos, mas ainda sou sangue deles.
— Ah, mia cara, foi você mesma quem disse que mio nonno ia acabar comigo. Então, preciso te dizer que sangue… — Empurrei mais a arma em sua testa. — Não importa muito por aqui.
As lágrimas dela escorriam, ela implorava, e preciso confessar: vê-la dessa forma… me dava prazer.
— Podemos fazer um acordo — disse, a encarando. — Me diz o que quero saber, e te darei cinco minutos de vantagem.
— Como assim?
— Me conta tudo. Os esquemas do meu avô, quando começou, o porquê de ele ter se ligado a Dante Morelli, sabendo que eles estão envolvidos na morte dos meus pais. — Levei meu rosto bem próximo do dela. — E o porquê de mio nonno querer me matar.
Levantei novamente e tirei a arma de sua testa.
— Se fizer isso, te dou cinco minutos para sair do apartamento. Se conseguir, vive. Se não, morre!
— Você está louco?
— Não, Paola, você ainda não me viu beirando a loucura. E posso garantir que não vai querer ver.
— O que você escolhe? Lutar pela vida… — Voltei a arma para sua testa. — Ou desistir e morrer?
— Eu… eu… — Ouvi o barulho do elevador. Olhei para Giuseppe.
— É o Alex, Don — ele me disse. Então, voltei a atenção para Paola.
A porta abriu, e Alexander entrou com seus homens ao seu lado. Os caras ficaram ao lado de Giuseppe e Alexander, ao meu.
— Responda, Paola, não tenho o dia todo. Aproveite que ainda estou te dando opção, mas se me irritar, elas expiram.
— Quais são as opções? — Alexander perguntou.
— Me contar, vive. Manter as informações para si… — Olhei para ele. — Vai fazer companhia a Vito no inferno. — ele olhou para o corpo de Vito sem vida.
— São boas opções — ele disse.
— Acordei de bom humor. — Alexander sorriu com minhas palavras.
Ele caminhou até o sofá e sentou ao lado dela.
— Se quer um conselho… — ele começou. — Eu, no seu lugar, falava logo, porque Enzo está te dando opções. — Alexander levou os lábios próximo ao ouvido dela. — Porque se fosse eu, não teria nenhuma, a não ser a morte.
Paola começou a piscar, tentando conter as lágrimas, mas foi impossível. Eu era um Don, mas ela sabia que Alexander… era um ceifador.
— Bom… — ele disse, se levantando. — A hora que quiser, estou disponível. Mas já aviso que serei breve, garanti à minha mulher que chegaríamos todos para o almoço.
— E a Evie brava é pior que o Alexander — disse Jack.
A sala irrompeu em risos, a única que não gostou muito foi Paola.
— Então, mia cara, o que vai ser? — perguntei com a arma ainda em sua testa.
— Eu conto, eu conto tudo que quiser saber.
Paola ficou em silêncio.
— Continue…
— Enzo, você já entendeu… — ela tentou argumentar.
— Continue. — Meu tom era frio e não deixou espaço para mais nada.
— Lorenzo me mandou ficar de olho em Gael. Ele não podia matá-lo e nem mandar ninguém fazer o serviço. Giovanni descobriria.
Ela abaixou a cabeça.
— Eu fiquei atenta às conversas de Gael com Alina, e descobri o dia e horário que ele se encontraria com as famílias. Contei a Lorenzo, que contou aos Morelli, enfim.
— O que você está me dizendo é… — Paola não me deixou terminar.
— Sinto muito. Eu fiz muita coisa errada, e de algumas não me arrependo. Mas isso… é uma coisa que me corrói todos os dias. Lorenzo me disse que eles não podiam ir, que era para que eu os impedisse.
Ela começou a soluçar.
— Pedi carona para eles, eu era sua namorada, quem desconfiaria de mim? Na estrada, disse que estava passando mal, Gael parou o carro, eu desci, Alina veio até mim e foi o suficiente para distraí-los.
Ouvi o barulho do elevador, mas não quis nem mesmo olhar. Eu estava preso nessa história suja, onde um pai manda a namorada do neto, matar seu próprio filho.
— Eu matei, Enzo. Sinto muito. Mas fui eu quem matei seus pais.
E antes mesmo de eu reagir, o barulho seco ecoou, um tiro na têmpora de Paola. Quando todos olhamos, ali estava ela.
Braço esticado, mão firme e os olhos… duros como pedras.
Ela não hesitou, não esperou… ela só atirou.
E agora… Paola estava morta.

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