Brandon
Alex decidiu ir encontrar o Enzo. Ele quer muito acabar com tudo isso para que nossa vida possa voltar ao “normal”. Ou pelo menos ficar dentro do tolerável, porque para ser sincero, até eu, que curto uma agitação, tô achando demais.
Chegamos e Enzo tinha tudo no controle, mas quando Paola começou a falar sobre Lorenzo, um sentimento também me atingiu. Assim como Lorenzo mandou matar Gael, meu pai não mandou… ele mesmo atirou em mim. E coisas assim… nos marcam para sempre.
A porta do elevador abriu, mas sabíamos que não entrariam inimigos. Alex deixou Chen e Owen cuidando disso, e os caras são bons no que fazem.
Assim que Paola terminou de falar que era a responsável pela morte dos pais de Enzo, escutamos um tiro, e quando olhei, era minha mulher.
— Baby… — disse, correndo até ela.
Alessa não se mexia, não falava, nem mesmo piscava. Ainda estava presa na Paola, que agora estava morta.
— Amor, abaixa a arma — Eu disse, colocando a mão sobre a dela e abaixando seu braço lentamente. Todos na sala estavam presos na Alessa.
Ela virou para mim, e o que vi em seus olhos doeu minha alma.
— Mio nonno está vindo, Hugo viu pelas câmeras ao redor. — O tom dela era frio, nem parecia a mia ragazza.
— Ele sabe a localização exata? — Alex perguntou.
— Foi visto aqui perto, chefe, mas falei com Hugo a caminho daqui e ele disse que o tinha perdido — Javier respondeu.
Com cuidado, tirei a arma da Alessa.
— Me dá a arma, amor. — Sem questionar, ela me entregou.
— Sorella, por que está fazendo aqui? — Enzo perguntou, colocando a mão em seu rosto.
Ao invés de responder, ela perguntou.
— Você ia deixá-la viver?
— Certo che no! — Enzo retrucou. — Mas eu precisava de todas as informações. Eu já tinha matado Vito, e ela ia me contar tudo.
— É impressão minha, Enzo, ou você ficou bravo porque eu a matei?
— Não é isso, Alessa, mas ela era nosso elo com o nonno.
— Ela matou meus pais — Alessa disse, irritada.
— Eles também eram meus! — Enzo rebateu.
— Não parece, porque se eu não a tivesse matado… — Alessa apontou para onde o corpo de Paola estava. — Ela ainda estaria viva, se lamentando pelo que fez, e você caindo no papo dela.
— Cosa stai insinuando?
— Não estou insinuando, Enzo, estou afirmando. Se o nonno está por aqui, quem te garante que ela não estava só te enrolando para ganhar tempo?
Minha mulher tinha um ponto a ser considerado, e Alex estava ouvindo a conversa. Vi em sua expressão que ele ponderou o ponto de vista de Alessa.
— Preciso concordar com ela. Lorenzo é o tipo de homem que não age por impulso. Se fosse, teria sido descoberto antes.
— Não, mio nonno não age assim. Ele é frio, calculista e louco por poder — ela respondeu a Alex.
— Vou mandar a secundária fazer uma ronda e avaliar o perímetro. Por hora, acabamos por aqui. O ideal é todos voltarmos para casa e deixar Hugo e Diego atentos a tudo — Alex olhou para mim. — Qualquer movimentação, nós agimos.
Eu assenti, e Enzo fez o mesmo. Mas o clima entre ele e minha mulher se manteve tenso.
Sem avisar, ela se virou e olhou para Javier e Matteo.
— O recado foi entregue, agora podemos ir. — Eles concordaram e foram saindo, e ela os seguiu.
— Baby, me espera e vamos juntos.
Alessa me olhou, seu olhar era frio. Nem mesmo parecia a mulher calorosa que, mesmo irritada ou contrariada, se mantinha a mesma. Dessa vez, essa história mexeu demais com ela.
— Eu vim com eles, e pretendo voltar com eles. Nos vemos em casa.
E sem dizer mais nada, ela foi embora. Eu quis ir atrás, mas Alex me segurou.
— Deixa ela, irmão, ela precisa disso. Vou contar a Evie o que aconteceu, ela vai saber lidar com a Alessa.
Mesmo contrariado, eu concordei. Enzo passava a mão no rosto, a irritação dele era visível.
— Voltamos à estaca zero. Nada do que ela disse, a não ser a morte dos meus pais, era novidade.
— Você precisa dar um desconto para ela. Alessa guarda muita coisa dentro dela e você sabe muito bem disso.
— Como assim?
— Sinto muito, Brady, mas ela não quer você, nem o Enzo, e disse que qualquer um que tentar falar com ela… — Rosario suspirou. — Vai levar um tiro, e ela realmente está com uma arma.
— Mia sorella enlouqueceu? — Enzo perguntou enquanto se aproximava. Olhei para ele, irritado.
— Não, minha mulher está magoada. Graças a você! — retruquei.
Antes que ele me respondesse…
— ITALIANOOO!!! — A pequena Maria veio correndo até ele.
— Ah, minha principessina — Enzo disse, a pegando no colo.
— Eu estava te esperando.
— Desculpe pela demora, amore mio. — Ele olhou para Aline, que havia entrado com a menina. — Onde está Elena?
— Ela não passou muito bem, e Maria não parava de perguntar de você, do pai, do avô.
Todos que estavam na sala, mesmo ocupados com alguma coisa, não puderam deixar de ouvir, nem de se abalar com aquilo. A pequena ainda não sabia do pai.
— Grazie, Aline, pode deixar que ficarei com ela agora.
Aline assentiu, e Evie apareceu, caminhando direto até mim.
— Consegui acalmá-la e convencê-la a falar com você. Falei para ela ficar no quarto, que levamos o almoço até lá.
Agradeci a Evie e fui até minha mulher. Assim que entrei no quarto, minha mulher estava deitada de costas para a porta. Deitei ao seu lado, coloquei meu braço em sua cintura e dei um beijo em seu pescoço.
Ela não disse nada, mas eu ouvia seu choro. E quando ela virou para mim, minha mulher desabou.
— Eu tô aqui, amor, não esqueça nunca disso.
Ficamos ali, agarrados um ao outro. Eu sei que faz tempo que os pais dela morreram e que ela já passou pelo luto. Mas conheço minha mulher o suficiente para saber o que aconteceu. Mesmo magoada, com raiva e desejando vingança pelos pais, ela apertou o gatilho. Alessa hoje matou alguém. E mesmo que seja um inimigo, uma vida é uma vida.
E na maioria das vezes, matar… não traz alívio.

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