Alexander
Quando fui informado de que pousaríamos, fui até o quarto avisar Evelyn. Ela estava largada na minha cama, a respiração tranquila e os lábios… aqueles lábios… levemente entreabertos. Minha vontade era acordá-la e tomá-la pra mim. Mas, se antes eu achava que ainda era cedo, Brandon ainda quente em sua memória, em seu corpo, agora, eu já nem sabia mais o que pensar.
Grávida?
Fiquei sentado, apenas a encarando, até que ela acordou e sentiu meus olhos fixos nela.
Nossa interação não foi das melhores. Eu, como sempre, prático demais, frio demais… difícil demonstrar emoções. Enquanto Evelyn... ela era o oposto. Era sentimento puro. Luz. Carinho. Amor.
Dei a ordem e saí.
Quando ela veio até mim para irmos ao hospital, esses sentimentos novos e conflitantes dentro de mim me impediram de dizer qualquer coisa. Na verdade, eu não disse nada.
Chegando lá, é claro que ela não deixaria barato.
— Doutor, esse senhor não é nada meu. Está aqui apenas como intérprete.
Ela teve essa audácia. Eu estava prestes a mostrar quem eu realmente era. Que não preciso de autorização para nada. O que eu quero, eu faço! Mas então ela completou:
— Se não sair, não me consulto. Vou embora e pego o primeiro voo de volta no aeroporto.
Ah, essa mulher...
Saí, mesmo contrariado. O tempo se arrastava, meu celular não parava de tocar. Claro que não, eu tinha um trabalho, problemas pra resolver. Mas ali estava eu, mais uma vez, preso a Evelyn.
Andava de um lado pro outro, e se continuasse, abriria um buraco no chão. A porta se abriu. Lá estava ela.
— E aí? — perguntei, direto, com a voz firme.
Ela olhou nos meus olhos. Pela primeira vez, não consegui ler alguém. E isso me inquietou.
— No hotel, conversamos.
Sem dizer mais nada, seguiu para fora do hospital.
Essa mulher tá brincando comigo?
A segui, furioso. Ela apertou o passo e já estava lá fora.
Sem se virar, disse apenas:
— Onde está o carro?
Segurei seu braço, fazendo com que me olhasse.
— Evelyn, o que o médico disse?
Mais uma vez, ela olhou nos meus olhos. Sem expressão alguma.
— Já disse. Conversaremos no hotel. Depois que eu tomar um banho, comer alguma coisa...
O carro parou ao nosso lado, o motorista que contratei já havia chegado. Ela foi até a maçaneta, mas fui mais rápido e abri a porta para que entrasse.
— Olha só, senhor Sterling... existe um cavaleiro em você.
O sarcasmo jogado em cada sílaba. Mas havia algo mais em seu tom. Foi ali que percebi: ela estava magoada.
Sem dizer mais nada, entrou no carro e se sentou do outro lado, mantendo a distância entre nós.
Tentei pegar sua mão, mas ela rapidamente a puxou, como se meu toque a queimasse. Não insisti. Fechei a cara e seguimos o caminho de volta ao hotel da mesma forma que fomos ao hospital: em silêncio.
Avisei Jackson que estávamos voltando e, assim que chegamos, ele já nos aguardava na recepção com a liberação para o nosso quarto.
— Evie, como está se sentindo? — Jackson perguntou.
Ela sorriu para ele antes de responder:
— Da mesma forma de quando fui. Ou seja, bem.
Se virou para mim... só que, pra mim, não teve sorriso.
— Quero ir para o quarto, por favor.
Assenti. Ela se despediu de Jackson, e fiz o mesmo. Mas, quando olhei para ele, sua expressão parecia dizer: “Cara, você tá ferrado!”
E, no fundo, eu sabia. Estava completamente ferrado.
Primeiro, porque ela estava visivelmente furiosa, magoada... e eu não fazia ideia do que dizer ou fazer pra mudar isso. E segundo... porque eu ainda não sabia se ela estava grávida ou não. E, se estivesse, não havia mais volta. Nada que eu pudesse fazer.
A questão era: o que fazer se ela estivesse?
Entramos no quarto. Ela foi direto mexer na mala sobre a cama e, em seguida, entrou no banheiro. Liguei para a recepção pedindo algo pra ela comer e também fui pegar uma roupa. Um banho me faria bem, principalmente porque meu braço havia voltado a latejar há algumas horas.
Ela ainda não tinha saído quando a comida chegou. Pedi para ajeitarem tudo na mesa e se retirarem. As funcionárias obedeceram rápido. Assim que a porta se fechou, a do banheiro se abriu.
E ela saiu...
Linda.
Cabelos soltos, ainda molhados... e com o mesmo pijama do dia em que me levou ao hospital. Aquilo me fez lembrar do maldito olhando pra ela, pra minha mulher, na minha frente.
— Quem era? — perguntou. Eu fiquei parado ali, apenas observando-a.
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