Evelyn
As palavras de Alexander ecoavam em minha mente:
— Você é minha, Evelyn. E nada do que foi dito naquele consultório vai mudar isso.
O tom de posse não me incomodou, o que me incomodou foi o fato de esse homem irritante, idiota e... lindo, achar que eu estava grávida.
Me afastei dele com certa relutância, porque meu corpo inteiro gritava por sua presença. Mas ainda não era a hora. Por mais fácil, por mais natural que fosse ceder aos seus beijos, ao seu toque... à sua voz grave dizendo "Minha", havia algo dentro de mim sussurrando: ainda não.
E esse algo trazia Brandon à tona a cada passo.
— Precisamos voltar ao hospital. Você precisa colocar o gesso de volta. Ainda não entendi... o que passou pela sua cabeça ao tirar ele?
Ele me puxou para mais perto, passando o nariz pelo meu pescoço, me causando arrepios da nuca até os pés.
— Você... — disse com a voz rouca. Deus... só a voz dele me derretia.
Me afastei o suficiente para encará-lo.
— Eu? — perguntei, confusa.
Ele riu.
— Sim. Te vi desmaiada e não suportei a ideia de outra pessoa te carregar.
Me soltei dos seus braços, ainda o encarando.
— O gesso já estava quebrado. Quando me irritei e bati na mesa, ele rachou. Ia cair de qualquer jeito.
Ele dizia isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. Mas pra mim... aquilo era demais.
Coloquei a mão na cintura e abaixei a cabeça, tentando conter a enxurrada de pensamentos, lembranças e emoções que me invadiram.
Brandon...
Sempre me usava como desculpa para justificar suas atitudes.
Uma cadeira jogada contra a parede:
“Foi por você ter me respondido.”
A mesa do café virada sobre mim:
“Se você não usasse essas roupas, se não sorrisse pra todo mundo...”
A mão quebrada:
“Se não tivesse deixado o Junior te ajudar, eu não teria esmurrado ele até quebrar...”
Era sempre minha culpa.
Brandon quebrava coisas, se machucava... e a culpa era minha.
Senti meu coração acelerar. Minha visão começou a ficar turva pelas lágrimas.
— Evie?! — ouvi Alexander me chamar.
— Desculpa... Eu...
Minha culpa. Alexander está assim por minha culpa.
Assim como Brandon.
Se ele não tivesse me levado aos Anderson, não teria machucado a mão.
Se não tivesse ido atrás de mim, não teria batido o carro.
Oh, Deus...
Se eu não tivesse desmaiado, ele ainda estaria com o gesso... e...
Me sentei no chão. As lágrimas começaram a escorrer, e eu não conseguia respirar.
Por que eu não consigo respirar?
Tentei encontrar os olhos de Alexander, que agora estava agachado à minha frente.
— Me desculpa... Eu não queria te machucar... Me desculpa...
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