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Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo romance Capítulo 30

Evelyn

As palavras de Alexander ecoavam em minha mente:

— Você é minha, Evelyn. E nada do que foi dito naquele consultório vai mudar isso.

O tom de posse não me incomodou, o que me incomodou foi o fato de esse homem irritante, idiota e... lindo, achar que eu estava grávida.

Me afastei dele com certa relutância, porque meu corpo inteiro gritava por sua presença. Mas ainda não era a hora. Por mais fácil, por mais natural que fosse ceder aos seus beijos, ao seu toque... à sua voz grave dizendo "Minha", havia algo dentro de mim sussurrando: ainda não.

E esse algo trazia Brandon à tona a cada passo.

— Precisamos voltar ao hospital. Você precisa colocar o gesso de volta. Ainda não entendi... o que passou pela sua cabeça ao tirar ele?

Ele me puxou para mais perto, passando o nariz pelo meu pescoço, me causando arrepios da nuca até os pés.

— Você... — disse com a voz rouca. Deus... só a voz dele me derretia.

Me afastei o suficiente para encará-lo.

— Eu? — perguntei, confusa.

Ele riu.

— Sim. Te vi desmaiada e não suportei a ideia de outra pessoa te carregar.

Me soltei dos seus braços, ainda o encarando.

— O gesso já estava quebrado. Quando me irritei e bati na mesa, ele rachou. Ia cair de qualquer jeito.

Ele dizia isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. Mas pra mim... aquilo era demais.

Coloquei a mão na cintura e abaixei a cabeça, tentando conter a enxurrada de pensamentos, lembranças e emoções que me invadiram.

Brandon...

Sempre me usava como desculpa para justificar suas atitudes.

Uma cadeira jogada contra a parede:

“Foi por você ter me respondido.”

A mesa do café virada sobre mim:

“Se você não usasse essas roupas, se não sorrisse pra todo mundo...”

A mão quebrada:

“Se não tivesse deixado o Junior te ajudar, eu não teria esmurrado ele até quebrar...”

Era sempre minha culpa.

Brandon quebrava coisas, se machucava... e a culpa era minha.

Senti meu coração acelerar. Minha visão começou a ficar turva pelas lágrimas.

— Evie?! — ouvi Alexander me chamar.

— Desculpa... Eu...

Minha culpa. Alexander está assim por minha culpa.

Assim como Brandon.

Se ele não tivesse me levado aos Anderson, não teria machucado a mão.

Se não tivesse ido atrás de mim, não teria batido o carro.

Oh, Deus...

Se eu não tivesse desmaiado, ele ainda estaria com o gesso... e...

Me sentei no chão. As lágrimas começaram a escorrer, e eu não conseguia respirar.

Por que eu não consigo respirar?

Tentei encontrar os olhos de Alexander, que agora estava agachado à minha frente.

— Me desculpa... Eu não queria te machucar... Me desculpa...

— Depois que perdi meus pais, Brandon se tornou meu mundo. Era ele quem estava ali, sabe?

Senti o corpo de Alexander enrijecer conforme falava.

— Vê-lo se afastar dessa forma nos últimos meses mexeu demais comigo. Mas eu o amava tanto, tanto, que não consegui desistir.

As lágrimas voltaram, junto com a dor de confessar tudo isso.

— Na semana em que ele morreu... ele sonhou com a Rachel.

Alexander tirou os braços de mim assim que ouviu o nome.

— Ele sempre sonhava com ela. Acordava dizendo, ou melhor, gritando o nome dela.

Um nó se formou na minha garganta.

— Mas toda vez que eu perguntava sobre ela, ou sobre o exército, ou qualquer coisa de antes de mim...

Me sentei para encará-lo. A máscara já estava estampada no rosto de Alexander. Eu sabia o risco que era ter essa conversa, mas... depois do que aconteceu há minutos, eu precisava disso.

— Brandon dizia que... “isso não é da sua conta”, ou “você nunca entenderia” ... e a clássica: “Deixa de ser intrometida.”

Alexander se mantinha calado, mas não desviava os olhos dos meus.

— Hoje faz um mês que Brandon morreu. E... um mês que te conheci. E faz exatamente um mês que percebi... que talvez o que eu tinha com ele não era amor. E que, por mais que doa, talvez eu não o conhecesse como pensei.

Abaixei a cabeça e deixei as lágrimas escorrerem livremente. Nunca me abri assim com ninguém. Nem mesmo com Brandon, porque tinha medo de que, se ele me visse quebrada, me abandonasse. E talvez tenha sido um erro fazer isso com Alexander, porque... nada o impede de fazer o mesmo.

Mas então senti seus dedos em meu queixo. Seu toque era suave, mas ainda tinha aquela firmeza Alexander de ser. Levantei o rosto e encarei aqueles olhos... que me lembravam jabuticabas.

— E hoje faz um mês que conheci a única mulher que me fez sentir alguma coisa.

As palavras morreram em minha boca.

Comecei a piscar, tentando segurar as lágrimas.

Alexander desceu os lábios até os meus, me deu um selinho, mas manteve o rosto colado ao meu e disse:

— Feliz um mês.

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