Alexander
Foram segundos. Exatos segundos entre ela, frustrada por eu ter tirado o gesso, e depois, quebrada em meu colo por algo que eu disse. Não sou especialista, mas nem preciso ser para ver o trauma estampado nela. Uma simples palavra pode se tornar um gatilho.
Evelyn oscila muito entre estar bem, estar mal... e indiferente a tudo. E, de verdade, isso está começando a me preocupar.
Quando ela disse que não estava grávida, meu coração se alegrou. Era egoísta da minha parte, eu sei. Mas, se fosse para ela ter filhos... que fossem os meus. E não os dele.
Mas foi quando começou a desabafar... A menção de Rachel e de como realmente se sentia... Eu não achei que aguentaria ouvi-la até o fim. Mesmo sabendo que ela precisava, eu queria correr dali. Não sou bom com essas coisas. Por um instante, tive medo de dizer alguma besteira e, no final, quebrá-la ainda mais do que já estava.
Permaneci calado o tempo todo, até que...
— Hoje faz um mês que Brandon morreu. E... um mês que te conheci...
Algo se acendeu dentro de mim quando ela confessou que talvez nunca tivesse amado Brandon. Foi como se a esperança que eu tinha sobre nós fosse renovada. Não que eu desistisse dela, caso ainda o amasse, jamais! Mas ouvir aquilo, daquela forma... teve um gosto doce.
— Feliz um mês.
Disse a ela, e um sorriso brincou em seus lábios.
Nosso momento foi interrompido por batidas na porta. Me levantei, e quando a abri, vi Jackson acompanhado de Abigail. Fiz sinal para que entrassem.
— Evie, como está se sentindo? — Abigail perguntou, se aproximando da cama.
Deixei que conversassem e chamei Jackson para me acompanhar até a sacada.
— Seus remédios, chefe. E a tipoia.
Agradeci, joguei três comprimidos na boca e encaixei a tipoia no braço.
— E aí? Descobriu? — Jackson perguntou, encostado à sacada.
— Ela não está grávida. Se era isso que queria saber. — Respondi, com o tom sério, me encostando ao lado dele.
— Mas isso não diminui minha preocupação.
Jackson me olhou atentamente.
— Evie está machucada. E precisa de ajuda... mais do que está disposta a admitir.
Ele assentiu, e disse:
— Um mês, cara. Só faz um mês. Confesso que me preocupei com essa coisa entre vocês.
— Eu gosto dela, Jack. — Olhei para dentro do quarto, onde ela conversava com a amiga. Nossos olhos se encontraram.
— Nunca pensei em sentir algo assim por ninguém.
Voltei a encará-lo. Jackson sorriu e colocou a mão no meu ombro.
— Parece que nosso Ceifador tem um coração, hein?
Lancei um olhar sério, e ele levantou as mãos em rendição. Conversamos mais alguns minutos. Ele me atualizou sobre Chen e comentou sobre Benjamin e Emily. Decidi deixar que ela seguisse viagem com a gente. Seria bom para Evelyn.
Depois que ele e Abigail saíram, voltei para ela que agora estava com um sorriso de orelha a orelha. Me joguei na cama ao seu lado.
— Vai me dizer o motivo desse sorriso?
Ela estreitou os olhos para mim.
— Não sabia que era tão curioso assim, senhor Sterling.
Respondeu de forma provocativa. Sem aviso, deitei por cima dela, e ela colocou as duas mãos no meu peito.
— Alex, seu braço! — O tom provocativo deu lugar à preocupação.
— Não sou curioso. Só gosto de estar sempre bem informado.
Ela gargalhou, e eu sorri ao vê-la daquele jeito.
— Claro... “bem informado”. — Revirou os olhos, mas acabou me contando.
Parece que Abigail está interessada em Jackson, e Evie, é claro, adorou a ideia de juntá-los.
— Caleb deixa o envelope na minha mesa e sai. Temos cerca de uma hora de filmagem depois disso... A sala vazia. Até que...
Olhei para as imagens na tela à minha frente. Ela escureceu.
— Alguém desliga o sistema, entra na minha sala e, só depois disso, as filmagens retornam.
— Que porra é essa, Benjamin?! — perguntei, irritado.
— Cara, eu juro. Quero pegar esse maldito tanto quanto você. Já falei com Diego e conversei com Caleb também, mas ainda não tenho nada concreto.
Uma fúria me tomou. Odiava essa sensação de impotência. Odiava ainda mais ser traído. De novo.
— Chegamos. — Disse Jackson, chamando minha atenção.
Ajeitamos as armas e saímos do carro. Benjamin me entregou a maleta, enquanto Jackson ajustava nossos comunicadores. Fechei os olhos por um instante. Sempre antes de um serviço, eu tinha o costume de fazer uma prece a Deus, pedindo proteção para mim e para minha equipe.
Mas hoje foi diferente.
Porque ela surgiu na minha mente.
Linda.
Com um sorriso brincando naqueles lábios avermelhados.
"Deus, me proteja... e me permita voltar para ela."
Abri os olhos, me ajeitei e olhei para Jackson.
— Snipers?
— Prontos — respondeu ele.
Conferi minha arma mais uma vez. Olhei para os dois e, com um sorriso nos lábios, disse:
— Hora de ceifar.

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