Alexander
Com Jackson e Benjamin ao meu lado, seguimos para o encontro com Chen. Essa operação é uma das maiores de que já participei. No começo, não queria me envolver. O dinheiro era bom, mas não era isso que me atraía... Dinheiro, eu tenho.
O que realmente chamou minha atenção e me fez aceitar, foi descobrir que alguns caras que estou caçando há anos estão envolvidos. Trabalho para governos, especialmente o do meu país, mas, de vez em quando... é sempre bom fazer novos aliados.
— Chen disse que iremos para o último andar — Jackson chamou minha atenção.
— Não gosto de mudanças. Combinamos céu aberto.
Minha voz era firme. Assim como minha postura.
Tinha tirado a tipoia, e os curativos no rosto estavam quase imperceptíveis. Essas pessoas me queriam morto. Souberam do meu acidente... e desejaram isso. Mas, para a infelicidade deles, eu estava aqui e melhor do que nunca.
Eles me temem. E eu... gosto disso.
A primeira pessoa que matei foi aos catorze anos: meu padrasto. Foi legítima defesa. Robert, o pai de Brandon, quem me defendeu. Mas, daquele dia em diante, algo nasceu dentro de mim. E foi isso que me trouxe até aqui.
— Chefe — disse Chen assim que se aproximou.
— Eu disse que não queria nada no escuro.
Mantive minha postura e o tom duro.
— Não está, chefe. Mudamos o local, mas mantivemos o acesso.
Ele me entregou um tablet, que passei imediatamente a Benjamin. Gosto disso nos meus homens: não preciso dizer muito, eles me entendem. E o melhor... fazem exatamente do jeito que eu gosto.
Continuamos andando, enquanto Chen me atualizava:
— Descobrimos homens em Berlim, Paris, Barcelona e...
Ele parou de falar. Olhei para ele, mas já sabia o que viria a seguir.
— E em Houston. Descobrimos que a operação começou lá. Agora, a maior concentração está em Boston Concluiu.
— Já imaginava.
Minhas palavras foram curtas e objetivas. Vi quando os três pareceram surpresos quando, na verdade, eu é que deveria estar.
— Vocês me subestimam. Estou nesse ramo há anos. A Sterling Enterprises é a maior agência de segurança do mundo. Acham mesmo que não seria lá que essa merda toda começaria?
Bufei para eles.
— Mas vamos deixar isso para depois. Agora meu foco é saber o que esse maldito sabe.
Chen assentiu, e entramos no prédio. O lugar estava vazio, como eu gostava: sem testemunhas.
Chegamos ao último andar. Era um lugar abandonado, plásticos jogados, baldes de tinta e, claro, muita poeira.
E, olhando pela janela, estava o nosso informante.
— Problemas com o sol?
A figura de capuz, que cobria quase todo o rosto, se virou e foi aí que percebi que não era “o” informante... e sim a informante.
— Meu problema era com seus snipers, que podiam esbarrar o dedo no gatilho ela disse, fazendo aspas com os dedos.
— “Sem querer.”
Se dirigiu a uma cadeira abandonada e se sentou.
— Então você é o informante. Pensei que fosse um homem.
Ela riu.
— Culpe minha mãe por me dar um nome masculino. Jordan.
— Bem, Jordan... — puxei uma cadeira e me sentei à sua frente.
— Fale.
— Preciso voltar para Houston. A pessoa que procuro está lá.
Me encostei de volta na cadeira.
— Meus homens poderiam ter feito isso por você. Isso ainda não responde à minha pergunta.
Ela também se recostou, e logo em seguida, tirou o capuz.
Assim como eu, os caras ao meu lado ficaram paralisados.
Ela era bonita. Seus olhos, negros como duas ônix, me lembravam alguém. Mas não foi a beleza que nos cativou. O que chamou nossa atenção foi a cicatriz em um lado do rosto, uma queimadura que deixou quase metade de seu rosto deformado.
— Fui tirada da minha família ainda criança. Não me lembro deles. Mas o homem que fez isso. — ela apontou para o rosto.
— Sabe onde minha mãe e meu irmão estão. Então... — suspirou.
— Preciso da sua ajuda. Não tenho passaporte, identidade... aquele cretino levou tudo.
Olhei para Jackson, que ainda estava preso na menina. Algo nela era familiar. E ele também viu.
— Isso é tudo? Uma viagem para Houston? — perguntei firme.
— Não.
Eu já sabia. Sentia que vinha mais.
— Preciso de dinheiro para me manter até encontrar esse cretino. Ou talvez... um emprego. Vai ver que sou muito boa no que faço, senhor Sterling — ela apontou para os documentos nas mãos de Benjamin.
— Posso providenciar isso. Mas antes de irmos, mais uma coisa — me aproximei dela.
— Me diga o nome do maldito que fez isso com você.
Ela olhou direto nos meus olhos.
— Brandon Anderson.

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