Evelyn
Assim que Alexander saiu, senti um vazio. Era estranho... Brandon vivia viajando, e eu nunca me sentira assim. Mas agora havia algo dentro de mim, uma sensação oca, como se algo estivesse fora do lugar. Quis ligar para ele, mas não queria parecer aquela namorada louca que não deixa o cara nem trabalhar.
Namorada?
Não... Ainda é cedo.
Amigos, então? Talvez.
Amigos se conhecendo... é quem sabe?
Afastei esses pensamentos e chamei as meninas para irmos ao salão. Uma mudança no visual talvez caísse bem.
Assim que chegamos, a moça da recepção informou que não havia horário para as três, mas que poderíamos agendar para o dia seguinte. Só que não teríamos esse tempo, amanhã já estaríamos voando de volta pra casa.
A recepcionista era simpática e nos indicou alguns lugares para visitar. Decidimos ir ao Kaufhaus des Westens, um centro de compras que, segundo ela, era praticamente um ponto turístico. Talvez eu possa comprar algo para surpreender Alex, o pensamento fez meu rosto esquentar, lembrando do nosso momento no avião. O pensamento me trouxe de volta ao presente, e decidi avisá-lo onde estava, mas meu celular deu problema... Provavelmente por estar em outro país.
Chamamos um carro e fomos até parte do caminho, o restante seguimos a pé. Eu queria aproveitar tudo. Não sabia quando teria outra oportunidade como aquela.
Conversávamos distraídas quando percebi três homens que pareciam estar próximos demais desde que descemos do carro.
Filha de policial e noiva de um agente de segurança... A gente aprende algumas coisas.
Chamei as meninas para entrarmos em uma loja de cosméticos, uma das mais movimentadas do lugar. E enorme.
— Seu telefone voltou? — Perguntei para a Emy.
— Não. E o de vocês? — Fiz que não, e Abby também.
— Tô com fome... Dizem que a gastronomia daqui é incrível. Fica no último piso.
Gostei da ideia de Emily, e estávamos indo para lá, até que... vi os homens de novo.
Até aquele momento, achei que era só paranoia. Aquele medo que Brandon sempre deixava pairando. Mas quando foquei no rosto de um deles e ele olhou direto pra mim, percebi:
Não era coincidência. E não era coisa da minha cabeça.
Estávamos mesmo sendo seguidas.
— Certo, meninas, não surtem... E disfarcem. — As duas me olharam, confusas.
— Desde que descemos do carro, percebi três homens nos seguindo. E neste exato momento, eles estão rompendo a multidão... vindo direto na nossa direção.
Abigail grudou no meu braço.
— Tem certeza? — vi o medo nos olhos dela.
— Infelizmente, sim. Precisamos nos misturar na multidão — disse, já puxando as duas para continuarmos andando.
Nos últimos meses, Brandon tinha ficado muito mais paranoico, espalhando armas pela casa, me proibindo de sair sozinha, e mesmo quando íamos juntos ao mercado, ele pedia para eu ficar sempre atenta.
No começo, achei que era trauma de guerra.
Mas depois da invasão na minha casa... e agora isso...
Talvez ele não fosse tão paranoico assim.
— Meninas, ali! — apontei para a ala onde ficavam os banheiros.
Fiquei parada na porta e vi que um dos homens estava do lado de fora, encostado na parede, com um dos pés apoiado nela.
— Olha, tem um aí fora. Eu vou sair, e com certeza ele vai atrás de mim.
— Como sabe? — Emily me interrompeu.
— Eu só sei. Vou fazer com que eles me sigam. Vou despistá-los. Vocês tentem uma forma de avisar o Alexander... ou o Benjamin...
— Evie, não vamos nos separar! Podemos ir até a polícia! — Abby disse, preocupada.
— Abby, estamos em um país estrangeiro. Mesmo que consigamos falar com um segurança, nem sequer falamos a língua deles.
— Então ficamos aqui dentro até alguém nos achar! — Emily disse, séria.
— E como eles vão saber? Nossos telefones não funcionam. E em algum momento esse lugar vai fechar...
As duas se entreolharam. Sabiam que eu tinha razão.
— Vou sair. Tentem falar com o Alexander. Mesmo que pra isso precisem voltar para o hotel. Saiam assim que perceberem que ele foi atrás de mim.
Elas assentiram.
Abby me deu um abraço apertado.
Emily segurou minhas mãos e sussurrou:
— Tenha cuidado.
Alexander perguntou, me encarando pelo retrovisor. Cruzei os braços para esconder o machucado, virei para a janela e respondi:
— Nada.
Sentia seus olhos ainda em mim, mas ele não me pressionou.
Quando chegamos ao hotel, Emily e Abigail estavam com Benjamin… e uma garota?
— Evie!
Abby correu até mim e me abraçou com força.
— Graças a Deus — sussurrou, ainda apertando os braços ao meu redor.
— Subam e arrumem suas coisas. Viajamos em uma hora — disse Alexander, em um tom grave e autoritário.
Todos assentiram, mas a garota ficou parada, me encarando. Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ela se virou e seguiu com os outros. Olhei para Alex, que ainda se recusava a me olhar ou falar comigo.
Segui na frente e senti quando ele começou a me seguir. Assim que entrei no nosso quarto, fui direto ao banheiro pegar minhas coisas. Quando voltei, ele estava sentado na beirada da cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça entre as mãos.
Peguei a mala e a coloquei na cama, ao lado dele.
— Não tem nada pra me dizer?
Ele perguntou. Neguei com a cabeça e continuei arrumando as coisas.
— É sério? — disse, levantando-se da cama, mas eu continuei focada na mala. Focada em não entrar em mais uma discussão.
— Evelyn! — gritou, me fazendo pular de susto.
Senti meu coração disparar, meus olhos marejarem, meu corpo inteiro começar a tremer. Malditas lembranças que me faziam oscilar.
Dei as costas e fui direto para o banheiro, trancando a porta. Sentei-me no chão e comecei a puxar o ar, lutando para respirar.
As lágrimas agora corriam livres.
Brandon tomou conta dos meus pensamentos.
Toda vez que eu me sentia forte o suficiente para enfrentá-lo… bastava um grito, e ele me desarmava.
Assim como Alexander acabou de fazer.
Basta sempre… só um grito.

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