Alexander
Eu estava errado. Completamente errado.
Não nasci para relacionamentos. Não sei como agir, nem o que dizer. As coisas com Evelyn desandaram de vez. Ela me confrontou... Me forçou a falar da minha irmã.
“Minha Rachel...”
Esse foi o ponto final.
Quando o avião pousou, descemos em silêncio. Evelyn ainda chorava, e todos ao redor estavam tensos.
— Chefe, precisa de mim agora? — perguntou Jackson.
Neguei com a cabeça.
— Estão dispensados por hoje. Nos encontramos amanhã no escritório. — Olhei para Jordan. — Você vem comigo.
Evelyn se despediu de Abigail. Jackson a levaria de volta para Boerne. Caminhamos em direção ao meu carro. Evelyn, sem emoção alguma, disse a Jordan que ela podia ir no banco da frente. Entrou no banco de trás e não disse mais uma palavra.
O caminho até minha cobertura foi lento. Tortuoso. Eu evitava olhar no retrovisor... Não queria encontrar aquelas duas avelãs me encarando. Mesmo que fosse exatamente o que eu mais desejava.
Assim que o elevador se abriu, Amélia veio nos receber com aquele sorriso caloroso de sempre.
— Como foi a viagem? E quem é essa?
— Essa é Jordan.
Antes que eu dissesse qualquer outra coisa, Evelyn pediu licença e seguiu direto para o quarto. Nosso quarto.
Agora voltou a ser só meu.
Não existe mais um “nós”.
Na verdade, acho que nunca existiu.
Voltei a me concentrar em Amélia.
— Amélia, a Jordan vai passar um tempo aqui. Arrume um quarto para ela. Preciso que fale com a Emily e peça para cuidar da parte de roupas, calçados, tudo que ela precisar.
Jordan me lançou um olhar desesperado.
— Ah, por favor, Sterling. Não me faz aguentar a Emily dizendo o que vestir. Cara, ela vai me obrigar a usar saia e salto!
Soltei um sorriso. Um dos poucos do dia.
E percebi o olhar saudoso de Amélia para Jordan.
— Você não parece do tipo que se intimida fácil. Se imponha. Quero esse problema resolvido.
Amélia puxou a menina pelo braço e a conduziu pelo corredor. Jordan ficou tensa, pelo visto, não era o tipo de atenção que estava acostumada a receber.
Fui até o aparador, enchi um copo com o líquido âmbar e virei de uma vez. O whisky queimou minha garganta, mas não foi o suficiente para calar minha mente.
— Vamos lá, Alex... Você consegue.
Murmurei para mim mesmo. E então fui ao meu quarto.
Onde Evelyn estava.
Assim que entrei, percebi que Evelyn estava no banheiro. Tirei a camisa e a joguei sobre a poltrona. O ferimento começava a latejar.
Merda...
Não preciso de mais problemas.
Ela saiu do banheiro no exato momento em que eu mexia no curativo.
— Sente-se na cama. Não fizemos mais os curativos. Pode abrir... ou pior, infeccionar.
Obedeci em silêncio, enquanto ela pegava o kit.
Cuidou de mim como vinha fazendo nos últimos dias. Com a mesma delicadeza. Mas sem dizer uma única palavra.
E eu também não disse.
— Obrigado.
Minha voz saiu firme, mas por dentro... eu era caos.
Ela apenas assentiu e seguiu para o closet.
Apoiei os cotovelos nos joelhos e fiquei ali, observando-a.
As lágrimas ainda escorriam por seu rosto, e uma parte de mim queria segurá-la, apagar aquela dor.
Mas não estava pronto para encarar o passado.
E era exatamente isso que ela buscava.
Ela queria respostas.
Sobre Rachel. Sobre Brandon.
Queria entender quem ele era, quem eu sou.
Mas eu não conseguia. Nem mesmo sabia por onde começar.
Me levantei e fui até o criado-mudo. Peguei o caderno dela que ainda estava ali, e uma caneta.
Anotei um número.
— Você esqueceu isso da última vez que foi embora.
Ela pegou o caderno em silêncio e o guardou na bolsa.
— Esse é o telefone da Naomi. Ela é terapeuta.
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