Alexander
Os paramédicos chegaram, e Evelyn ainda estava desacordada. Eles a colocaram na maca e correram com ela até a ambulância. O médico sugeriu que eu fosse junto, como se eu aceitasse algo diferente.
No caminho até o hospital, acariciava seu rosto, agora pálido e levemente gelado. O vestido dela estava encharcado de sangue, e o médico tentava estancar o ferimento, pressionando com força.
Quando chegamos, a levaram imediatamente para dentro. Não me deixaram acompanhá-la. Eu sabia que era protocolo, mas isso não tornava a espera menos insuportável.
Olhei para minhas mãos, ainda sujas com o sangue dela. Me lembrei de uma conversa que tivemos, quando disse a ela que eu não me importava com sangue. Talvez isso tenha mudado.
Vi muita gente morrer na guerra. Perdi parceiros, amigos... Mas vê-la assim, baleada, indefesa, foi diferente. Eu não estava preparado para isso, e muito menos... para perdê-la.
A morte sempre esteve presente na minha vida, não apenas pelo meu trabalho, mas pelas pessoas que já se foram: minha mãe, minhas irmãs...
— Onde ela está?
Jordan chegou ofegante, se aproximando apressada.
— A levaram, mas ainda não tenho notícias. — respondi.
— Você tá machucado?
Ela apontou para minhas mãos.
— Não. É o sangue dela.
Vi a tensão tomar conta de Jordan. Ela criou laços com Evelyn. Talvez o fato de ambas não terem família, de se sentirem sozinhas... isso as aproximou.
— Chefe.
Jackson me tirou dos devaneios.
— Morales me ligou. Mandaram outro detetive pra galeria, um novato. E parece que o cara tá dando trabalho pro Benjamin.
— Então mostre ao novato o que acontece com quem cruza meu caminho.
— O que me sugere?
— Ligue para o prefeito. E mande ele colocar a coleira nos cães que ainda não foram adestrados.
Jackson entendeu bem o recado. Assentiu e saiu.
As horas passaram sem notícias. A impaciência corroía cada segundo. Jordan não saiu do hospital. Ficou ali comigo, em silêncio, esperando.
A porta se abriu e, de lá, saiu um homem de uniforme azul, touca e máscara. Aparentemente, era o médico.
— Senhor Sterling — disse ao se aproximar. A voz era grave, controlada. — Sou o Doutor Brown, responsável pela senhorita Parker.
Por um instante, fiquei paralisado. O medo de ouvir o que eu não estava pronto para escutar me travou. Mas o doutor foi direto ao ponto.
— A situação era grave. Tivemos que levá-la imediatamente ao centro cirúrgico. A bala atingiu o quadrante inferior esquerdo do abdômen, uma região delicada. Ela perdeu muito sangue, e a pressão estava instável. Fizemos a cirurgia para estancar a hemorragia e reparar os danos internos. Foi um procedimento complexo, mas correu tudo bem.
— Puta merda, doutor, podia ter começado por essa parte — Jordan interrompeu.
Lancei um olhar sério para ela, embora, no fundo, eu tivesse pensado a mesma coisa.
— Peço desculpas por isso — o médico respondeu, com um leve sorriso. Apesar disso, dava para notar o cansaço em seu semblante. A cirurgia não foi fácil, mas minha garota estava viva.
— Posso vê-la? — perguntei com esperança.
— Infelizmente, não.
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