Alexander
Tive noites ruins. Desconfortáveis. No exército, em missões, até mesmo na infância, quando fugia do meu padrasto. Mas nada, absolutamente nada... se comparava a essa noite.
Não consegui ir para o meu quarto. Não era apenas pela ausência dela. Era o fato de ela estar no hospital. Baleada. E eu não ter conseguido impedir.
Era o vazio dos meus braços, acostumados ao peso do seu corpo, à respiração tranquila e às mãos adormecidas sobre meu peito.
Acordei no sofá. Pedi para Amélia pegar uma roupa no meu quarto, precisava de um banho, e usaria um dos quartos de hóspedes.
Não entraria naquele quarto sem ela.
Talvez fosse extremo, mas era o que eu podia fazer por agora.
— Bom dia. Já está indo para o hospital? — Jordan se aproximou.
— Vou passar na empresa primeiro. Preciso resolver algumas coisas.
— Posso ir com você?
Assenti. Descemos juntos até o carro. Mas antes que eu chegasse até ele, meu celular tocou. Atendi.
— Jackson.
— Chefe, os Anderson souberam da Evelyn... pela Abby.
— E como ela ficou sabendo? — meu tom já estava ficando grave. — E pior: por que contar a eles?
— Bem… a Emy soube, contou pra Abby. — o ouvi suspirar.
— E parece que a Susan tentou ligar pra Evie. Como não teve resposta, procurou a Abby.
Encostei no carro, pensando.
Os Anderson ainda não sabem sobre mim e Evelyn. E vão querer saber tudo, quem atirou, o porquê. Robert é esperto. Vai farejar cada detalhe. E se eu não der, ele vai descobrir por conta própria.
Ainda não tenho todas as informações que preciso sobre Brandon. A presença deles pode atrapalhar, mesmo sem querer.
— Chefe?
Jackson me tirou dos pensamentos.
— Deixe que venham. Evelyn ainda está na UTI, não conseguirão vê-la. Até o caminho do hospital, penso em algo.
— Entendido.
— E Jackson... cuidado com o Robert. Ele entende as coisas. Mas ainda não é hora de saber quem o filho realmente era.
Jackson assentiu, e desligamos.
Entrei no carro. Jordan também.
— Anderson… são os pais do Brandon? — ela perguntou, se ajeitando no banco.
— Sim. O pai, Robert, é advogado. Ele capta tudo no ar. Foi com ele que aprendi a ler pessoas, a saber o momento certo de agir, o que dizer. Quando atuava, era um dos melhores do país.
Tirei o carro da garagem e seguimos para a empresa.
— Do que exatamente você tem medo? Deixe que eles descubram quem aquele maldito era.
Olhei para ela, com um sorriso discreto.
— Ainda não, garota. Precisamos de provas concretas. Confio nos Anderson. Sei que eles não faziam ideia do que Brandon fazia.
Suspirei.
— E mesmo que odiemos Brandon, eles ainda são os pais dele. Ainda choram a morte do filho.
Olhei novamente para ela.
— Precisamos saber a hora de agir… e a hora de esperar. Se formos impulsivos, podemos comprometer toda a operação.
Ela se calou. Mas eu sabia que a mente dela não parava.
Jordan odiava Brandon. Mesmo morto, ela ainda queria vingança. Nem que fosse manchando a imagem dele.
— Jordan — chamei, sem tirar os olhos da estrada.
Ela respondeu com um “hã”.
— Entendo sua dor. E já disse que vou te ajudar. Mas não deixe que essa raiva nuble seus julgamentos.
Agora olhei diretamente para ela.
— Você é inteligente. Eu vejo seu potencial. E não vou permitir que Brandon, mesmo morto, ainda conduza sua vida.
Ela desviou os olhos, virando-se para a janela.
Deixei que ficasse em silêncio, digerindo minhas palavras. Fui sincero em cada uma delas.
Chegamos à empresa. Jordan havia se tornado minha sombra. Por mais que isso me irritasse às vezes, eu tolerava.
Sabia que era reflexo da ausência da Evelyn.
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