Alexander
Depois da declaração de Evelyn, tudo o que eu menos queria era sair. Principalmente para voltar aos problemas que me aguardavam na empresa. Mas, por mais que eu a amasse, não podia simplesmente abandonar meu trabalho e as responsabilidades que me esperavam lá.
Jackson e Benjamin já haviam escolhido os novos recrutas, e eu precisava iniciar os treinamentos. Jordan vinha se mostrando uma adição de ouro à equipe. Esperta, sagaz, certeira em praticamente tudo o que lhe era proposto. Ela e Jackson estavam cada vez mais próximos, e eu não sabia exatamente por que isso me incomodava. Cheguei a comentar com ele sobre qual seria, de fato, a relação entre os dois, e isso o irritou. Ele me perguntou o que exatamente eu estava insinuando.
Deixei pra lá. Por enquanto…
Eu estava prestes a entrar em uma reunião com um cliente da Espanha quando meu celular vibrou. Era uma mensagem da Evie, avisando que sairia por alguns minutos com Lucas, ela iria até uma papelaria. Assim que li, liguei para ela, o telefone tocou até cair na caixa postal.
Pedi para Benjamin iniciar a reunião sem mim e voltei para minha sala. Liguei uma, duas, três vezes, todas caíram direto na caixa postal.
Decidi ligar para Lucas, que atendeu no primeiro toque. Ele me disse que Evelyn estava na papelaria, e Amélia, na floricultura.
Algo se agitou dentro de mim. O pessoal de Brandon ainda a queria, e suas crises estavam cada vez piores.
Avisei a todos que precisava sair. Claro que os caras, e o cliente, não gostaram nada. Mas Evelyn sempre vem em primeiro lugar. Quando cheguei ao endereço que Lucas me passou, a vi junto de Amélia e... Thomas. Um alerta se acendeu assim que percebi a maneira como ele a olhava. Estava tão distraído, encantado com a minha mulher, que nem notou minha aproximação.
Nunca tive problemas com ele. Pelo contrário, sempre o respeitei e admirei, mesmo ele tendo depositado a fé na pessoa errada.
Mas não gostei do jeito como a olhou, como falou com ela... e, principalmente, da empolgação ao dizer que queria "passar um tempo com ela".
Segurei firme na mão de Evelyn e a conduzi até o carro. Não disse uma palavra durante o trajeto, e ela... só suspirava. Ela percebeu o quanto aquilo me afetou. Se antes não conseguia me decifrar, agora, eu era um livro aberto.
Entramos no carro ainda em silêncio. Ela segurava a sacola com força, como se aquilo pudesse conter toda a tensão que sentia. Mas não falei nada. Sabia que, no instante em que qualquer palavra saísse da minha boca, a discussão seria inevitável.
Chegamos em casa. Lucas e Amélia já estavam lá.
— Alex, vai ficar para o almoço? — Amélia perguntou.
— Sim — respondi seco.
Ela apenas assentiu e se retirou. Caminhei até o aparador, servi uma bebida, e, quando me virei, Evelyn já havia ido para o quarto. Virei o copo em um único gole. O líquido âmbar queimou minha garganta enquanto descia. Respirei fundo e fui atrás dela.
Assim que entrei, ela estava sentada na poltrona, organizando algumas folhas no caderno. Soltei a gravata, desabotoei alguns botões da camisa e fui até o banheiro. Liguei a torneira e comecei a jogar água no rosto. A imagem dos olhos de Thomas sobre Evelyn invadiu minha mente novamente, e meus dedos se apertaram com força contra a borda da pia.
— O que foi aquilo?
A voz dela ecoou pelo banheiro. Levantei a cabeça e encontrei seu olhar através do espelho. Me virei, encostei na pia e cruzei os braços.
— Aquilo o quê? — devolvi com outra pergunta, num tom indiferente, fingindo que nada daquilo me afetava.
Ela apenas me encarou por alguns segundos antes de dar as costas e voltar para o quarto. A segui. Evelyn pegou o celular, sentou-se na poltrona e começou a digitar.
— Com quem está falando? — perguntei num tom firme, exigindo uma resposta.
— Vai começar a controlar com quem eu converso agora? — retrucou, sem nem levantar os olhos.
— Controlar, não. Mas exijo saber.
Dessa vez, ganhei sua atenção. Ela levantou a cabeça, deixou o celular de lado e me encarou.
— Exige?
— Sim — rebati, sem desviar o olhar.
Ela se levantou e veio até mim. Parou bem à minha frente e cruzou os braços.
— Me diz que isso tudo não é ciúmes do Tom. Porque, sinceramente, Alexander, estou torcendo para que não seja.
— Ciúmes? Eu, Alexander Sterling, com ciúmes? — Ironizei.
Ela se virou, pegou o celular de volta e começou a digitar outra vez.
— Bom, então se não é ciúmes, você não vai se importar se eu aceitar o convite dele pra almoçar.
Jogou o celular sobre a cama e seguiu para o closet. Fui atrás.
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