Alexander
Meu dia hoje foi do céu ao inferno, e não só uma vez. Victória, a fuga da Evelyn, o ataque… e agora, nossa discussão.
Parece que os momentos bons que tivemos ontem e hoje foram completamente apagados.
Queria ter ficado com ela, tentando descobrir qual foi o gatilho dessa vez.
Mas não pude. Hoje, ela teria que lidar sozinha.
E isso estava me dilacerando por dentro.
Cheguei à empresa e fui direto para a área de interrogatório, onde todos já me aguardavam.
Assim que entrei, todos se viraram, apreensivos.
Fui até a mesa e encostei nela.
— Comecem — ordenei no meu tom habitual.
Aqui, eu não podia demonstrar vulnerabilidade, muito menos deixar que meus problemas com Evelyn afetassem meu trabalho.
E meu trabalho envolvia, acima de tudo, a segurança dela.
— Consegui amenizar a situação no parque. Vocês fizeram um estrago, agindo em público daquela maneira — disse Morales.
— Queria que eu tivesse deixado eles levarem a minha mulher? Que me matassem? — respondi, com a voz seca e implacável.
— Claro que não, Sterling. Não foi isso que…
Levantei a mão, interrompendo-o.
— Continue, sem enrolação, Morales.
— Bem… resolvemos uma parte. A presença do capitão Mitchell ajudou bastante. O problema é que não é a primeira vez que esses alemães aparecem por aqui. E o prefeito está em cima de mim — ele parecia desconfortável, e bastou a próxima frase para eu entender o motivo. — O prefeito está com medo de que você esteja… perdendo o jeito, Sterling.
Desencostei da mesa e caminhei até ele lentamente.
Como um predador prestes a atacar a presa.
Assim que começamos a dividir o mesmo ar, vi Morales engolir em seco.
Os outros na sala se entreolharam, tensos.
Eu não preciso explodir, nem levantar a voz.
Basta um olhar.
— O prefeito está preocupado com o meu “jeito”? — mantive o olhar fixo nele, enquanto um leve sorriso frio curvava meus lábios. — A única coisa que estou perdendo aqui... — inclinei-me levemente para frente — é a paciência com quem duvida da minha capacidade.
Morales engoliu seco. Sabia que estava duvidando do cara errado.
— Não tenho tempo pra isso agora — disse, voltando a me encostar na mesa. — Problema no parque resolvido, e com o prefeito também. — Olhei para Morales, que apenas assentiu com a cabeça.
— No caminho, falei com Chen. Não adianta podar galhos de uma árvore venenosa. Precisamos cortar a raiz. — Olhei para Benjamin. — Sabemos que a raiz foi cortada. Brandon já está morto. E quem o matou é quem tomou o lugar dele. É esse que precisa ser eliminado. Já temos tudo sobre a morte dele? — perguntei, direto.
— Nos documentos que a Jordan nos entregou, temos os últimos passos de Brandon. Mas…
— Marque nossa viagem para Barcelona daqui a três dias. Eu vou hoje mesmo para Boerne.
— Em três dias é o aniversário da Sophia... e da Jordan — Jackson disse, exasperado.
— Minha irmã está morta, Jackson. E a Jordan não vai se importar.
Ele me lançou um olhar irritado e saiu da sala sem dizer nada. Jackson sempre teve um carinho especial pela minha irmãzinha. Quando era pequena, dizia que, quando crescesse, ia se casar com ele.
Ela tinha sete anos… apenas sete anos quando um maldito resolveu…
Sophia e Rachel eram minhas dores diárias. Foram o combustível que me trouxe até aqui. Primeiro, pela necessidade de protegê-las, de dar o melhor para elas quando minha mãe se foi.
E depois, para vingá-las. Para destruir aqueles que tiraram suas vidas.
Mas hoje… hoje não havia tempo para lamentações.
Já chorei suas mortes. E carrego ambas comigo. Todos os dias. Até hoje.
Só que agora tenho um objetivo: destruir todo esse esquema destrutivo que Brandon começou.
E para isso, preciso começar por ela.
Sempre ela.
Por Evelyn.
Mais temo que, no fim, eu precise destruí-la para salvar tudo.

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