Evelyn
Não sei quanto tempo dormi, mas, quando abri os olhos, estava na mesma posição de antes: agarrada ao travesseiro dele e com o cartão da Naomi na mão. Só que tinha algo mais. Algo que não estava ali antes. Ele.
— Como entrou? — minha voz estava meio arranhada pelo sono.
— Tenho chave reserva de todas as portas. Amélia me disse que você não respondia já há algum tempo. Não quis esperar você decidir abrir para entrar.
Seu tom era seco. Nem parecia o homem que me defendeu no parque, que me trouxe no colo para cá, que fez amor comigo no banheiro e levou meu gosto com ele.
— Acabei pegando no sono — fui me sentando na cama.
— Você ligou para ela? — Ele apontou para o cartão em minha mão. A lembrança da nossa discussão veio à tona, assim como o motivo pelo qual não quero falar com ela.
— Não. Peguei o cartão por acaso — me virei até o criado-mudo, abri a gaveta e guardei o cartão onde estava antes.
— Devia ligar. Já disse que ela é uma boa pessoa. Pode te ajudar.
Ele manteve o tom de CEO comigo, assim como aquela máscara sem emoção de sempre. Eu não queria discutir. De verdade, só queria colocar uma pedra no que tinha acontecido mais cedo e guardar apenas as lembranças boas. O nosso momento mágico.
Coloquei as pernas para fora da cama e segui para o banheiro, sem dizer uma palavra.
Lavei o rosto, fiz minha higiene, prendi o cabelo. E, quando me virei para sair, ele estava na porta.
— Você ouviu o que eu disse? — Ele estava com um braço apoiado no batente, impedindo minha passagem. Ele era grande demais. Eu, nem tanto. O que me deu a vantagem de passar por baixo do seu braço e manter o silêncio.
Não gostava de fazer isso. Odiava quando Brandon fazia isso comigo: me ignorava, saía enquanto eu falava. Só que, nesse momento... talvez isso fosse o melhor para nós dois.
Segui para o closet para escolher uma roupa. Queria resolver as coisas do aniversário. Talvez agora ele me permita ir. Estava só de lingerie quando ele apareceu, e ele ficou me olhando. Percebi que tentou disfarçar o incômodo por eu estar seminua. Mas eu sabia que aquilo mexia com ele. Senhor Sterling não é muito bom em resistir a uma mulher de lingerie, principalmente a que estou usando.
Decidi provocá-lo um pouco. Nunca fui muito ousada. Brandon não gostava disso. Mas com Alexander... era diferente.
Caminhei pelo closet sem dizer uma única palavra, como se escolher uma roupa fosse uma missão impossível. Quando abaixei para pegar minhas sandálias, empinando a bunda na direção dele, o ouvi rosnar. E eu... sorri.
— Evelyn, o que acha que está fazendo?
— Me trocando — revirei os olhos para ele, e, dessa vez, me troquei de verdade.
Voltei para o quarto, coloquei meus acessórios e me sentei na poltrona para calçar as sandálias. Sem pressa. Quando me levantei, ele me puxou para si. Nossos olhos se encontraram, e meu coração deu uma leve acelerada.
— Precisa de alguma coisa? — perguntei, meio ofegante. Só de estar nos braços dele, tudo em mim acendia.
— Sim. Precisamos conversar. Mas antes... — Ele colocou uma das mãos na minha nuca e me puxou para ele.
Beijar Alexander nunca é monótono.
Seus beijos nunca são iguais. Cada vez mais intensos, mais reais, mais deliciosos.
Quando nos separamos, mantive os olhos fechados. Ele encostou a cabeça na curva do meu pescoço, depositando um beijo ali que me causou arrepios no corpo inteiro. Envolvi sua cintura com meus braços e fiquei agarrada a ele por alguns segundos.
— Me desculpa — quebrei o silêncio. — Não queria ter feito drama daquela maneira, nem deixado qualquer sentimento conflitante acabar com o nosso momento.
Ele me abraçou com mais força, beijou várias vezes o meu pescoço, antes de segurar meu rosto entre as mãos.
— Sou eu quem deve se desculpar. Mas ainda não consigo me controlar em algumas coisas. Sempre fui prático, nunca precisei pensar se minhas palavras iriam magoar ou não. — Ele roçou o nariz no meu. — E hoje, o meu maior medo é te perder. É que algo como o que aconteceu com o Schmidt se repita. É te ferir.
Ele colou a testa na minha e concluiu, com a voz carregada de culpa:
— E foi exatamente isso que eu acabei fazendo.
Eu queria ser forte, não me derramar, não chorar. Mas é impossível ouvir uma declaração dessas e não desabar. As lágrimas vieram como uma enxurrada. Ele me beijou com suavidade, aquele tipo de beijo que a gente guarda no coração. Nos separamos, os olhos ainda grudados um no outro. Levei uma das mãos ao rosto dele.
— Eu te amo — disse com a voz embargada. — Por favor, nunca duvide que meu amor por você é real, que é único, e que é a coisa mais linda que já me aconteceu.
Ele franziu o cenho, confuso.
— Evie…
O puxei para mim e o beijei. Dessa vez, o beijo foi urgente. Eu tinha medo, um medo real de perdê-lo. De que um dia ele pensasse que meu amor não era verdadeiro. De que ele tivesse sido apenas um curativo numa ferida que ainda sangrava. Eu precisava que ele soubesse. Que guardasse isso bem dentro do coração.
— Só me promete… — sussurrei em seus lábios.
— Eu nunca duvidei do seu amor. E nunca vou duvidar.
— Diz, Alex… — supliquei.
— Eu prometo.
Soltei o ar que vinha prendendo no peito. Ele me prometeu. E Alex nunca quebra suas promessas.
Nosso momento foi interrompido por batidas na porta.
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