Alexander
Minha cabeça ainda estava um caos por causa do que Thomas disse sobre Evelyn. O fato de ela ter escondido isso de mim mexia profundamente comigo. E tudo piorou quando vi a forma como Jackson reagiu — e me enfrentou — por causa da Jordan. Nada de bom podia sair dali. Eu sei que ela não é nada minha, não tenho direitos sobre a vida dela e, claro, ela já tem idade para decidir o que quer. Mas mesmo assim... nossa vida é maluca demais, e ela é jovem demais para se envolver desse jeito com alguém.
Tudo explodiu quando cheguei em casa. Vi Evelyn ali, tão tranquila. Depois, tão provocativa. Me perdi no seu toque, nos seus lábios, nas desculpas que ainda faltavam ser ditas, nos medos revelados de ambos. Na promessa de amor...
Mas a realidade bateu — mesmo depois de tudo isso.
Eu precisava ouvir dela. Saber o que realmente foi dito naquele dia, o que ela sentiu, e o que sente agora.
Só que minhas palavras não saíram como ela esperava.
Mas, no fundo, eu sabia... era exatamente aquilo que eu queria dizer.
Temi destruí-la com minhas dúvidas, minhas desconfianças.
Mas talvez não fosse ela quem eu estava destruindo.
Era nós.
Nossa relação.
Nosso amor.
— Quero uma resposta, Alexander. Não quero seus murmúrios. Quero que me diga em alto e bom som. — Ela se aproximou de mim, colocou a mão no meu rosto e me virou para encará-la. — Você acha que sou uma traidora? Uma mentirosa? É isso mesmo?
— Evelyn, você entendeu a minha pergunta. Custa responder? — Me desvencilhei do seu toque.
— O que você quer que eu responda? — Sua voz agora saiu exaltada. — Quer que eu diga que o Thomas me chamou para almoçar? Que disse que eu precisava pensar na minha decisão? — Ela deu um passo para trás. — Que ele estava preocupado porque, por mais que fossem melhores amigos, ele via a forma como o Brandon me tratava? — As lágrimas começaram a cair, e sua voz embargou. — Que ele, assim como você, enxergava que eu vivia um relacionamento abusivo. Mas eu... — Ela abaixou a cabeça. Vi quando fechou os olhos. — Me recusava a acreditar, porque o amor que sentia pelo Brandon me impedia de ver a verdade.
Ela levantou os olhos para encontrar os meus.
— Que me senti culpada por não estar em casa. Que, quando cheguei ao hospital e o vi morrendo... — Ela tremia. Sua voz se elevou. — E que, antes de morrer, ele me obrigou a dizer aquelas três palavrinhas...
Ela abraçou a própria cintura e se deixou cair no chão, antes de concluir:
— E eu... disse.
Fiquei ali, parado, em pé, e nem por um segundo ousei me mexer.
Eu a tinha quebrado… mais uma vez.
Eu vim até aqui disposto a isso. Queria a verdade, queria esse caso resolvido. Mas não pensei que fosse doer tanto fazer isso.
Meu ciúme me cegou. Essa era a realidade.
Nunca foi sobre o Brandon. Eu o queria morto, queria que pagasse pelo que fez comigo e com a minha irmã. E, se ela tivesse feito isso, eu não me importaria.
Mas o que aconteceu aqui… foi sobre o Thomas.
O fato de ele tê-la defendido, de ter ido contra sua lealdade ao Brandon por ela. Nem quando a Rachel morreu ele se colocou contra o amigo. Mas por ela… Por Evelyn…
Sim.
Meu cérebro mandou um sinal para minhas pernas e, finalmente, elas começaram a se mover. Me abaixei para ficar à sua altura, mas, quando tentei tocá-la, ela se esquivou.
— Evie… — Chamei seu nome da forma mais suave que consegui.
— Não tá satisfeito, senhor Sterling? — A forma como me chamou me atingiu como lâminas cortando o peito.
— Eu só queria a verdade. Só queria entender. — Meu tom saiu mais ríspido do que eu pretendia, e aquilo chamou sua atenção.
— Eu te disse a verdade. Nunca menti. Você tem ideia de como tudo isso dói?
Ouvi batidas na porta, seguidas da voz de Amélia.
— Alex, Ben e Tom estão aqui. Gostariam de falar com você.
Me levantei e fui até a porta. Pedi à Amélia que pedisse para o Jackson lidar com eles por um momento. Ela assentiu e se retirou.
Quando voltei para o quarto, Evelyn não estava mais ali.
Ouvi um barulho vindo do closet, e o que vi ao chegar me tirou do sério.
— O que acha que está fazendo?
Ela me ignorou e continuou colocando suas coisas na mala. Me aproximei e segurei seu braço.
— Evie, me responde. O que está fazendo?
— Qual o seu problema com coisas óbvias, senhor Sterling? — Seu tom foi seco. Ela nunca, nem mesmo em nossas piores brigas, havia falado assim comigo.
— Meu problema não são as coisas óbvias, senhorita Parker.
Ela parou o que estava fazendo. Ficou em silêncio, absorvendo minhas palavras… E, com certeza, se lembrando da vez em que usou exatamente essa frase comigo.
Me aproximei mais um pouco e, com cuidado, envolvi meus braços em sua cintura.
Eu jamais a deixaria ir embora. Evelyn estava presa a mim pra sempre, gostando ou não. Ela era minha.
Mas ainda havia coisas para resolver. E, entre elas, esse ciúme por Thomas — que me corroía mais do que eu queria admitir.
Seu corpo foi relaxando ao meu toque. Ela não me abraçou de volta, mas apoiou a cabeça em meu peito. Beijei seus cabelos e me permiti ficar ali com ela.
— A gente briga muito — ela resmungou contra meu peito.
— Eu sei. Me desculpe por isso.
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