Jordan
É sério, o Alexander estava começando a me irritar. Essa mania de querer mandar na minha vida como se fosse meu pai me tirava do sério mais do que deveria.
Jack e eu esperamos como combinado. Ajudei ele com as coisas , nunca tinha participado de uma missão como essa, estava me sentindo dentro de um episódio de CSI. Mas eu percebia a irritação de Jackson. Não conseguia identificar de onde vinha. E olha que sou boa nisso. Algo estava incomodando ele mais do que deveria.
— Quer me contar o que está te deixando tão nervoso? Ou vou ter que hackear seu celular, computador, rastrear seu carro pra descobrir?
Ele me lançou aquele olhar de "você não faria isso", mas mal sabe ele que já faço. Não invado sua privacidade. como por exemplo, suas mensagens com a Abigail , mas estou sempre de olho. Sei que não deveria, mas é mais forte do que eu.
— O que você já viu? — ele perguntou, com o tom sério.
Parou o carro num semáforo e me encarou com aqueles olhos azuis. Céus... como pode alguém ser tão bonito assim? Ele percebeu que me perdi na forma como o olhava e arqueou uma sobrancelha. Meu rosto corou na hora.
— Eu só estava brincando com você — tentei manter a voz neutra, mas falhei miseravelmente.
— Marrenta... você entrou no sistema de segurança da Sterling e me viu dentro do meu carro. — O sinal abriu e ele voltou os olhos para a estrada. — Acha mesmo que vou acreditar que não está me hackeando?
Balançou a cabeça. Vi seus ombros ficarem tensos. Ele piscou várias vezes seguidas, ajeitou o retrovisor e fixou o olhar em algo atrás de nós.
— Qual o problema? — perguntei.
Ele me lançou um olhar rápido antes de responder:
— Problema? — havia confusão em sua voz.
— Sim. Você ficou tenso de repente. E olhou pelo retrovisor por mais de dez segundos.
Dessa vez, sua expressão foi fácil de decifrar. Não só carregava incredulidade, como também um brilho de orgulho. E eu gostei de ver ele assim.
— Só estou verificando, como o Alex pediu.
Assenti com a cabeça e voltei a olhar pra estrada. Eu quase não conhecia Houston. Brandon dizia que eu era daqui, mas minha memória se perdeu. Se algum dia vivi nessa cidade, a lembrança foi completamente apagada.
— E então, não vai me responder? — Jackson chamou minha atenção.
— O quê?
— Como entrou no sistema e me viu no carro.
Balancei a cabeça rindo, fui até o vidro e tirei uma fita que tinha colocado ali escondida.
— Você realmente estava me vigiando? — seu corpo inteiro ficou rígido.
— Em minha defesa, eu estava testando uma ferramenta nova com o Diego. Coloquei aí faz dois dias. E só eu tenho acesso.
— Jordan, por que fez isso? — a pergunta veio direta, o tom seco.
— Era um teste. Queria ver se funcionava antes de mostrar pro Alex. E pensei que você não se importaria.
— Não me importaria?! — sua voz saiu ríspida.
— Me desculpa, Jackson! E eu nem ficava te vigiando. — Minha voz também se alterou. — Eu respeito sua privacidade. Até quando fala com a Abigail. Eu nem leio as mensagens, porque só de imaginar o que falam já me irrita!
Cruzei os braços. Estava furiosa só de lembrar o quanto a Abigail manda mensagem pra ele. Mas foi nesse instante que percebi que tinha falado demais.
Jackson jogou o carro no acostamento. Segurou o volante com tanta força que os nós dos dedos perderam a cor.
Respirou fundo, passou a mão pelos cabelos, deixando uma mecha loira cair sobre o rosto. Por um instante, fiquei hipnotizada com seus gestos. Mas desviei o olhar. Já tinha me exposto demais por um dia.
— Ok — ele disse, fazendo uma pausa. — Você realmente está me hackeando.
Mantive os olhos voltados pra janela. Estava com vergonha demais pra encarar.
— Posso saber o porquê? — ele perguntou.
Continuei em silêncio.
Senti seus dedos tocarem meu cabelo, ele os colocou gentilmente atrás da minha orelha. Depois, segurou meu queixo e virou meu rosto para ele. Quando tentou afastar o cabelo que cobria minha cicatriz, instintivamente puxei o capuz.
Mas ele não parou. Com delicadeza, afastou os fios, deixando meu rosto exposto. Me olhou com aqueles olhos azuis intensos. Por um instante, eu simplesmente parei de respirar.
— E posso saber por que eu falar com a Abigail te irrita?
Senti meu rosto queimar.
Eu não podia simplesmente confessar que morria de ciúmes. Que, no fundo, queria ser como a Abigail: bonita, atraente, uma mulher de verdade...
Alguém que chamasse a atenção dele.
Alguém que talvez... conquistasse até seu coração.
— Jack, eu... — Mas antes que eu dissesse qualquer coisa, o celular dele tocou.
Ele o pegou rapidamente e atendeu:
— Chefe.
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