Jackson
Vi quando Abigail chegou e foi direto para o quarto da Evelyn.
Estava terminando de arrumar as coisas para retornarmos a Houston, mas algo me incomodou.
Não sabia como Jordan reagiria à presença da Abby, então larguei tudo e fui até lá.
Mas, ao chegar, Evie me disse que ela tinha saído para verificar as câmeras.
O chão pareceu se abrir sob meus pés.
Um mau pressentimento me engoliu inteiro.
Não esperei mais nada.
Ela não devia ter ido tão longe…
Mas era da Jordan que estávamos falando.
A garota que entra onde quer, consegue o que quer — e não teria dificuldade nenhuma em se virar, mesmo numa cidade que mal conhecia.
Decidi ir até a prefeitura. No caminho, recebi a ligação do Alex.
Falamos brevemente, e segui em busca da minha garota.
Era estranho pensar nela dessa forma… minha.
Mas, ao mesmo tempo, o gosto era doce. Quase viciante.
Sem sucesso nos lugares por onde passei, falei com Alexander mais uma vez.
Ele me deu uma pista — fui direto para lá.
Já estava no ambulatório quando o Alex me ligou pela terceira vez.
E as informações que ele me deu…
Caíram sobre mim como uma bomba.
Ela estava correndo perigo.
E o pior: eu nem sabia exatamente onde ela estava.
Entrei no ambulatório correndo e fui até a recepção.
Conversei com a atendente, descrevi a Jordan e ela confirmou que estava em consulta — aguardando o médico.
Respirei aliviado.
Cheguei antes deles.
Pedi que a moça me levasse até onde ela estava.
Por um instante, ela hesitou.
Mas, quando disse que era seu namorado, mesmo relutante, ela concordou.
Passamos pela porta principal que levava aos consultórios e, de imediato, percebi uma movimentação estranha.
Nada ali parecia dentro do normal.
Boerne é uma cidade pacata. Não tem hospital de grande estrutura, mas conta com dois ambulatórios.
Ou a cidade estava vivendo um surto viral...
Ou nem todos estavam ali para serem atendidos.
Quando chegamos à porta de um dos consultórios, a mulher disse que eu podia entrar.
— O doutor vai atendê-los logo.
Assim que abri a porta, lá estava ela.
Computador ligado, olhos fixos na tela.
Por um momento, achei que não tivesse me ouvido…
Mas aí ela disse:
— Demorou pra me encontrar.
Um sorriso quis surgir nos meus lábios diante da prepotência dessa marrenta.
Mas não havia tempo pra isso.
— Precisamos sair daqui agora.
— Não. O que eu preciso é terminar de copiar os arquivos.
Ela nem me olhou ao responder.
Me aproximei, abaixei ao seu lado e tentei chamar sua atenção.
— Jo, isso não é brincadeira. Tem Snakes chegando. Isso se já não estiverem aqui.
— Jack — respondeu sem tirar os olhos da tela — temos tempo.
Eles ainda não chegaram.
Mandei o médico para uma emergência que não existe.
Ela me encarou por um instante.
— E ele vai chegar em breve.
Queria discutir com ela.
Mas, em vez disso…
Eu a beijei.
Um beijo rápido, mas cheio de paixão.
Quando nos separamos, ela não disse uma palavra.
Virou para a tela.
Seus dedos voltaram a dançar no teclado.
Meu telefone tocou.
Era Alexander.
— Alex.
— Você a encontrou?
— Sim. Mas ela é teimosa demais pra sair daqui comigo.
Vi quando ela sorriu, ouvindo minha resposta.
— Jackson, ela não manda.
J**a ela no ombro e sai daí agora.
A voz dele era baixa e controlada. Um aviso de que não estava brincando.
— Alex, eu não sou você. Não vou jogar minha namorada no ombro e sair carregando por aí — retruquei, irritado.
— Além do mais, preciso sair daqui sem chamar atenção. E agir como um homem das cavernas é o oposto disso.
Ele xingou do outro lado, avisou que estava chegando, e desligou.
Guardei o celular e passei a mão nos cabelos, tentando pensar em uma saída.
— Jack.
Olhei pra ela.
— Temos um problema — apontou para a tela do computador.
Motos começaram a chegar. Por todos os lados.
Devia haver pelo menos dez — com dois caras em cada uma.
— Merda! — xinguei.
Cacos de vidro voaram.
Jordan se abaixou a tempo de evitar um corte, e com um salto, chutou a perna de outro que tentava agarrá-la.
Ela era rápida.
Instintiva.
Sabia usar o ambiente.
A porta foi arrombada com violência.
E lá estava ele.
Alexander Sterling.
Com seu terno preto impecável, as duas armas nas costas, e o olhar de quem já tinha matado antes do café.
— Faltou eu pra festa? — disse ele, sacando as duas armas.
Alexander não tinha o nome de ceifador à toa.
Ele não pensava. Ele eliminava.
Seus tiros certeiros.
Neutralizei o último e fui em direção a Jordan.
Mas antes que eu a alcançasse.
Entraram mais sete Snakes.
E a maldita mulher que tinha me levado até Jordan.
Os olhos dela cravaram nos de Jo.
A porra da mulher se moveu com uma velocidade absurda e agarrou Jordan por trás, antes que qualquer um de nós reagisse.
— JORDAN! — gritei, me lançando pra frente.
— Parem! — ela gritou. E então paramos.
Andrew e Owen entraram pela mesma porta que Alexander.
Se colocaram ao nosso lado. Com as armas apontadas para os snakes.
Mas…
Alex e eu ficamos imóveis.
Porque agora…
Aquela mulher… estava com uma arma engatilhada, pressionada na lateral do corpo da Jordan.
— Soltem as armas. Ou ela morre.
Minha respiração travou.
Meu corpo inteiro congelou.
E o medo…
…foi substituído por uma raiva que fez minha visão escurecer.
Minha garota…
Na mira.
Daquela maldita.
Respirei fundo.
E murmurei.
— Você cometeu o pior erro da sua vida.
Porque agora… você tem a minha fúria.

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