Alexander
Eu estava ansioso esperando a Jordan voltar. Queria conversar com ela, contar minhas desconfianças… o que o Viper disse.
Mas, quando o Jackson ligou dizendo que ela havia desmaiado ao descobrir tudo, um buraco se abriu no meu peito.
Eles chegaram — ela desacordada no colo dele — e tudo o que eu queria era pegá-la nos braços e protegê-la…
Como não consegui fazer há dez anos.
O médico chegou. Disse que ela ficaria bem, que tinha sido um colapso.
Mas quando os olhos dela se abriram... e ela pediu que eu saísse do quarto…
Foi como se ela tivesse aproveitado o buraco no meu peito pra arrancar o meu coração.
Não queria sair.
Mas Evelyn não permitiu que nem eu, nem Jackson, permanecêssemos — já que Jordan não queria.
Saímos do quarto, mas nenhum de nós conseguiu se afastar.
Ficamos no corredor.
Eu, encostado na parede.
Jackson, andando de um lado pro outro.
— Você vai estragar meu assoalho — comentei.
— Eu pago — ele retrucou.
— De que adianta andar feito um condenado? Isso não tá te ajudando a se acalmar. Só tá me tirando do sério.
Ele parou. Me encarou. A raiva estampada no rosto.
Eu encarei de volta, esperando a explosão.
Mas a porta se abriu... e Evelyn apareceu.
— Como ela tá? — Jackson foi o primeiro a perguntar.
— Está bem. Mais tranquila — disse com suavidade.
— Nós duas conversamos bastante. Ela está magoada, confusa…
Vocês dois — ela fez sinal com a mão entre nós — precisam ter muita paciência com ela.
— Ela vai nos ouvir? Vai deixar a gente explicar? — Jackson perguntou, aflito.
Eu já estava em pedaços, mas ver o desespero dele me deu pena.
Ele realmente gosta dela.
— Vai sim — Evie respondeu, arrancando um suspiro de alívio de nós dois.
— Quando? — perguntei.
Ela se virou pra mim, pegou minhas mãos.
— Com você… agora. — E então olhou para Jackson.
— Já com você… só depois.
Ele assentiu, mas o olhar não mentia. Estava decepcionado.
Evie tocou meu rosto com carinho.
— Tá preparado, amor? Preciso que você tenha certeza. Não quero vê-la machucada… mas também não quero ver você machucado.
Sorri. Minha mulher era incrível.
— Tô pronto.
Ela fez um gesto em direção à porta.
Meu coração acelerou.
Minha boca secou.
Minhas mãos suavam.
Assim que entrei, ela estava sentada na cama.
Os braços abraçados ao joelho.
Me lembrei do dia em que a trouxe pra Houston. Ela se sentou igualzinho.
Como se aquele gesto pequeno fosse a âncora que a mantinha firme.
Fiquei parado.
Ela não olhou pra mim, mas disse:
— Pode se aproximar. Não mordo.
Sorri com a frase. Direta como sempre.
Me aproximei até o lado da cama.
— Posso me sentar? — minha voz soou seca. Eu mal conseguia me controlar.
— Claro.
Sentei. Fiquei olhando pra ela.
E ela pra mim.
Sem desviar os olhos.
— Quando foi que você descobriu? — perguntou direto.
Essa era minha pequena.
— Hoje. Fui até o Viper. Joguei com ele… e ele caiu como eu queria.
Ela não respondeu. Apenas me observava. Me estudava. Me lia.
Queria saber se eu falava a verdade.
— E quando começou a desconfiar? — ela se inclinou sobre os joelhos.
— Porque, você não jogaria com ele sem motivo…
— E a gente só busca certeza… quando já duvida.
Passei a mão pelos cabelos. Precisava contar. Mas tinha que escolher bem as palavras.
Ela não era mais a pequena Sophia, que eu enrolava com torta de maçã e sorvete de baunilha.
Agora ela era Jordan.
Uma mulher forte, moldada pela dor.
Com inteligência afiada e um olhar que lia até o que a gente não dizia.
— Quando nos conhecemos… seus olhos me trouxeram algo familiar.
Mas eu tinha perdido duas irmãs. De forma brutal.
Achei que fosse só minha mente me pregando uma peça.
Ela escutava com atenção.
— Durante o interrogatório do Schmidt, quando ele disse que o Brandon te escondia… que sua família pensava que você estava morta… aquilo mexeu comigo.
Mas você me disse que tinha mãe. E irmão.
E a nossa mãe… morreu quando você tinha cinco anos. Eu deduzi que, se você tinha mãe… não poderia ser minha irmã.
— Só que sua confissão sobre o que Brandon te fez, acendeu isso em mim novamente.
— Como ela morreu? — a pergunta foi direta. Me pegou de surpresa.
— Ela… se suicidou. Eu que a encontrei no banheiro.
A imagem invadiu minha mente como um raio.
Ela me abraçou antes de eu sair. Pediu que eu cuidasse das minhas irmãs…
E nunca deixasse ele se aproximar.
Essas foram suas últimas palavras.
Quando voltei com a Sophia, procurei por ela.
Nada.
A porta do banheiro estava trancada. Bati, chamei, gritei. Nada.
Arrombei a porta.
E lá estava ela.
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