Ziguezagueando pelo tráfego, fazendo ultrapassagens ousadas pela esquerda e direita, faço de tudo para chegar rápido em casa. Cada segundo parece uma eternidade.
Assim que entro no hall, o burburinho de vozes chega até meus ouvidos. A temeridade se instala em meu peito. Avanço com cautela e, ao ver Sila chorando nos ombros de Kayra e meu pai pálido, sentado no sofá, uma onda de desespero me toma. Mentalmente, solto um palavrão em turco. Imediatamente, todos percebem minha presença e me olham, como se esperassem o pior.
— Ah, que bom que está aqui! Queremos ouvir sua versão de tudo o que Sila, sua noiva, nos contou. — Meu pai diz, com as mãos trêmulas e uma expressão abatida.
Sinto meu rosto endurecer ao responder:
— Ex-noiva. Terminamos.
O choro de Sila ecoa alto pela sala, e meu pai estreita os olhos, tentando entender.
— Então é verdade? — ele pergunta, com uma voz que mal sai.
— Emily? — Kayra me encara, confusa e em choque. — Você se envolveu com ela?
— Sim, ele me disse esse nome. — Sila, entre lágrimas, confirma.
Ver Sila dessa maneira não me toca, ao contrário, me enoja.
Allah! Como eu errei! Como fui um idiota arrogante, me recusando a aceitar que realmente estava apaixonado por Emily.
— É ela mesma? Você se envolveu com a minha amiga, debaixo dos nossos narizes? — Kayra pergunta, a voz embargada pela dor.
— Sim, me envolvi com Emily. Mas ela não sabia do noivado. — Respondo, sentindo o peso de cada palavra.
— Então é verdade o que Sila nos contou? — Meu pai me pergunta, com a voz fraca e a mão no peito, claramente abalado.
Assinto, e me aproximo dele, preocupado com sua saúde tão frágil. Sinto-me culpado por causar tamanha agitação nele. Ajoelho-me à sua frente, tocando a testa aos seus joelhos.
— Perdoe-me, baba. Perdoe-me. — Digo, com a voz trêmula de arrependimento.
— Você não só traiu Sila, você traiu a todos nós. Você e aquela garota inconsequente. — Ele diz, a voz carregada de raiva.
Eu ergo a cabeça, transtornado, e falo com mais firmeza:
— Ela não tem culpa de nada. Eu a atormentei aqui nesta casa. Fiquei atrás dela até conseguir o que queria. Eu a assediei o tempo todo, roubei a chave do quarto dela, eu a infernizei. Eu sou culpado por tudo isso.
Meu pai aperta os lábios, os olhos fixos em mim.
— Tudo isso por causa de bom sexo?
Eu solto um suspiro pesado, quase um grito de angústia.
— Eu achava que era só isso que me atraía nela... mas, no fundo, era mais do que isso.
Meu pai corta minhas palavras abruptamente:
— Você nos desonrou nesta casa. Allah! Nos fazendo de bobos. Jamais esperaria isso de você, Okan.
— Sim, pai. Fiz isso. A culpa é toda minha. Emily não tem culpa de nada, ela é tão jovem.
— Allah! Coloquei a tentação dentro da minha casa. Errei ao permitir que ela frequentasse aqui. Como uma cobra astuta, ela te seduziu. Enfeitiçou. — Ele continua, como se eu tivesse falado sobre o tempo, imerso em sua dor.
— Pai... — Tento intervir, mas ele me corta de novo.
— Sila me disse que te perdoará. Esqueça Emily. A cultura desse povo é assim mesmo. Elas não se valorizam e se entregam para qualquer um.
Me levanto, a voz firme.
— Já disse que Emily não é assim, e não haverá casamento.
Eu percebo que ainda estou com a aliança no dedo, e a retiro lentamente, depositando-a na mesinha de centro da sala. O som do metal atingindo a madeira ressoa forte no silêncio.
Sila chora mais alto no sofá, e meu pai ofega, visivelmente preocupado. Vejo o medo em seus olhos.
— Você se casará com Sila. O que sente por Emily é passageiro. Ela não é mulher para você! — Ele diz, a voz falha de tanto ressentimento.
Eu o encaro, decidido.
— Não é passageiro. Se fosse, eu a teria esquecido. Eu me apaixonei por Emily. Ela é a mulher que quero ao meu lado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Romance Proibido
Fiz a compra e não desbloqueia para ler , falta de respeito com o leitor!!!...