Aurora já dormia no quarto ao lado, com os cabelos espalhados no travesseiro florido e as mãozinhas abraçadas às inseparáveis bonecas Cacau e Lila. Isabella havia acabado de ajeitar a coberta sobre o corpinho quente da menina e sentia já o coração bater acelerado. Ela sabia que ele a esperava. E dessa vez, não havia desculpas, barreiras, nem medos. Apenas o desejo, tão antigo quanto o amor, de ser dele, inteira.
Deixou o quarto e caminhou com passos leves até o quarto onde ele estava. Abriu a porta sem hesitar e buscou por ele no quarto, sorriu ao ver a porta do banheiro entreaberta. Sem demora, caminhou até o local entrando em silêncio, como se o momento exigisse reverência. O som do chuveiro já preenchia o ambiente com seu ritmo constante, quase hipnótico. O espelho começava a embaçar nas bordas, e o vapor dançava como um véu sagrado sobre o mármore branco. O cheiro da água quente misturado ao sabonete masculino era uma carícia invisível.
Lorenzo.
A silhueta dele surgia por trás do vidro fosco do box, ainda visível o bastante para despertar tudo o que ela tentava controlar havia semanas. Ele estava de costas, com a cabeça baixa e os braços apoiados na parede. A água escorria pelo dorso largo e musculoso, delineando cada curva de seus ombros, cada linha de sua coluna, cada suspiro contido naquele corpo tenso.
O tempo pareceu parar.
Isabella mordeu o lábio inferior. O coração batia rápido, uma batida pulsante entre as costelas. Com os dedos trêmulos, puxou devagar o vestido de algodão leve que usava, fazendo o tecido descer por sua pele como uma memória, abandonando o corpo e caindo aos pés como uma pétala vencida pelo próprio perfume.
Despiu-se de mais que apenas roupas. Deixou cair também as dúvidas, os receios, o passado. Ficou nua diante do espelho, com o cabelo solto, a pele arrepiada e os olhos dilatados de vontade. O vapor a cobria aos poucos, como se o próprio ambiente conspirasse para apagar tudo, menos aquele momento.
Abriu a porta do box devagar.
A água quente encontrou sua pele como um chamado. Lorenzo sorriu e virou-se devagar, como se já soubesse. E os olhos dele, meu Deus, aqueles olhos, encontraram os dela. Um azul profundo, como mar depois da tempestade. Havia tempestade naquele olhar, mas também calmaria.
— Você tem ideia do que está fazendo comigo? — ele murmurou, com a voz rouca, abafada pelo som da água.
— Tenho. E não me importo. — A resposta saiu como um sussurro, mas carregava a força de um trovão.
Ela se aproximou.
O toque do corpo dela no dele foi como faísca em pólvora molhada. Os mamilos tocaram o corpo quente e a troca de calor entre os corpos, foi explosiva, porém inevitável. Lorenzo a puxou com um gesto firme e desesperado. A boca encontrou a dela com urgência, com nenhuma delicadeza. Era um beijo de guerra, de rendição, de reencontro, de saudade.
As mãos dele desceram pelas costas nuas dela, de maneira firme e possessiva, como se quisesse garantir que ela não fosse fugir nunca mais. Isabella gemeu contra os lábios dele, enroscando os dedos em seus cabelos molhados. Lorenzo a empurrou levemente contra a parede fria do azulejo, o contraste entre a temperatura da cerâmica e o calor do corpo dele fizeram ela arfar.
As mãos dele desceram por suas coxas e a ergueram com facilidade. Isabella envolveu os quadris dele com as pernas e agarrou-se aos seus ombros. Ele a penetrou de uma vez, de maneira intensa, profunda e possessiva. Um gemido escapou da garganta de ambos, que logo foi abafado pelo som da água caindo sobre os corpos em chamas. Ele a segurava com firmeza, com os olhos cravados nos dela.
Os corpos se moviam em ritmo caótico e harmônico, como se dançassem uma música que só eles podiam ouvir. A água descia como bênção sobre a pele em brasa. O azulejo frio nas costas dela contrastava com o calor insano que nascia dentro do ventre.
— Assim… — ele dizia entre movimentos intensos — é assim que eu te quero. Sem escudos, sem culpa, sem medo.
— Então me toma… — ela arfava — de novo. E de novo.
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