Isabella Fernandes
Entrei no quarto como quem invade o próprio limite. Como se o ar tivesse mudado de densidade, tornando-se pesado, espesso, quase irrespirável. Fechei a porta atrás de mim com um movimento rápido e trêmulo a trancando, porque sabia que precisava de privacidade, não para me proteger de alguém. Mas para tentar me proteger… de mim mesma.
Minhas mãos ainda tremiam. O coração, descompassado, batia com violência dentro do peito, como se estivesse tentando escapar. Como se meu corpo, desesperado, não suportasse mais conter tudo o que sentia.
Não havia paz em mim. Só labaredas. Desejo demais, lembrança demais, Lorenzo demais.
A cena se repetia diante dos meus olhos com um realismo cruel: o corpo dele, nu, coberto de vapor e tensão, os músculos contraídos, o prazer estampado no rosto contido. E a mão… aquela maldita e hipnotizante mão deslizando pelo próprio sexo com precisão firme, erótica, inevitável. A forma como ele se masturbava e como gemia o meu nome.
O meu nome que foi sussurrado, dolorido. Como um segredo impuro nascido da boca do homem que eu jamais deveria desejar.
Mas eu desejava.
Tirei os sapatos como se fossem algemas. Depois o vestido. A peça deslizou pelos meus ombros e caiu aos pés, deixando meu corpo exposto ao quarto silencioso. O ar parecia mais quente, ou talvez fosse a febre que ardia sob minha pele. Meus mamilos estavam rígidos, latejando de sensibilidade. Meu ventre, contraído. Minhas pernas, inquietas. Cada fibra do meu ser clamava por fricção, por alívio, por… ele.
Fechei os olhos. O calor se intensificou. A cena se projetava com mais nitidez: o vapor subindo pelas costas largas, as gotas de água escorrendo pela curva dos quadris, o gemido contido que me causou um espasmo só de ouvir. Me deitei devagar. Como se estivesse me entregando a um ritual proibido.
Puxei o lençol até a cintura e abri espaço entre as pernas. Toquei o próprio seio com delicadeza, deixando que o polegar acariciasse o mamilo ereto até que uma onda elétrica atravessasse minha espinha. A outra mão desceu, explorando a barriga que se contraiu ao menor toque, até ultrapassar o elástico fino da calcinha. Quando meus dedos encontraram o centro do meu desejo, molhado e latejante, gemi baixinho e estremeci.
— Meu Deus…
Fechei os olhos mais uma vez. Mas tudo o que vi foi Lorenzo. Nu, arqueando o corpo, a mandíbula tensa, a mão firme no próprio sexo e o meu nome em seus lábios.
Deslizei os dedos com a mesma cadência que ele usava. Primeiro lento. Depois mais fundo, mais rápido. Meus quadris começaram a se mover em resposta, involuntariamente, buscando mais fricção. A imagem dele era um veneno doce: imaginei minha boca em seu lugar, meus lábios o envolvendo, meus olhos olhando para cima enquanto ele gemia por mim.
Eu era só a babá. Ele, o patrão. O homem mais perigoso que já conheci. E mesmo assim, desejei cada maldito centímetro dele com a alma, com o corpo, com uma fome que me assusta.
Talvez ele me desejasse também. Talvez aquele momento tenha sido uma fração de algo maior. Mas eu sabia, ele jamais se entregaria fácil. Não depois de tudo que já viveu. Não com o mundo inteiro esperando por uma falha.
E essa resistência dele… me matava.
Porque amar Lorenzo era isso: uma mistura de prazer e punição. De doçura e aço. De promessas e silêncio.
E eu estava presa.
Sem volta. Sem defesa. Com o corpo marcado pelo toque que nunca recebi… mas que já me possuía por inteira.

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