Christian imediatamente mudou de postura, voltando à sua fachada profissional. O breve momento de vulnerabilidade tinha passado.
— Vamos passar por isso rapidamente — ele disse, afivelando o cinto. — A previsão do tempo para o Sul está excelente.
Afivelei meu próprio cinto, percebendo que o momento havia se perdido. Ele não terminaria aquela história agora, eu podia sentir. A barreira tinha voltado a se erguer entre nós.
Enquanto o avião sacudia, não conseguia parar de pensar. Descobri que ela estava... o quê? Traindo-o? Era isso? Christian Bellucci, o homem que parecia ter tudo, também conhecia a dor da traição?
E mais importante: o que isso significava para mim, para nós, para esse acordo bizarro que havíamos feito?
A turbulência durou apenas alguns minutos, mas o suficiente para que o clima entre nós mudasse completamente. Christian pegou o laptop e começou a trabalhar, respondendo e-mails com uma concentração que parecia calculada para evitar qualquer continuação da nossa conversa anterior.
O restante do voo transcorreu em um silêncio quase confortável. Eu me perdi na paisagem que se transformava gradualmente abaixo de nós: o litoral dando lugar a montanhas verdejantes, campos que pareciam pintados à mão, pequenas cidades que surgiam como miniaturas entre vales.
Quando finalmente começamos a descer, o piloto anunciou nossa chegada à pista privada dos Bellucci. Olhei pela janela, maravilhada com a vista. Estávamos sobrevoando o que parecia ser um reino particular: hectares e mais hectares de vinhedos perfeitamente alinhados, estendendo-se por colinas suaves até onde a vista alcançava.
— É tudo seu? — perguntei, incapaz de esconder o espanto na minha voz.
Christian desviou os olhos do laptop para olhar pela janela.
— Da família — corrigiu. — Quatro gerações de Bellucci construíram isso.
Havia um orgulho inegável em sua voz, misturado com algo que soava quase como um peso.
O pouso foi suave, e assim que o avião parou completamente, Christian guardou seu laptop e se levantou.
— Pronta? — perguntou, estendendo a mão para mim.
Não estava. Como poderia estar pronta para entrar nesse mundo? Mas peguei sua mão mesmo assim, sentindo o calor dos seus dedos contra os meus.
Descemos a escada do avião para um dia perfeito na serra gaúcha. O ar era limpo e fresco, carregando o aroma de terra e uvas maduras. Ao longe, uma construção imponente se destacava no topo de uma colina: uma mansão que parecia saída de um filme de época, com paredes claras e telhado escuro, cercada por jardins exuberantes.
Uma mulher de meia-idade nos aguardava ao lado de um Land Rover preto.
— Senhor Bellucci, bem-vindo de volta — ela cumprimentou, com um sorriso caloroso. Então, seus olhos pousaram em mim, curiosos mas gentis. — E esta deve ser a senhorita Aguilar.
Christian colocou uma mão possessiva na base das minhas costas.
— Zoey, esta é Carmem, nossa governanta. Ela praticamente me criou.
— É um prazer conhecê-la, senhorita — Carmem disse, com um leve sotaque que não consegui identificar. — Ouvimos muito sobre você.
Forcei um sorriso, imaginando o que exatamente eles haviam "ouvido" sobre mim.
— O prazer é meu.
— O almoço será servido em uma hora — Carmem informou enquanto nos conduzia ao carro. — Achei que talvez queiram refrescar-se antes.
A viagem da pista até a mansão foi curta, mas suficiente para me deixar ainda mais impressionada. A propriedade era ainda mais extensa do que parecia do alto. Vinhedos impecáveis se estendiam em todas as direções, trabalhadores moviam-se entre as fileiras de parreiras, e ao longe, avistei o que parecia ser a vinícola propriamente dita – um complexo de edifícios com um design que mesclava o tradicional e o moderno.
Quando chegamos à mansão, fui recebida por um saguão de entrada grandioso, com piso de mármore, escadaria dupla e obras de arte que pareciam valer mais que todo o meu futuro. Christian me conduziu escada acima, sua mão nunca deixando minhas costas, como se temesse que eu pudesse fugir a qualquer momento.
— Esta é a minha suíte — ele disse, abrindo uma porta de madeira maciça.
O quarto era maior que um apartamento inteiro. Uma cama king-size ocupava o centro, com dossel e lençóis que pareciam feitos de nuvens. Grandes janelas davam para os jardins e, além deles, os vinhedos que se estendiam até o horizonte. Havia uma lareira de pedra em um canto, poltronas confortáveis, e portas que levavam ao que imaginei ser um closet e um banheiro.
Minhas malas já estavam lá, colocadas discretamente perto de um aparador.
— É... grande — foi tudo que consegui dizer.
Christian sorriu, divertido com minha reação.
— Como quiser. — Ele caminhou até uma das portas adjacentes, abrindo-a para revelar um banheiro que parecia maior que a sala da minha casa. — Vou tomar um banho rápido. Sinta-se à vontade para explorar ou descansar.
Antes que ele fechasse a porta, no entanto, virou-se de volta para mim.
— Ah, e Zoey? — Seu olhar percorreu meu corpo rapidamente. — Aquela blusa azul fica muito bem em você.
Então, fechou a porta, deixando-me parada no meio do quarto gigantesco, sentindo-me estranhamente exposta.
Depois que Christian entrou no banheiro, permiti-me um momento para processar tudo. Andei até a janela, observando a vista de tirar o fôlego. Como seria crescer em um lugar assim? Ter tudo isso como algo garantido, normal?
Meu celular vibrou no bolso. Uma mensagem de Annelise.
"Já chegou no palácio? Manda fotos!"
Sorri, tirando uma foto rápida da vista pela janela e enviando para ela.
A resposta veio quase instantaneamente.
"CARAMBA! Isso é real?? Você é oficialmente uma princesa agora!"
Balancei a cabeça, guardando o celular. Eu não era uma princesa. Era uma impostora. Uma vendedora de vestidos fingindo ser algo que não era. Quanto tempo até alguém perceber?
Sentei-me na beira da cama, passando a mão pelos lençóis que pareciam feitos de seda. Nem nos meus sonhos mais extravagantes eu tinha imaginado algo assim.
O som do chuveiro cessou, e poucos minutos depois, Christian emergiu do banheiro. Usava apenas uma calça, o torso nu ainda úmido em alguns pontos, o cabelo molhado penteado para trás. Engoli em seco, lembrando-me vividamente daquela noite na piscina.
— Seu turno — ele disse, pegando uma camisa do armário como se estivéssemos fazendo isso há anos.
Peguei minha nécessaire e praticamente corri para o banheiro, fechando a porta atrás de mim, tentando colocar qualquer distância entre mim e aquele pecado ambulante.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...