Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 21

O avô de Christian era exatamente como eu havia imaginado: alto, imponente, com cabelos grisalhos perfeitamente aparados e um olhar penetrante que parecia enxergar através de qualquer fachada. Giuseppe Bellucci tinha aquela presença que comandava respeito imediato, o tipo de homem que não precisava levantar a voz para ser ouvido.

Ao nos aproximarmos dele, notei como vários convidados se afastavam ligeiramente, como se cedessem espaço a uma força da natureza. Ele estava cercado por um pequeno grupo de homens de negócios, mas assim que viu Christian, dispensou-os com um simples gesto.

— Vovô, esta é Zoey Aguilar, minha noiva — Christian me apresentou, sua voz calma, mas pude notar uma tensão sutil em seus ombros.

— Finalmente nos conhecemos, senhorita Aguilar — disse Giuseppe, estendendo a mão para mim. Seu sotaque italiano era suave, mas perceptível.

— É um prazer, senhor Bellucci — respondi, sentindo minha própria mão tremer levemente ao apertar a dele.

Seus olhos, de um azul-gelo impressionante, me estudaram sem pressa, como se estivesse avaliando cada detalhe. Tive a estranha sensação de estar sendo radiografada.

— Christian falou muito sobre você — ele comentou, embora eu duvidasse que isso fosse verdade. — Uma vendedora de vestidos de noiva, correto?

— Sim, senhor.

— Interessante. — Ele tomou um gole de seu vinho. — Você deve ter visto muitas noivas felizes ao longo dos anos.

— E algumas nem tanto — respondi sem pensar. — Às vezes o vestido perfeito não garante um casamento perfeito.

Algo brilhou no olhar dele, algo que parecia quase aprovação.

— Christian, pegue uma taça do nosso Chardonnay Reserva 2018 para sua noiva — ele pediu de repente. — ele pediu de repente. — Quero que ela experimente o vinho que ganhamos o prêmio no ano passado.

Christian hesitou por um segundo, olhando de mim para o avô.

— Claro.

Enquanto Christian se afastava, senti o peso do olhar de outras pessoas sobre nós. Várias cabeças se viravam em nossa direção, sem dúvida curiosas sobre a mulher que havia conquistado o coração do solteiro mais cobiçado do país. Entre elas, notei Elise observando de longe, seu olhar calculista nunca nos deixando.

— Não se preocupe com os espectadores — Giuseppe comentou, percebendo meu desconforto. — Eles sempre se interessam pelo que não podem ter.

Fiquei sozinha com ele, e o silêncio entre nós pesou mais do que qualquer palavra poderia.

— Como vocês se conheceram? — ele perguntou finalmente.

— Através de amigos em comum — respondi, lembrando-me da história que havíamos combinado. — Nos encontramos em um evento na cidade.

As sobrancelhas dele se ergueram levemente. — Curioso. Christian raramente frequenta eventos sociais que não sejam relacionados aos negócios.

— Às vezes os melhores encontros acontecem nos lugares mais inesperados — respondi com um sorriso, mantendo-me fiel à nossa versão.

Um leve sorriso curvou os cantos de sua boca.

— E como foi seu primeiro encontro com meu neto?

Senti o calor subir pelo meu pescoço. Não podia exatamente contar que o confundi com um gigolô e que transamos na primeira oportunidade.

— Foi... inesperado. Ele não era o que eu imaginava.

— E o que você imaginava?

— Alguém menos... — hesitei, buscando a palavra certa — genuíno.

Giuseppe inclinou a cabeça, me estudando com interesse renovado.

— Genuíno não é uma palavra que muitos usariam para descrever Christian. Encantador, sim. Inteligente, certamente. Mas genuíno?

— Talvez ele mostre lados diferentes para pessoas diferentes — sugeri.

— Ou talvez você veja algo que outros não veem.

— Sua noiva é fascinante, Christian — Giuseppe comentou, seu tom leve, mas seus olhos ainda observadores. — Ela não tenta fingir ser o que não é.

Senti Christian relaxar ligeiramente ao meu lado.

— Essa é uma das coisas que mais admiro nela.

A naturalidade com que ele disse isso me pegou de surpresa. Para alguém que estava apenas interpretando um papel, ele soava surpreendentemente sincero.

— E quanto a você, senhorita Aguilar? — Giuseppe se voltou para mim. — O que você mais admira no meu neto?

A pergunta me pegou desprevenida. O que eu realmente admirava em Christian? Não o personagem que ele interpretava, mas o homem que eu estava começando a conhecer?

— Sua resiliência — respondi finalmente. — O modo como ele enfrenta desafios. Como carrega o peso das expectativas sem deixar que o definam completamente.

Percebi que Christian tinha parado de respirar ao meu lado.

— Interessante — murmurou Giuseppe. — A maioria das pessoas menciona sua aparência, sua inteligência, ou sua fortuna.

— Essas são apenas partes dele. Não quem ele é.

Giuseppe me estudou por um longo momento. Ao nosso redor, o evento continuava em pleno vigor, taças tilintando, conversas fluindo, mas parecia haver uma bolha de silêncio ao nosso redor, como se o tempo tivesse desacelerado.

— Sabe, senhorita Aguilar, já vi muitas mulheres tentarem conquistar meu neto pelo dinheiro. — Seu tom era pensativo, quase melancólico. — Mas você parece genuinamente gostar dele.

Algo em suas palavras fez meu coração acelerar. O que estávamos fazendo? Nosso relacionamento era construído sobre mentiras, um contrato, um acordo de conveniência. Eu não deveria estar ali, fingindo sentimentos que não existiam. E ainda assim... por que era tão fácil dizer coisas agradáveis sobre Christian?

Giuseppe se inclinou ligeiramente, seus olhos azuis perfurando os meus com uma intensidade que me deixou sem fôlego.

— Diga-me, senhorita Aguilar, você realmente o ama?