— Primeira foto: séria demais. Você parece que está entrevistando para um cargo de diretora de banco — Bianca disse, analisando meu telefone como se fosse um estudo de caso importante. — Segunda foto: muito casual. Parece que você acabou de acordar. Terceira foto...
— O que tem a terceira foto? — perguntei, ansiosa.
— Nesta você está bonita, mas tem uma expressão de quem está constipada.
— BIANCA!
Era segunda-feira à tarde, e estávamos na cafeteria perto do escritório, supostamente em uma "reunião de trabalho" que na verdade era uma sessão de criação de perfil para aplicativo de relacionamento. Bianca havia insistido que não podia deixar eu fazer isso sozinha, alegando que eu tinha "zero instinto para marketing pessoal".
— Calma — ela riu, passando mais fotos na galeria do meu telefone. — Vamos encontrar algo bom. Ah! Esta aqui. Você está sorrindo naturalmente, o cabelo está bonito, e dá para ver que você tem personalidade.
— Essa é da festa de aniversário da Margaret — lembrei. — Eu estava rindo porque James havia derrubado bolo na gravata.
— Perfeita. Homens adoram mulheres que sabem rir. — Bianca salvou a foto na seleção. — Agora precisamos de uma foto de corpo inteiro que não seja óbvia demais.
— Óbvia como?
— Tipo você de biquíni na praia gritando "olha meu corpo" para estranhos na internet.
— Eu não faria isso!
— Eu sei. Por isso você precisa de ajuda. — Ela continuou passando as fotos. — Ah, esta daqui! Você na frente da London Eye, vestido azul, sorrindo. Mostra que você sai de casa e tem vida social.
— Vida social questionável, considerando que tirei essa foto sozinha usando o timer.
— Ninguém precisa saber disso — Bianca disse pragmaticamente. — Marketing pessoal é sobre destacar os pontos positivos.
Depois de quarenta e cinco minutos debatendo fotos, partimos para a descrição. Isso foi ainda pior.
— "Brasileira em Londres procurando por..." — Bianca parou de digitar e me olhou. — Procurando por o quê?
— Não sei! Por isso estou usando aplicativo! Se eu soubesse o que estou procurando, já teria encontrado.
— Annelise, você precisa ter pelo menos uma ideia vaga. Aventura? Relacionamento sério? Alguém para dividir a conta do N*****x?
— Relacionamento sério — respondi imediatamente. — Definitivamente relacionamento sério. Quero alguém que me leve a sério desde o primeiro encontro.
— Ok. "Brasileira em Londres procurando por relacionamento sério com alguém que saiba apreciar vinho, conversa inteligente e..." — ela me olhou expectante.
— E que não minta sobre a altura no perfil? — sugeri.
— Específico demais. Que tal "senso de humor"?
— Todo mundo coloca senso de humor. É clichê.
— Porque todo mundo quer alguém engraçado, Anne. É um requisito básico.
Passamos mais vinte minutos discutindo cada palavra como se estivéssemos redigindo um contrato internacional. No final, o resultado foi:
"Brasileira apaixonada por vinhos e novas experiências. Trabalho com desenvolvimento de mercado, adoro explorar Londres, e acredito que as melhores conversas acontecem durante jantares longos. Procuro alguém genuíno para descobrir a cidade juntos. "
— O emoji do vinho é demais? — perguntei.
— O emoji do vinho é perfeito. Mostra personalidade sem ser infantil.
Depois de revisar tudo três vezes, finalmente publiquei o perfil. Bianca insistiu que precisávamos voltar para o escritório para "monitorar a resposta do mercado", como se eu fosse um produto sendo lançado.
E, surpreendentemente, funcionou.
O primeiro match chegou enquanto estávamos subindo no elevador. Depois o segundo. Quando chegamos às nossas mesas, eu já tinha cinco matches e três mensagens.
— Viu? — Bianca disse, toda orgulhosa. — Eu disse que você ia ser um sucesso.
— Calma, ainda é cedo para comemorar — respondi, mas estava secretamente animada.
A primeira mensagem era de David, 29 anos, advogado: "Oi Annelise! Adorei seu perfil. Também sou apaixonado por vinhos. Que tal descobrirmos os melhores wine bars de Londres juntos?"
— Olha! — mostrei para Bianca. — Advogado, educado, interessado em vinho. Promissor, não?
— Muito promissor. Responde com algo inteligente mas não muito ansiosa.
A segunda mensagem era de Thomas, 32, consultor financeiro: "Brasileira em Londres? Deve ter histórias interessantes para contar. Adoro conhecer pessoas de culturas diferentes."
— Este também parece interessante — comentei.
— Sim?
— Boa sorte com suas... estratégias.
Ele se afastou com aquele sorriso meio sabichão, e eu fiquei encarando a pasta, meu rosto provavelmente vermelho como um tomate.
— Ele sabe, ele viu — murmurei para Bianca.
— Claro que sabe. Você virou o telefone com a sutileza de um elefante em uma loja de cristais.
— Mas ele não disse nada.
— Porque ele é um cavalheiro. E porque vocês são "amigos" — Bianca fez aspas com os dedos. — Lembra?
— Somos amigos — insisti, pegando o telefone de volta. — Amigos que respeitam a privacidade um do outro.
— Claro. — Bianca não parecia convencida. — E é por isso que você está vermelha como um pimentão só porque ele te desejou boa sorte?
Antes que eu pudesse responder, meu telefone vibrou com uma nova mensagem de David:
"Quinta-feira às 7 no Gordons Wine Bar? Prometo escolher um vinho brasileiro se tiverem."
Mostrei a mensagem para Bianca, que sorriu aprovando.
— Viu? Ele até colocou emoji sorrindo. Isso é bom sinal.
— É mesmo — concordei, digitando "Perfeito! Nos vemos lá" como resposta.
Enquanto enviava a mensagem, olhei discretamente na direção do escritório de Nate. Ele estava concentrado em alguns documentos, mas por um segundo nossos olhos se encontraram através da porta de vidro.
Ele sorriu e acenou levemente antes de voltar ao trabalho.
Amigos. Éramos apenas amigos. E quinta-feira eu sairia com um advogado educado que se interessava por vinho e fazia perguntas inteligentes.
Tudo estava caminhando exatamente como planejado.
Então por que eu tinha a sensação estranha de que estava prestes a cometer um erro gigantesco?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...