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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 224

~Nathaniel~

Domingo à noite e eu estava em casa, no sofá da minha sala em Kensington, tentando me concentrar nos documentos que havia trazido do escritório. Era patético, eu sabia - um homem da minha idade passando o fim de semana revisando contratos ao invés de estar aproveitando Londres. Mas desde sexta-feira passada, desde aquela festa desastrosa de Alessandra, não conseguia parar de pensar em Anne.

Especialmente por causa da mensagem que havia recebido mais de vinte e quatro horas atrás e que ainda não havia respondido.

Peguei o telefone e abri o aplicativo novamente, relendo pela décima vez:

"Sua teoria sobre Londres ensolarada parece promissora... mas 'descobrir a cidade' com alguém tão misterioso quanto você me faz sentir como se estivesse dentro de um filme do Hitchcock. Devo me preocupar em acabar como a protagonista de 'Janela Indiscreta'? "

Um sorriso idiota se espalhou pelo meu rosto, como acontecia toda vez que lia aquelas palavras. Céus, Anne não era apenas bonita e engraçada - ela era inteligente também. A referência cinematográfica, a forma espirituosa como respondeu ao meu comentário sobre mistério, o emoji malicioso no final. Era exatamente o tipo de resposta que eu esperaria dela, mas que ao mesmo tempo me surpreendia pela criatividade.

O problema era que eu estava há mais de um dia tentando formular uma resposta que estivesse à altura da dela. Algo que fosse inteligente sem ser pretensioso, misterioso sem ser irritante. Como diabos eu explicaria que não era perigoso sem revelar quem realmente era? Cada tentativa soava forçada ou revelava informações demais.

Estava mais uma vez digitando e apagando possíveis respostas quando o telefone tocou. Christian.

— E aí, seu workaholic — ele disse assim que atendi. — Não me diga que está trabalhando num domingo à noite.

— Talvez — admiti, colocando o telefone de lado e me afundando no sofá. — E você? Como está conseguindo me ligar? Achei que novos pais não tinham tempo para vida social.

— Zoey acabou de colocar Matteo para dormir e conseguiu alguns minutos de paz. Aproveitei para fazer uma ligação de emergência para meu amigo que claramente não tem vida social.

— Obrigado pelo apoio moral.

— Sempre às ordens. Falando sério, como vão as coisas? O escritório está funcionando bem?

— Tudo sob controle. Os franceses assinaram o contrato da expansão, os números do trimestre estão acima da meta, e aquela nova linha orgânica está performando melhor que esperávamos.

— Ótimo. A Anne está se dando bem por aí? Zoey vive perguntando como a irmã está se adaptando.

Engasguei ligeiramente, esperando não soar muito interessado.

— Anne está... indo muito bem. Muito bem mesmo, na verdade. Ela tem um talento natural para desenvolvimento de mercado.

— Que bom ouvir isso. Enfim, estou ligando porque está chegando a data da reunião anual da Bellucci. Final de março. Alessandra se ofereceu para organizar tudo, já que conhece os melhores lugares de Londres.

— Claro que se ofereceu — murmurei.

— Ela é eficiente, você tem que admitir. E eu e Zoey estaremos aí nas próximas semanas. Matteo vai conhecer Londres pela primeira vez.

— Vai ser ótimo ter vocês aqui — disse, e era verdade. Christian era meu melhor amigo desde a universidade, e vê-lo sempre me lembrava de como nossa amizade havia sobrevivido a mudanças de país, distanciamento, e até mesmo minha relação profissional com ele.

— Como vai o casamento, a propósito? — perguntei, mudando de assunto e tentando soar casual. — Ainda na lua de mel?

— Melhor impossível — Christian respondeu sem hesitar. — Por mais que eu e Zoey mal saibamos quando vamos ter uma noite decente de sono. Esse menino tem a energia de dez pessoas e o timing perfeito para interromper qualquer momento romântico.

Ri genuinamente.

— Mas vale a pena cada segundo de insônia — ele continuou. — É surreal, cara. Um dia você está vivendo só para você, tomando decisões pensando apenas em si mesmo. No outro, há uma pessoa que depende completamente de você, e você faria qualquer coisa para protegê-la. Muda tudo.

Havia algo na voz dele, uma satisfação profunda que eu nunca havia ouvido antes. Christian sempre foi ambicioso, focado, mas agora parecia... completo. Como se tivesse encontrado algo que não sabia que estava procurando.

— Deve ser uma sensação incrível — comentei.

— É transformador. Recomendo fortemente quando você encontrar a pessoa certa. — Ele fez uma pausa. — Falando nisso, como vão as coisas pessoais com você? E não me venha com papo de trabalho. Vida amorosa.

— Vida pessoal está... quieta.

— E Alessandra? Vocês finalmente saíram da zona de amizade?

— Obrigado pela análise psicológica gratuita.

— De nada. É para isso que servem os amigos casados - para dar conselhos românticos não solicitados e falar sobre como a vida é melhor quando você encontra a pessoa certa.

— Que sutil.

— Sempre fui direto. Falando sério, Nate, quando você encontrar alguém que realmente importe, não deixe escapar por orgulho ou medo de complicação.

Conversamos por mais alguns minutos sobre futebol e planos para quando ele e Zoey estivessem em Londres, até Matteo acordar e começar a chorar ao fundo.

— Fim da minha folga — Christian riu. — Falamos na semana que vem. E Nate?

— Sim?

— Seja honesto com essa mulher, seja lá quem for. A vida é curta demais para complicações desnecessárias criadas por nós mesmos. E olha que eu sei bem do que estou falando.

Depois que desligamos, fiquei encarando o telefone por um longo tempo. Christian estava certo sobre ser honesto, mas como diabos eu explicaria a situação? Como contaria para meu melhor amigo - que também era meu superior - que estava interessado na cunhada dele, que trabalhava para mim, e que havia criado um perfil falso para conversar com ela?

A coisa toda soava completamente insana quando colocada dessa forma.

Olhei para a mensagem de Anne novamente. Ela estava esperando uma resposta há mais de vinte e quatro horas, provavelmente achando que eu havia perdido o interesse ou que era mais um idiota dos aplicativos que some depois da primeira mensagem interessante.

Comecei a digitar, apaguei, tentei novamente. Como eu poderia responder de uma forma que a tranquilizasse sobre minhas intenções sem soar como um completo psicopata?

O relógio marcava dez horas da noite de domingo. Responder agora pareceria que eu havia passado o fim de semana inteiro pensando na mensagem dela.

O que, ironicamente, era exatamente o que havia acontecido.

Suspirei e coloquei o telefone de lado. Responderia amanhã, quando tivesse uma resposta melhor. Quando soubesse o que diabos estava fazendo.

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