Acordei cedo na manhã do dia 25, mas não foi uma sensação agradável. Havia um peso no meu peito que nada tinha a ver com expectativa natalina e tudo a ver com o que estava por vir. A conversa da noite anterior com Nate havia cristalizado uma realidade que eu preferia não enfrentar: Alessandra viria para o almoço, e nossa primeira batalha oficial como casal seria travada na mesa de jantar dos Carter.
Desci para encontrar a casa já em movimento matinal. Elizabeth estava na cozinha, enquanto Richard folheava um jornal na mesa da cozinha. A neve continuava caindo suavemente do lado de fora das janelas, criando um cenário perfeito que contrastava drasticamente com minha ansiedade interna.
— Bom dia, querida — Elizabeth disse quando me viu aparecer na entrada da cozinha. — Dormiu bem?
— Muito bem — menti educadamente, aceitando a xícara de chá que ela me ofereceu. — A casa de vocês é muito aconchegante.
— O Nate saiu cedo — Richard comentou sem levantar os olhos do jornal. — Foi ajudar um vizinho com uns problemas no aquecimento. Disse que já, já estaria de volta.
Assenti, segurando a xícara entre as mãos e sentindo o calor se espalhar pelos meus dedos frios. Era melhor assim - ter um tempo para me preparar mentalmente sem a pressão adicional de fingir que estava tudo bem na frente de Nate.
— Vou dar uma olhada na biblioteca — disse, terminando meu chá. — Se não for incômodo.
— Claro que não — Elizabeth sorriu. — Fique à vontade para explorar a casa.
A biblioteca dos Carter era exatamente o que eu esperava de uma família de acadêmicos e músicos - estantes do chão ao teto repletas de livros que claramente eram lidos e amados, não apenas decorativos. Havia uma poltrona de couro confortável próxima à janela, e me acomodei ali com um volume de poesia que peguei aleatoriamente, mais para ter algo em que focar do que por real interesse na leitura.
Estava tentando me concentrar nos versos quando ouvi passos no corredor. Esperava que fosse Elizabeth ou Richard, mas quando levantei os olhos, vi Tori parada na entrada da biblioteca. Ela estava vestida de forma mais casual que na noite anterior - jeans escuros e um suéter de cashmere azul-marinho - mas ainda conseguia parecer impecavelmente elegante.
— Posso entrar? — perguntou, seu tom ligeiramente diferente do usual. Havia uma hesitação.
— Claro — respondi, fechando o livro e a observando se aproximar.
Tori se sentou numa cadeira próxima. Era a primeira vez que a via demonstrar qualquer tipo de desconforto ou insegurança.
— Quero conversar sobre ontem à noite — disse finalmente, evitando fazer contato visual direto. — E pedir desculpas pela confusão.
Não era o que eu esperava ouvir dela.
— Confusão? — repeti, curiosa sobre como ela descreveria a situação.
— Com a Alessandra — explicou, finalmente me encarando. — Quando respondi o celular do Nate, não achei que ele levaria a sério. Foi mais um... impulso social, sabe? Quando alguém próximo está na região, você automaticamente convida.
Havia algo em sua explicação que soava ensaiado, como se ela tivesse pensado cuidadosamente sobre como justificar suas ações.
— Entendo — disse de forma neutra, esperando para ver onde ela queria chegar.
— A intenção não era criar problema — continuou Tori, suas palavras ganhando velocidade. — Alessandra e eu somos amigas há anos. Nesse meio, é normal manter certas conexões, especialmente quando as famílias se conhecem há tanto tempo.
Ah. Lá estava a justificativa que eu estava esperando. O "nesse meio" que sempre aparecia nas conversas de Tori, como se ela vivesse em um mundo com regras sociais completamente diferentes do resto da humanidade.
Decidi ir direto ao ponto.
— Vocês são mesmo amigas — perguntei, me inclinando ligeiramente para frente —, ou ela só te usa para chegar até o Nate?
Tori piscou algumas vezes, claramente não esperando uma pergunta tão direta. Vi suas bochechas corarem ligeiramente.
— Eu... — hesitou, tentando encontrar as palavras certas. — Nossa amizade é...
— Como?
— Normalmente nesse mundo uma mão lava a outra — disse finalmente, quase sem vergonha, como se estivesse explicando um fato óbvio da vida.
Tori se levantou imediatamente, sua postura voltando àquela elegância defensiva que eu já conhecia bem. Sem dizer mais nada, ela deu as costas e saiu da biblioteca em direção ao corredor.
Nate apareceu na porta alguns segundos depois, observando Tori subir as escadas apressadamente.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, olhando de mim para a escada onde Tori havia desaparecido.
— Acho que Tori se irritou comigo — respondi honestamente.
— Sinto muito — Nate começou, franzindo as sobrancelhas com preocupação.
— Isso é bom — o interrompi, me levantando e ajeitando o livro de volta na estante.
Nate me olhou como se eu tivesse falado em outro idioma.
— Bom? Como assim? Às vezes ainda não consigo acompanhar você — disse, balançando a cabeça com aquela expressão confusa que sempre me fazia sorrir.
— Se Tori se irritou é porque se importa — expliquei, caminhando até ele e ajeitando a gola de sua camisa distraidamente. — O que já é bem melhor que a indiferença.
Nate me observou por alguns segundos, como se estivesse tentando decifrar meu raciocínio.
— Então você está... feliz que ela se irritou com você?
— Estou — confirmei, sorrindo pela primeira vez desde que havia acordado. — Significa que finalmente estou chegando até ela. E quem sabe, talvez eu ainda consiga conquistar minha cunhada antes de irmos embora.
A perspectiva me animava genuinamente. Tori era complicada, sim, mas havia algo nela que me fazia querer persistir. Talvez fosse a sensação de que por baixo de toda aquela armadura social havia uma pessoa real esperando para ser descoberta.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...