Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 289

Observei-o por alguns segundos, vendo como Nate se movia pelo quarto de forma mecânica, claramente com a mente em outro lugar. Decidi que não ia mais fingir que não havia notado nada.

— Você sabe que isso não vai funcionar, não é? — disse sem rodeios, ainda sentada na cama mas o encarando diretamente.

Ele se virou, surpreso pela minha abordagem direta.

— O quê? — perguntou, franzindo ligeiramente a testa.

— Você mentir e se isolar toda vez que tem um problema — respondi, me ajeitando na beirada da cama. — Especialmente quando o problema me envolve.

Vi suas sobrancelhas se erguerem em surpresa genuína.

— Como você sabe que o problema é sobre você?

— Porque eu estou aprendendo a decifrar você muito bem — disse, cruzando os braços. — E porque vi como você ficou tenso depois daquela ligação. Seja lá o que Tori disse para você na cozinha, me envolveu de alguma forma.

Nate suspirou profundamente, passando a mão pelos cabelos num gesto de frustração. Pela expressão em seu rosto, pude ver que ele estava prestes a me contar algo que preferia manter para si.

— Você está certa — admitiu finalmente, se aproximando da cama e se sentando ao meu lado. — É sobre você. Ou melhor, é sobre Alessandra.

Senti meu estômago se contrair ao ouvir aquele nome.

— O que ela tem a ver com isso?

— Lembra quando eu emprestei meu celular para Tori ver aquela receita na internet? — começou, sua voz assumindo um tom cuidadosamente controlado. — Bem, enquanto ela estava mexendo nele, apareceu uma mensagem de Alessandra.

Minha mandíbula se tensionou automaticamente. Claro que tinha a ver com Alessandra. Sempre tinha.

— Que tipo de mensagem? — perguntei, tentando manter minha voz neutra.

— Ela estava dizendo que estava planejando passar por Bath durante as festas e perguntando se eu estava na cidade — continuou Nate, me observando cuidadosamente para avaliar minha reação. — Tori, sem pensar nas consequências, respondeu como se fosse eu. Convidou Alessandra para o almoço de amanhã.

Senti a raiva começar a ferver no meu peito. Não de Tori, necessariamente - ela realmente parecia ser do tipo que agia por impulso - mas de toda a situação. Da forma como Alessandra sempre encontrava uma maneira de se infiltrar em nossas vidas.

— E aquelas ligações ontem à noite... — comecei.

— A primeira realmente foi de trabalho. Mas a segunda... Era ela estava confirmando que viria — Nate completou. — Disse que já havia aceitado o convite e que estava ansiosa para rever a família. Quando vi a troca de mensagens no meu celular, já era tarde demais. Ela já estava a caminho.

— Por isso você discutiu com Tori — observei.

— Fiquei furioso com ela — admitiu. — Não que ela tenha feito por mal. Tori é impulsiva e não tem filtro, você já deve ter percebido isso. E, para ser honesto, mesmo não tendo nada especificamente contra você, ela ainda gosta da ideia de ter Alessandra por perto. Nem que seja como amiga dela.

Respirei fundo, tentando processar todas as informações. Era frustrante, mas não completamente inesperado. Desde o primeiro momento, havia ficado claro que Tori havia feito planos que me excluíam completamente. Talvez ela até tivesse mudado de ideia sobre mim ao longo da noite. Mas definitivamente não tinha mudado de ideia sobre os benefícios de ter uma Bellucci em sua casa.

— Ela nunca perde uma chance, não é? — disse, mais para mim mesma do que para Nate.

— Quem? Tori ou Alessandra?

— Como assim?

— Vamos ficar — repeti, minha voz ganhando força com cada palavra. — Se Alessandra acha que tem algum lugar nessa família por ser amiga da sua irmã, ela vai ter que entender direitinho que o lugar de sua namorada já está ocupado.

Vi algo passar pelos olhos de Nate - surpresa, admiração, e talvez um pouco de preocupação.

— Anne, você tem certeza? — perguntou. — Alessandra pode ser... complicada.

— Eu sei exatamente como ela pode ser — respondi, caminhando até o espelho para começar a tirar a maquiagem. — E é exatamente por isso que não vou deixar que ela pense que pode me intimidar ou me fazer correr.

Me olhei no espelho e vi algo diferente refletido de volta. Não era mais a Anne insegura que se sentia deslocada na festa de Alessandra meses atrás. Era alguém que havia encontrado seu lugar, que sabia o que queria e estava disposta a lutar por isso.

— Além do mais — acrescentei, me virando para encarar Nate —, sua família me acolheu lindamente. Sua mãe me deu um presente feito à mão, seu pai me tratou como filha desde o primeiro momento, Oliver me incluiu em suas brincadeiras, e até mesmo Tori, do jeito peculiar dela, me deu um presente. Eu não vou deixar Alessandra estragar isso ou fazer com que eu me sinta como uma intrusa.

Nate se aproximou, colocando as mãos em meus ombros.

— Você tem certeza absoluta? — perguntou novamente. — Porque uma vez que decidirmos ficar, não tem volta. Vamos ter que enfrentar qualquer coisa que ela trouxer.

Olhei diretamente nos seus olhos verdes, vendo neles uma mistura de preocupação e admiração.

— Tenho certeza — disse com uma firmeza que me surpreendeu. — Alessandra que se prepare. Porquê dessa vez, eu não vou a lugar nenhum.