Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 295

~ Nathaniel ~

A raiva que senti quando Alessandra soltou aquela bomba sobre Anne quase me fazer ser demitido foi tão intensa que precisei apertar os punhos embaixo da mesa para não explodir ali mesmo. Era exatamente o tipo de manipulação baixa que esperava dela - trazer um assunto delicado e pessoal para a mesa de jantar da minha família, sabendo que Anne ficaria desconfortável e eu não poderia reagir adequadamente sem causar um escândalo.

— O quê? — meu pai repetiu, claramente confuso e preocupado.

Respirei fundo, tentando manter a voz calma e controlada.

— Não foi bem assim, pai — expliquei, lançando um olhar irritado para Alessandra, que assistia à situação com aquela expressão de falsa inocência que eu conhecia tão bem. — Anne foi envolvida numa mentira sobre vazamento de dados corporativos. Como descobriram sobre nós termos... nos conhecido antes dela começar a trabalhar na empresa, alguns membros do conselho acharam que ela poderia estar envolvida em espionagem corporativa. E eu estivesse... colaborando.

— Espionagem? — Oliver quase engasgou com o vinho. — Christian achou isso?

— Nem por um segundo — respondi rapidamente, querendo deixar claro que meu melhor amigo nunca havia duvidado de mim. — Mas como Christian estava passando por momentos difíceis no Brasil com o filho, o conselho acabou cuidando da situação.

— E o que aconteceu? — minha mãe perguntou, claramente preocupada.

— Anne foi declarada completamente inocente — disse com firmeza. — E eu também. Não havia nada para ser encontrado porque não fizemos nada errado.

— Não exatamente — Alessandra interrompeu com aquele tom casual que sempre usava quando estava prestes a fazer algum estrago. — Anne ainda está em supervisão, não está? Talvez não fosse bom vocês irem juntos na festa de Ano Novo. Seria melhor manter o relacionamento em segredo por enquanto.

Vi Anne se tensionar ao meu lado, e senti minha irritação com Alessandra crescer ainda mais.

— Manter em segredo como? — Anne perguntou, sua voz carregada de uma calma perigosa. — Se da última vez foi você que vazou tudo.

— Foi? — Alessandra respondeu com uma expressão de surpresa exagerada. — Ah, eu costumo falar demais quando me empolgo... — Fez uma pausa teatral, levando os dedos aos lábios em um gesto que parecia uma criança fazendo uma promessa. — Mas não vou falar nada dessa vez.

O gosto amargo daquela conversa permaneceu no ar durante o resto do jantar, mesmo que meus pais tentassem mudar de assunto e manter o clima leve. Pude ver que eles não desconfiavam de Anne - minha família a havia acolhido completamente - mas o problema era que também não desconfiavam de Alessandra. Para eles, ela era apenas uma amiga da família há anos – prima do Christian, amiga de Tori -, alguém que sempre havia sido bem-vinda em nossa casa.

Mas eu conhecia Alessandra bem demais para acreditar em qualquer coisa que saísse da boca dela.

A sobremesa que minha mãe havia preparado - um pudim de chocolate que normalmente eu adoraria - teve gosto de cinzas na minha boca. Cada comentário casual de Alessandra, cada sorriso direcionado para Anne, cada tentativa de dominar a conversa me irritava mais e mais.

Quando nos movemos para a sala de estar para chá e conversa, o ambiente familiar que tanto amava se sentia contaminado pela presença dela. Observei-a cumprimentar meu pai sobre sua mais recente composição, elogiar minha mãe sobre a decoração natalina, fazer Oliver rir com histórias sobre animais exóticos que havia visto em suas viagens.

Era uma performance magistral, e eu odiava cada segundo dela.

Finalmente, após o que pareceram horas, a família começou a se dispersar. Minha mãe se despediu de Alessandra com a mesma cordialidade de sempre, meu pai ofereceu o quarto de hóspedes como já havia feito tantas vezes antes, e Oliver deu boa noite a todos antes de sair para verificar os filhotes da Sarah (a golden).

— Vou subir — Anne disse suavemente, me tocando levemente no braço. — Você vem?

— Já subo — respondi, beijando sua testa. — Só quero terminar uma conversa com Alessandra.

Anne me olhou por alguns segundos, claramente percebendo que havia algo não dito ali, mas assentiu e subiu as escadas. Tori também se despediu, carregando sua nova caixa de sapatos como se fosse um tesouro.

Finalmente, ficamos sozinhos na sala de estar. Alessandra estava sentada elegantemente na poltrona, tomando o último gole de seu chá como se não tivesse causado qualquer tipo de problema durante a noite.

— Precisamos conversar — disse, minha voz baixa mas carregada de firmeza.

— Sobre o quê? — perguntou com aquela inocência fingida que me fazia querer gritar.