O interior do jatinho era ainda mais impressionante do que eu havia imaginado. O espaço da cabine principal parecia mais um apartamento luxuoso voando a quarenta mil pés de altitude do que um meio de transporte. Poltronas de couro creme se transformavam em camas com o toque de um botão, mesas de mogno polido surgiam das paredes quando necessário, e as janelas eram grandes o suficiente para proporcionar vistas espetaculares das nuvens que passavam lá fora.
Ginger estava agitada e feliz, explorando cada centímetro do espaço disponível com a curiosidade natural de um filhote. Seus passos pequenos e desajeitados sobre o carpete espesso criavam um som adorável enquanto ela caminhava de uma ponta à outra da cabine, ocasionalmente parando para cheirar algo interessante ou tentar mastigar um cabo que definitivamente não deveria estar ao alcance de cachorros.
— Alguém quer jogar cartas? — sugeriu Bianca, tirando um baralho de sua bolsa com o sorriso travesso que eu havia aprendido a reconhecer como sinal de que ela estava planejando nos derrotar em qualquer jogo que propusesse.
— Só se não for pôquer — disse Matheus imediatamente, se jogando numa das poltronas mais confortáveis. — Já perdi dinheiro suficiente para você esse ano.
— Como se em pôquer você fosse bom... — Bianca ri.
— Que tal UNO? — propôs Nate, se acomodando ao meu lado e puxando uma mesa pequena para o meio do grupo. — É democrático, qualquer um pode ganhar.
— Famosas últimas palavras — Marco comentou com diversão, se juntando ao nosso círculo improvisado.
Bianca distribuiu as cartas com a eficiência de um crupiê profissional, e logo estávamos todos concentrados em nossas mãos, tentando elaborar estratégias para derrotar uns aos outros. Ginger, aparentemente sentindo que estava sendo ignorada, decidiu que a mesa de cartas seria o lugar perfeito para uma soneca e se esticou bem no meio do nosso jogo.
— Ginger, sai daí, princesa — disse Nate, tentando soar firme ao educar a cachorrinha.
— Deixa ela — eu disse, passando a mão carinhosamente por suas costas. — Podemos jogar ao redor dela.
— Você está mimando demais a Ginger — acusou Nate, mas seu tom era de pura diversão.
— Eu? — rebati, me virando para encará-lo com uma expressão de falsa incredulidade. — Quem foi que mandou fazer uma caminha personalizada com o nome dela bordado a ouro? Quem comprou brinquedos suficientes para abrir um pet shop? E quem comprou três tipos diferentes de ração "gourmet" porque queria que ela tivesse opções?
— Tá, tá, eles já entenderam — Nate disse, levantando as mãos em rendição enquanto todo mundo explodia em gargalhadas.
O que se seguiu foi possivelmente o jogo de UNO mais caótico da história, com todos nós tentando jogar cartas sem acordar Ginger, sussurrando nossas vitórias e derrotas como se estivéssemos numa biblioteca. Quando Bianca finalmente ganhou com uma combinação devastadora de cartas especiais, tivemos que comemorar em silêncio para não perturbar nossa pequena árbitra canina.
— Vou buscar algo para beber — anunciei, me levantando cuidadosamente para não interromper Ginger, que havia mudado de posição mas continuava dormindo profundamente.
Marco se levantou também. — Eu te acompanho. Quero ver o que tem nessa cozinha impressionante.
Caminhamos juntos até a área de serviço do jato, onde uma seleção impressionante de bebidas e lanches havia sido preparada para nossa viagem. Enquanto eu escolhia uma água com gás, Marco se serviu de café e ficamos alguns momentos em silêncio confortável.
— Anne — disse finalmente, sua voz mais séria do que havia estado durante o jogo. — Soube do que aconteceu na festa de Ano Novo.
Senti meu estômago se contrair ligeiramente. Mesmo depois de semanas, ainda era difícil falar sobre aquela noite sem sentir uma pontada de ansiedade.
— Eu queria aparecer, oferecer apoio — continuou Marco, olhando para o café em suas mãos. — Mas não sabia como Nate lidaria com minha presença. Não queria complicar uma situação que já estava difícil o suficiente.
— Nate está tranquilo com você agora — assegurei, tocando seu braço brevemente. — Ele entende que somos amigos, nada mais.
Marco assentiu, seus olhos me estudando com a preocupação genuína.
— Como você está lidando com tudo isso? — perguntou gentilmente.
Respirei fundo, considerando sua pergunta. Era uma das poucas pessoas que me conhecia bem o suficiente para entender que respostas superficiais não funcionariam.
— Ainda é horrível pensar no que quase aconteceu — admiti honestamente. — Especialmente sabendo que a pessoa que arquitetou tudo isso está sentada em uma cadeira do conselho da Bellucci, continuando sua vida como se nada tivesse acontecido. Mas estou lidando com isso, um dia de cada vez.
— Eu sei que está — Marco disse com convicção. — Sei que você é forte.
— Finalmente alguém que entende — Nate concordou, fazendo-me revirar os olhos.
— Vocês dois são impossíveis — declarei, mas estava sorrindo.
Voltamos para o grupo principal, onde encontramos Bianca tentando ensinar truques básicos para Ginger, que estava mais interessada em mastigar os sapatos de Matheus do que em aprender comandos.
— Ela é muito nova ainda — disse Matheus, observando Ginger ignorar completamente os esforços de Bianca. — Mas quando crescer, vai ser uma golden retriever incrível.
— Ela já é incrível — insisti, me sentando no chão para ficar no nível dela. — Não é, minha linda?
Ginger respondeu se jogando no meu colo e tentando lamber meu rosto, causando risadas gerais.
— Vocês dois são patéticos — Bianca observou com carinho. — É como assistir dois pais babões com o primeiro filho.
— E qual é o problema com isso? — Nate perguntou, se sentando ao meu lado e coçando atrás das orelhas de Ginger.
— Nenhum — Bianca admitiu. — Na verdade, é adorável.
O resto do voo passou numa névoa agradável de conversas, risadas e Ginger proporcionando entretenimento constante com sua curiosidade canina. Quando o piloto anunciou que estávamos começando a descida para a Serra Gaúcha, todos nós estávamos ansiosos para aterrissar e começar nossa aventura brasileira.
— Ansioso para voltar ao Brasil? — perguntei para Nate, observando a paisagem familiar se aproximando através da janela.
— Sempre — respondeu, beijando minha têmpora. — Mas desta vez é especial. É a primeira vez que venho como parte da família.
Ginger latiu uma vez, como se concordasse, e todos nós rimos da nossa pequena família internacional se preparando para pousar em terras brasileiras.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...