~ MARCO ~
Encostado na parede de vidro que dava vista para a pista do aeroporto, observo o movimento constante de pessoas ao meu redor. Casais rindo enquanto consultam seus celulares, famílias inteiras carregadas de malas e animação, executivos checando e-mails de última hora, viajantes solitários perdidos em livros ou fones de ouvido. Todos parecem saber exatamente onde estão e para onde vão.
Eu, por outro lado, estou aqui esperando uma mulher cujo nome não conheço, prestes a embarcar para uma lua de mel que não é minha, com base em uma promessa feita depois de uma noite de sexo que ainda parece irreal.
Passo a mão pelo bolso da jaqueta e sinto o papel amassado que ela deixou no quarto do hotel. Informações sobre o voo, portão de embarque, horário — tudo anotado com uma letra apressada mas caprichosa. "Assim não precisamos trocar telefones e nem descobrimos nossos nomes no balcão de check-in", ela havia dito, com aquele sorriso misterioso que não saía da minha cabeça.
Qualquer homem racional teria jogado aquele papel fora. Ou melhor, qualquer homem racional nem teria chegado até aqui. Quem em sã consciência aceita embarcar para as Maldivas com uma completa desconhecida, apenas algumas horas depois de conhecê-la fugindo de um casamento?
Mas eu estou aqui.
E sei exatamente por quê.
Não quero deixar essa chance escapar novamente.. Não posso passar o resto da vida me perguntando "e se". E se essa mulher — essa deusa vestida de noiva que apareceu na minha frente como se tivesse caído do céu — for a oportunidade que o destino está me dando de não repetir os erros do passado?
Não é todos os dias que uma noiva em fuga cruza seu caminho enquanto você está passando de moto por uma avenida qualquer. Aquilo não foi coincidência, foi mais como um letreiro de neon piscando insistentemente no meu cérebro: "ESTA É SUA CHANCE, IDIOTA. NÃO DESPERDICE."
O relógio no meu pulso indica que falta quinze minutos para o horário do embarque. Ao meu redor, passageiros começam a se movimentar na direção do portão, organizando documentos, ajeitando bagagens de mão, formando pequenos grupos de conversa. Uma família com três crianças pequenas passa correndo ao meu lado, a mãe gritando algo sobre não esquecer o ursinho de pelúcia.
Será que ela vem mesmo?
A pergunta ressoa na minha mente pela décima vez em menos de meia hora. Será que não foi apenas o álcool e o desespero falando quando ela me fez aquela proposta insana? Será que ela não chegou em casa, olhou para o próprio reflexo no espelho e pensou: "Que loucura eu fiz ontem"?
Seria compreensível. Afinal, quem sou eu para ela além de um desconhecido que apareceu no momento certo? Ou no momento errado, dependendo do ponto de vista.
— Atenção senhores passageiros do voo EK261 com destino à Dubai, favor se dirigirem ao portão 12 para início do embarque.
Meu coração acelera. O anúncio ecoa pelo terminal e um grupo considerável de pessoas começa a se movimentar na direção do nosso portão. Verifico minha passagem mais uma vez, como se ela pudesse ter mudado de informação nos últimos cinco minutos. Portão 12. É aqui mesmo.
Mas ela ainda não apareceu.
Talvez seja melhor assim. Talvez seja um sinal de que essa história toda foi apenas um delírio momentâneo e agora posso voltar à minha vida normal, sensata e previsível. Talvez eu desse ligar para Christian e informar que estava oficialmente colocando um ponto final nas minhas férias não programadas. Ele teria um lugar para mim de volta. Ele sempre teria.
— Início do embarque prioritário para passageiros da primeira classe e executiva do voo 3847.
Olho para minha passagem. Primeira classe. Ela realmente não havia economizado na lua de mel. Ou melhor, o ex-noivo não havia economizado.
Mesmo com os óculos escuros, consigo ver seus olhos me procurando, me encontrando, se fixando nos meus. E naquele instante, toda a racionalidade que tentei manter durante a manhã vai por água abaixo.
— Desculpe, desculpe! — Ela para na minha frente, ligeiramente ofegante. — Trânsito horrível e... nossa, você veio mesmo.
— Você também — respondo, incapaz de esconder o sorriso que toma conta do meu rosto.
— Vocês estão juntos? — A funcionária da companhia aérea nos interrompe, estendendo a mão para nossas passagens.
Olhamos uma para o outro por um segundo que parece eterno. Ela poderia voltar atrás. Eu poderia voltar atrás. Ainda dava tempo.
— Estamos — ela responde antes de mim, tirando os óculos escuros e me encarando diretamente.
Seus olhos cor de mel estão determinados, mas consigo ver um rastro de vulnerabilidade ali. Não é mais apenas uma noiva em fuga correndo de um casamento fracassado. É uma mulher tomando uma decisão consciente, mesmo que insana.
— Ótimo — digo, entregando minha passagem à funcionária. — Estamos.
Enquanto caminhamos pela ponte de embarque em direção ao avião, ela ao meu lado arrastando a mala e eu carregando minha bagagem, tenho uma única certeza absoluta: ela pode ser uma completa desconhecida. Pode ser que eu não saiba seu nome, sua idade, sua profissão ou qualquer detalhe da sua vida. Mas quando nossos olhares se encontraram naquele portão de embarque, eu soube que já estava dentro dessa loucura até o fim.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...