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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 359

~ MAITÊ ~

Não consegui voltar a dormir depois que ele saiu para atender a ligação. Fingi estar dormindo quando ouvi seus passos cuidadosos se afastando da cama, mas na verdade fiquei ali, completamente desperta, ouvindo fragmentos da conversa que vinha da varanda.

Não consegui escutar tudo, mas certas palavras chegaram até mim com uma clareza perturbadora: "conselho", "família", "Matteo", e principalmente uma voz feminina animada gritando algo sobre um bebê. Zoey, foi o nome que ouvi. Uma mulher chamada Zoey falando sobre primeiras palavras, sobre "papai" e "mamãe".

Deitada ali na escuridão, era impossível não conectar os pontos de uma forma que me fez o estômago revirar. Um homem que atende ligações no meio da madrugada, fala sobre família, sobre um bebê, com uma mulher que claramente tem intimidade suficiente para ligar a qualquer hora. As conclusões pareciam óbvias demais.

Quando ele finalmente voltou, tentando ser silencioso, mantive os olhos fechados por alguns segundos. Mas a tensão no meu peito era insuportável. Não podia simplesmente fingir que não ouvi nada, não podia continuar ali como se tudo estivesse normal quando cada fibra do meu ser estava gritando que eu estava cometendo um erro.

Abri os olhos e o encontrei parado no meio do quarto, ainda segurando o celular. Mesmo na penumbra, pude ver a expressão de quem foi pego desprevenido.

— Você é casado? — A pergunta saiu direta, sem rodeios. Não havia como suavizar aquilo.

Ele me olhou com uma expressão que misturava surpresa e algo que quase parecia diversão. Por um momento, pensei que ele fosse rir da situação, e isso me deixou ainda mais nervosa.

— Se eu fosse casado, você acha que estaria aqui com você? — ele tentou, mas eu balancei a cabeça antes mesmo que terminasse de falar.

— Desta vez, não quero meias palavras — disse, me sentando na cama e puxando o lençol para me cobrir. — Não quero jogos, não quero respostas enigmáticas. Quero uma resposta direta.

A mudança no meu tom deve ter sido clara, porque vi sua postura se alterar completamente. A diversão desapareceu do rosto dele, substituída por seriedade.

— Eu ouvi a conversa, Apolo. Ouvi você falando sobre família, sobre um bebê, sobre uma mulher chamada Zoey.

— Você ouviu pedaços de uma conversa...

— Pedaços suficientes — o interrompi. — E olha, eu entendo que temos nosso acordo sobre não compartilhar informações pessoais, mas isso é diferente. Não quero estar me envolvendo com um homem comprometido.

— Se envolvendo? — ele repetiu, e havia algo provocativo na forma como disse isso, como se estivesse testando o peso das minhas palavras.

Senti o calor subir pelo meu pescoço. Talvez eu tivesse revelado mais do que pretendia sobre como estava me sentindo em relação a ele, mas não podia recuar agora.

— Você sabe o que quero dizer — respondi, tentando manter a voz firme. — Mesmo que seja só essa semana, mesmo que seja apenas o que combinamos... não quero a sensação de estar causando em outra mulher o que causaram em mim.

A menção ao que aconteceu comigo pareceu atingi-lo de uma forma que não esperava. Sua expressão se suavizou completamente, e ele se aproximou da cama lentamente.

— Não sou casado — disse, e havia uma firmeza em sua voz que não estava lá antes. — Não sou comprometido, não tenho namorada, não tenho ninguém esperando por mim em casa.

— Então quem é Zoey? E o bebê?

— Zoey é a esposa do meu primo. Matteo é filho deles — ele explicou, sentando-se na beirada da cama. — A ligação era sobre trabalho. Só atendi porque no Brasil ainda era um horário aceitável, e... Bem, 80% das vezes que meu primo me liga tem trabalho ou família envolvido.

— Ainda não sei — ele respondeu, e havia algo perigosamente sedutor em sua voz. — Mas vou usar isso no momento certo.

Um arrepio percorreu minha espinha com essa resposta. Não era apenas o que ele disse, mas a forma como disse, como se estivesse fazendo uma promessa que ia além de uma simples troca de informações. Como se ele estivesse guardando aquela carta para usar quando pudesse causar o maior impacto possível.

— Isso não é muito justo — protestei, mas minha voz saiu mais fraca do que pretendia.

— Por quê? — ele se inclinou ligeiramente em minha direção. — Você teve a chance de fazer sua pergunta quando quis. Agora é minha vez de escolher quando fazer a minha.

— E se eu não quiser responder?

— Então vamos descobrir o que acontece quando você quebra um acordo comigo — ele respondeu, e havia algo ao mesmo tempo ameaçador e excitante nessas palavras.

Engoli em seco, percebendo que o jogo entre nós havia mudado de nível completamente. Não era mais apenas sobre manter segredos ou preservar mistério. Havia se tornado algo mais complexo, mais perigoso, mais... íntimo.

— Você está tentando me assustar? — perguntei, tentando soar mais corajosa do que me sentia.

— Estou tentando te manter interessada — ele respondeu, e sorriu daquele jeito que fazia meu coração acelerar.

Percebi naquele momento que ele tinha conseguido exatamente o que queria. Minha desconfiança havia se transformado em curiosidade, minha irritação havia se tornado antecipação. E agora eu estava ali, completamente desperta no meio da madrugada, pensando em que pergunta ele poderia fazer e quando escolheria fazê-la.

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