~ MAITÊ ~
Silêncio.
Era tudo que restava entre nós depois que terminei de contar minha história. Minhas palavras ainda ecoavam no ar morno da noite tropical, misturadas ao som distante das ondas e ao murmúrio baixo de outros casais jantando nas mesas ao redor. Mantive os olhos fixos na taça de vinho na minha frente, observando como a luz das velas se refletia no líquido vermelho-escuro, porque olhar para Apolo naquele momento seria impossível.
Havia contado tudo. Ou quase tudo.
Falara sobre a traição que descobri no dia que deveria ter sido o mais feliz da minha vida. Sobre encontrar meu noivo - cujo nome verdadeiro não mencionei - com aquela que acreditei ser minha melhor amiga, planejando usar meu casamento como uma moeda de troca em um jogo muito maior do que eu jamais imaginara. Falara sobre meus pais, sobre como descobri que eles não apenas sabiam de tudo, mas eram cúmplices dispostos a me sacrificar pelo "bem maior" da família.
Não havia dado detalhes específicos. Não mencionei os parques Salvani, não falei sobre cassinos ilegais, não citei nomes ou sobrenomes. Mas contei sobre a dor. Sobre como foi descobrir que duas das pessoas em quem mais confiava no mundo - meu noivo e minha suposta melhor amiga - nunca me amaram de verdade. Que eu era apenas uma peça conveniente em um tabuleiro que eles estavam jogando há anos.
Minha voz embargara várias vezes durante o relato. Em alguns momentos, tive que parar completamente, respirar fundo, e forçar as palavras a saírem. Minhas mãos tremeram quando falei sobre ouvir os planos deles através da porta entreaberta, sobre a forma casual como discutiam meu futuro como se eu fosse propriedade a ser negociada.
— No final — disse, finalmente levantando os olhos da taça para encará-lo — percebi que eu nunca fui noiva. Eu fui apenas a moeda mais valiosa de um jogo que não escolhi jogar. — E o pior? O pior era que meus sentimentos claramente não entendiam a grandiosidade disso tudo porque... Porque quando parava e pensava, ele ainda era o homem que eu amava e com quem eu ia me casar. Ela ainda era a minha melhor amiga.
Apolo não respondeu imediatamente. Durante todo o meu relato, ele permanecera em silêncio, mas pude observar suas reações físicas: a forma como seus dedos se fecharam lentamente em punhos sobre a mesa, como um músculo em sua mandíbula se contraiu quando falei sobre a traição, como seus olhos se estreitaram quando mencionei a cumplicidade dos meus pais.
— Então não pense — disse finalmente. — É para isso que estamos aqui, não é?
Agora ele me observava com uma intensidade que era ao mesmo tempo perturbadora e reconfortante. Não havia pena em seus olhos, pelo que eu era grata. Havia algo mais profundo - compreensão, talvez. Ou reconhecimento.
— Eu entendo — disse finalmente, sua voz baixa mas firme. — O peso de um sobrenome pode engolir sua identidade. Chega uma hora em que você não é mais você — é apenas um título, uma peça do império da família.
As palavras me atingiram com uma força inesperada. Não eram apenas empatia genérica - era um entendimento específico, visceral. Como se ele soubesse exatamente do que eu estava falando não por imaginação, mas por experiência própria.
— Você fala como quem sabe — observei cuidadosamente.
— Você sabe — disse finalmente, tentando aliviar o peso emocional do momento — acho que precisamos de um brinde.
— A quê? — ele perguntou, um pequeno sorriso tocando os cantos da boca.
Levantei minha taça de vinho, que ainda estava pela metade, e a ergui no ar entre nós.
— A não ter sobrenome por uma semana.
Por um momento, Apolo simplesmente me olhou. Depois seu olhar se moveu para a garrafa de vinho sobre a mesa - um Bellucci de rótulo dourado que pela forma reverente como o sommelier o apresentou, claramente não era algo barato. Havia algo quase irônico em seu sorriso quando finalmente pegou sua própria taça.
— A não ter sobrenome — ele repetiu, erguendo o vinho.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...