Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 366

~ MAITÊ ~

Silêncio.

Era tudo que restava entre nós depois que terminei de contar minha história. Minhas palavras ainda ecoavam no ar morno da noite tropical, misturadas ao som distante das ondas e ao murmúrio baixo de outros casais jantando nas mesas ao redor. Mantive os olhos fixos na taça de vinho na minha frente, observando como a luz das velas se refletia no líquido vermelho-escuro, porque olhar para Apolo naquele momento seria impossível.

Havia contado tudo. Ou quase tudo.

Falara sobre a traição que descobri no dia que deveria ter sido o mais feliz da minha vida. Sobre encontrar meu noivo - cujo nome verdadeiro não mencionei - com aquela que acreditei ser minha melhor amiga, planejando usar meu casamento como uma moeda de troca em um jogo muito maior do que eu jamais imaginara. Falara sobre meus pais, sobre como descobri que eles não apenas sabiam de tudo, mas eram cúmplices dispostos a me sacrificar pelo "bem maior" da família.

Não havia dado detalhes específicos. Não mencionei os parques Salvani, não falei sobre cassinos ilegais, não citei nomes ou sobrenomes. Mas contei sobre a dor. Sobre como foi descobrir que duas das pessoas em quem mais confiava no mundo - meu noivo e minha suposta melhor amiga - nunca me amaram de verdade. Que eu era apenas uma peça conveniente em um tabuleiro que eles estavam jogando há anos.

Minha voz embargara várias vezes durante o relato. Em alguns momentos, tive que parar completamente, respirar fundo, e forçar as palavras a saírem. Minhas mãos tremeram quando falei sobre ouvir os planos deles através da porta entreaberta, sobre a forma casual como discutiam meu futuro como se eu fosse propriedade a ser negociada.

— No final — disse, finalmente levantando os olhos da taça para encará-lo — percebi que eu nunca fui noiva. Eu fui apenas a moeda mais valiosa de um jogo que não escolhi jogar. — E o pior? O pior era que meus sentimentos claramente não entendiam a grandiosidade disso tudo porque... Porque quando parava e pensava, ele ainda era o homem que eu amava e com quem eu ia me casar. Ela ainda era a minha melhor amiga.

Apolo não respondeu imediatamente. Durante todo o meu relato, ele permanecera em silêncio, mas pude observar suas reações físicas: a forma como seus dedos se fecharam lentamente em punhos sobre a mesa, como um músculo em sua mandíbula se contraiu quando falei sobre a traição, como seus olhos se estreitaram quando mencionei a cumplicidade dos meus pais.

— Então não pense — disse finalmente. — É para isso que estamos aqui, não é?

Agora ele me observava com uma intensidade que era ao mesmo tempo perturbadora e reconfortante. Não havia pena em seus olhos, pelo que eu era grata. Havia algo mais profundo - compreensão, talvez. Ou reconhecimento.

— Eu entendo — disse finalmente, sua voz baixa mas firme. — O peso de um sobrenome pode engolir sua identidade. Chega uma hora em que você não é mais você — é apenas um título, uma peça do império da família.

As palavras me atingiram com uma força inesperada. Não eram apenas empatia genérica - era um entendimento específico, visceral. Como se ele soubesse exatamente do que eu estava falando não por imaginação, mas por experiência própria.

— Você fala como quem sabe — observei cuidadosamente.

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