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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 378

~ MAITÊ ~

— Então, qual dessas opções vocês preferem? — A confeiteira sorriu enquanto organizava uma seleção elaborada de docinhos sobre a mesa de mármore branco de sua confeitaria. O lugar era um desses estabelecimentos caros de São Paulo, com paredes cor de rosa claro, lustres de cristal e uma vitrine que parecia mais uma joalheria do que uma confeitaria. — Temos brigadeiros gourmet com pistache, beijinhos de coco com castanha-do-pará, cajuzinhos com doce de leite artesanal, e esses mini éclairs de chocolate belga que estão fazendo muito sucesso nos eventos da temporada.

Estava sentada entre Lívia e Viviane em uma das poltronas de veludo da boutique, participando de mais uma das intermináveis sessões de "preparativos do casamento perfeito". Meus enjoos matinais haviam dado uma trégua naquele dia específico, mas o cheiro doce excessivo e perfumado do lugar ainda me fazia sentir ligeiramente nauseada. Era como se cada aroma açucarado fosse uma lembrança constante da farsa que estava sendo cuidadosamente construída ao meu redor.

— Na última festa da família eles estavam uma delícia — Viviane comentou alegremente, pegando um beijinho delicadamente decorado para experimentar. — Pena que a noiva fugiu antes de poder provar, não é?

A confeiteira riu educadamente, mas percebi o desconforto instantâneo em seus olhos. Todo mundo em São Paulo sabia da história oficial - o colapso nervoso súbito, a internação em clínica psiquiátrica de luxo, a recuperação milagrosa e o retorno triunfante para um novo casamento. Mesmo assim, comentários como esse de Viviane sempre me faziam querer literalmente afundar na cadeira e desaparecer.

— Bem, desta vez vamos garantir que tudo corra absolutamente perfeito — a confeiteira disse diplomaticamente, voltando sua atenção profissional para as amostras cuidadosamente dispostas.

Peguei um cajuzinho e o mastiguei mecanicamente, tentando demonstrar interesse genuíno por algo que me parecia completamente irrelevante. Que diferença real fazia o sabor dos docinhos quando toda a festa seria uma elaborada encenação teatral? Quando cada convidado estaria lá não para celebrar amor, mas para testemunhar um contrato de negócios disfarçado de cerimônia?

Lívia estava quieta ao meu lado, observando tudo com aquele olhar analítico que eu conhecia bem. Ela pegava pequenas amostras, fazia comentários educados sobre texturas e sabores, mas eu podia sentir que sua mente estava em outro lugar completamente diferente.

— Estava pensando uma coisa... — Lívia disse de repente, me tirando dos pensamentos sombrios que vinham me consumindo. — Maitê precisa mesmo relaxar nessas próximas semanas antes do grande dia. Por que você não faz umas aulas de yoga comigo? Li em vários lugares que faz muito bem para o bebê e ainda vai te ajudar a acalmar os nervos nesses dias pré-casamento.

Levantei os olhos surpresa pela sugestão inesperada. Lívia nunca havia proposto atividades juntas na frente de Viviane. Normalmente tentávamos manter nossa intimidade verdadeira longe dos olhares constantemente vigilantes da minha "dedicada madrinha".

— Yoga? — Viviane franziu a testa imediatamente, parecendo desconfiada por instinto. — Não sei se é uma boa ideia para alguém na condição da Maitê. Ela precisa evitar qualquer tipo de atividade que possa ser... excessivamente estimulante. Considerando o estado delicado dela, tanto físico quanto emocional.

— Pode ser uma boa distração mental para a Maitê — Viviane disse finalmente, mas havia relutância clara em sua voz cuidadosamente modulada. — Mas eu realmente não posso participar pessoalmente. Tenho muitas responsabilidades importantes para organizar antes do casamento. Alguém precisa cuidar dos detalhes práticos.

Pude quase ver as engrenagens mentais funcionando em alta velocidade na cabeça calculista de Viviane. Ela já estava organizando internamente como manter controle total da situação - provavelmente um segurança sendo discretamente posicionado nas proximidades do estúdio de yoga, alguém específico para observar e reportar cada movimento meu, cada pessoa com quem eu conversasse. Nada que Dominic não pudesse facilmente acrescentar no orçamento sempre crescente de controle passo a passo da noiva fugitiva.

A confeiteira continuava falando sobre opções de decoração dos docinhos, sobre cores que combinavam com o tema do casamento, sobre quantidades necessárias para o número de convidados. Mas minha atenção estava completamente focada na dinâmica sutil que se desenrolava entre Lívia e Viviane.

— Ótimo! — Lívia bateu palmas como se Viviane tivesse concordado completamente e entusiasticamente com toda a proposta. — Começamos amanhã então.

Quando o olhar de Lívia cruzou com o meu, soube imediatamente que havia algo ali que ela não estava contando.

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