Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 38

— Vamos resolver esse conflito de agenda em um lugar mais tranquilo? — sugeriu Elise, seu sorriso profissional não alcançando os olhos. — A menos que prefira discutir negócios no meio do salão.

Avaliei minhas opções, nenhuma delas agradável. Recusar parecia infantil e pouco profissional. Aceitar significava tempo a sós com Elise. Entre o profissionalismo e o conforto pessoal, escolhi o primeiro.

— Claro. O lounge dos expositores deve estar vazio agora.

Caminhamos em silêncio pela lateral do salão, através de um corredor menos movimentado até uma pequena sala reservada para os organizadores dos estandes. Como previ, estava vazia, com apenas alguns sofás, uma mesa de centro, e uma máquina de café que zumbia suavemente no canto.

— Então — comecei, mantendo o tom estritamente profissional. — Sobre os horários conflitantes...

— Vamos pular essa parte, sim? — Elise fechou a porta atrás de si, seu sorriso desaparecendo instantaneamente. — Não há conflito nenhum. Inventei isso para conversarmos em particular.

— Não temos nada para conversar.

— Pelo contrário. — Ela caminhou até a máquina de café, servindo-se como se estivesse em seu próprio escritório. — Tenho curiosidade em saber como você conseguiu esse emprego tão rapidamente. Especialmente considerando que sua experiência em RP se limitava a vender vestidos.

Mantive a postura ereta, recusando-me a mostrar qualquer sinal de insegurança.

— Tenho formação em RP, você sabe disso. Estudamos juntas.

— E ainda assim, foi só depois de se envolver com um Bellucci que magicamente conseguiu entrar no mundo que eu construí por anos. — Ela deixou a xícara na mesa. — Coincidência interessante, não?

— Não existe coincidência. Existe trabalho duro.

— Por favor, Zoey. — Elise revirou os olhos. — Um homem como Christian Bellucci, de repente noivo de alguém como você? Todo mundo se perguntava o que ele viu em você.

— "Alguém como eu"? — repeti, sentindo a raiva crescer. — O que, exatamente, isso significa?

Ela me avaliou de cima a baixo, seu olhar calculista mascarado por um sorriso de superioridade.

— Sabe o que é engraçado, Elise? — respondi, mantendo a voz controlada. — Você sempre teve essa necessidade de se sentir superior. Sempre precisou me diminuir para se sentir melhor. Foi assim na faculdade, foi assim quando era minha amiga, e foi assim quando decidiu que merecia ficar com meu noivo.

Ela endureceu a expressão.

— Isso não tem nada a ver com o que estamos discutindo.

— Pelo contrário. Tem tudo a ver. — Dei um passo em sua direção. — Você não suporta o fato de que, mesmo depois do que você e Alex fizeram, eu segui em frente. Foi comigo que Alex estava noivo. Foi comigo que ele planejou um futuro, antes de você se meter no meio.

— O que está insinuando?

— Não estou insinuando nada. Estou afirmando que você era minha melhor amiga, ele era meu noivo, e vocês dois me traíram. — O veneno que havia guardado por tanto tempo finalmente transbordava. — E agora está tentando me diminuir porque não suporta a ideia de que eu segui em frente. De que consegui algo por conta própria.

— Por conta própria? — Ela soltou uma risada cruel. — Todos sabemos que você só está aqui por causa da sua conexão com Christian!

— Pelo menos ele me escolheu. — As palavras saíram antes que pudesse contê-las. — Enquanto Alex... bem, estou certa de que ele pularia na minha cama em dois segundos se eu estalasse os dedos.

O rosto de Elise empalideceu, depois corou intensamente. Sua mão cortou o ar antes que eu pudesse reagir, o tapa atingindo minha bochecha com força surpreendente.

O som ecoou na pequena sala, a porta aberta permitindo que o estalo fosse ouvido no corredor. Meu rosto queimava, mais de humilhação do que de dor, enquanto percebia os olhares chocados de pessoas que haviam parado para assistir nossa discussão.

Um dos seguranças do evento avançou imediatamente pelo vão da porta, seguido por dois organizadores. Vários curiosos se aglomeravam no corredor, alguns com celulares discretamente apontados em nossa direção.

— O que está acontecendo aqui? — O segurança olhou de mim para Elise, percebendo a tensão óbvia e minha bochecha avermelhada.

Enquanto ele me guiava para fora da sala, através do corredor, captei um vislumbre de Christian parado perto da entrada do salão principal. Nossos olhares se cruzaram brevemente, e algo em sua expressão – surpresa? preocupação? – fez meu estômago se contrair. Ele havia visto ou ouvido o que aconteceu?

Eduardo me conduziu até uma pequena sala de reuniões vazia, fechando a porta atrás de nós.

— Isso foi um desastre, Zoey — ele disse, sua voz mais suave agora. — O que aconteceu?

— Ela me provocou. — Toquei minha bochecha ainda quente. — Disse coisas... pessoais.

Eduardo suspirou, sentando-se na cadeira ao meu lado.

— Entendo que vocês têm história, mas precisamos manter o profissionalismo. Este evento é crucial para a Vale do Sol.

— Eu sei. Sinto muito. — E realmente sentia. Independentemente de como Elise havia me provocado, eu tinha reagido mal. Tinha permitido que o pessoal interferisse no profissional.

— Não é o fim do mundo. — Eduardo sorriu de repente, inclinando-se ligeiramente em minha direção. — Na verdade, pode ser exatamente a oportunidade que precisávamos.

— Como assim?

— Elise é a fraqueza da Elite RP. É temperamental, impulsiva... e acaba de cometer um erro muito público.

Franzi o cenho, sem entender aonde ele queria chegar.

— E?

— E isso nos dá uma abertura. — Seus olhos brilharam com algo que não reconheci imediatamente. — Zoey, preciso te contar um segredo. A verdadeira razão pela qual te contratei.