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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 383

~ MAITÊ ~

A clínica particular onde Viviane havia marcado meu ultrassom era um desses lugares caros e assépticos que cheiravam a desinfetante misturado com perfume importado. O ambiente frio de mármore branco e vidro me fazia sentir ainda mais sufocada, como se fosse uma prisioneira sendo escoltada para mais um procedimento obrigatório.

Desde o momento em que entramos na recepção, Viviane assumiu o controle total da situação. Apresentou meus documentos, informou sobre o convênio, respondeu perguntas que deveriam ser direcionadas a mim. Se pudesse, teria até assinado por mim. Tudo com aquela eficiência falsa que já havia se tornado sua marca registrada.

— Maitê Salvani para ultrassom com a Dra. Helena Monteiro — disse para a recepcionista, como se eu fosse incapaz de falar por mim mesma.

— Relacionamento com a paciente? — a moça perguntou, olhando de Viviane para mim.

— Melhor amiga e madrinha — Viviane respondeu com um sorriso radiante. — Estou cuidando de todos os preparativos médicos para que ela possa se concentrar apenas no bem-estar do bebê.

A forma como falava me dava náuseas. Como se minha gravidez fosse um projeto conjunto, como se ela tivesse algum direito sobre as decisões médicas relacionadas ao meu filho.

Quando fomos chamadas para o consultório, a Dra. Monteiro nos recebeu com um sorriso profissional. Era uma mulher de meia-idade, cabelos grisalhos presos em um coque impecável.

— Então, Maitê — disse, direcionando-se diretamente a mim — como você está se sentindo? Algum sintoma específico?

Antes que eu pudesse responder, Viviane se adiantou:

— Ela tem tido alguns enjoos matinais, mas nada fora do normal. Estamos muito animadas para ver o bebê pela primeira vez e saber se está tudo bem com a saúde.

A médica olhou brevemente para Viviane, depois voltou sua atenção para mim.

— Como tem se sentido? — Repetiu.

— Os enjoos são... intensos — consegui dizer. — Principalmente de manhã. E estou muito cansada.

— Completamente normal para o primeiro trimestre — a doutora explicou, me indicando a maca. — Vamos dar uma olhada no seu bebê.

Deitei-me na maca, levantando ligeiramente a blusa para expor minha barriga ainda praticamente lisa. O gel para o ultrassom estava gelado, fazendo-me estremecer quando a médica o aplicou. Viviane se posicionou ao lado da maca, observando tudo com atenção.

Quando a imagem apareceu na tela, meu coração parou por um segundo. Ali estava ele - meu bebê. Pequenino, ainda mais parecido com um feijãozinho do que com uma pessoa, mas real. Completamente real. O som do batimento cardíaco ecoou alto pela sala, rápido e forte, e senti lágrimas queimando meus olhos.

Era a primeira vez desde que descobri a gravidez que sentia algo genuinamente maternal, algo que não tinha a ver com medo ou consequências. Era meu filho, independente de quem fosse o pai, independente das circunstâncias. Era uma vida que estava crescendo dentro de mim.

— Dez semanas — a Dra. Monteiro anunciou, ajustando a sonda para obter diferentes ângulos. — Desenvolvimento completamente normal para a idade gestacional.

— Que bênção! — Viviane exclamou com entusiasmo exagerado. — Já dá para saber o sexo? E o tamanho? Está tudo saudável?

— Ainda é muito cedo para determinar o sexo — a médica respondeu pacientemente. — E sim, pelos parâmetros que consigo medir, o desenvolvimento está dentro do esperado.

Viviane se inclinou mais para perto da tela, como se estivesse estudando cada pixel da imagem.

— Doutora — disse, sua voz assumindo um tom mais sério — já dá para fazer teste de DNA? É importante que tenhamos certeza absoluta de tudo desde cedo.

Senti meu corpo inteiro se tensionar. A médica parou o movimento da sonda e olhou diretamente para Viviane, depois para mim.

— Tenhamos? — repetiu, claramente estranhando o plural.

— Bem, eu sou melhor amiga, claro. E também o pai da criança — Viviane disse rapidamente. — Queremos ter certeza de que tudo está perfeitamente em ordem.

Viviane imediatamente se levantou também.

— Claro, nós vamos...

— Por protocolo do hospital esse exame não permite acompanhante — a Dra. Monteiro a interrompeu firmemente, mas mantendo um tom polido. — São apenas alguns minutos.

Viviane hesitou, claramente desconfortável em me deixar sozinha com a médica. Antes de eu sair da sala, ela me lançou um olhar gelado que dizia claramente: "Cuidado."

A sala ao lado era menor e mais silenciosa. A Dra. Monteiro fechou a porta atrás de nós e, para minha surpresa, girou a chave na fechadura.

Olhou fixamente para mim por alguns segundos antes de falar.

— Preciso que você me explique o que está acontecendo aqui — disse em tom baixo mas determinado — ou vou ter que chamar a polícia.

Meu corpo inteiro congelou. Respiração acelerada, coração disparado, a sensação de pânico subindo pela garganta.

— Não, não, por favor — neguei com a cabeça desesperadamente.

— Essa acompanhante está respondendo por você, decidindo por você, pressionando decisões médicas — a médica continuou. — Isso não é comportamento normal.

As lágrimas que eu vinha segurando finalmente desceram pelo meu rosto. Não conseguia falar, não conseguia explicar, não conseguia fazer nada além de chorar silenciosamente.

— Eu só preciso sair daqui — sussurrei finalmente. — Preciso sair daqui sem que ela perceba.

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