~ LÍVIA ~
O estúdio de yoga estava mais silencioso que o normal quando terminei de trancar a porta principal. A aula noturna havia sido especialmente tranquila - apenas cinco alunas, todas veteranas que preferiam a serenidade da sessão das 20h ao movimento da manhã. Normalmente, eu adorava esses momentos de paz no final do dia, quando podia sentir a energia calma que permanecia no ar após uma boa prática.
Mas há dois dias, nada parecia normal. Nada parecia tranquilo.
Maitê havia desaparecido desde a manhã anterior, depois de ter ido ao médico com Viviane. Desde então, silêncio total. Telefone fora do ar, sem resposta a mensagens, como se ela tivesse simplesmente evaporado. E o pior de tudo: Viviane também não atendia minhas ligações. Dizia que estava "lidando com a situação" e que eu não devia me preocupar.
Exatamente o tipo de resposta que me fazia entrar em pânico total.
Tentei fazer um boletim de ocorrência hoje de manhã, mas a experiência foi humilhante. O policial que me atendeu - um homem de meia-idade com expressão entediada e tom irônico - me olhou como se eu fosse uma parente neurótica e dramática.
"Não é a 'prima' que desapareceu no dia do casamento e depois apareceu numa clínica de recuperação?" havia perguntado, fazendo aspas no ar ao dizer prima, como se duvidasse até mesmo do nosso grau de parentesco.
Não tinha como negar que os sumiços recentes de Maitê estavam fazendo toda essa situação soar como a história do menino que gritava lobo. Primeiro a fuga espetacular do casamento, depois o período "incomunicável" que Viviane havia justificado como necessário para recuperação emocional. E agora mais um desaparecimento.
Para quem olhava de fora, provavelmente parecia o comportamento errático de uma mulher instável que periodicamente fugia da própria vida. Para mim, que conhecia Maitê desde criança, que sabia ler cada pequena expressão no rosto dela, cada tom de voz quando estava verdadeiramente assustada, era óbvio que algo muito sério estava acontecendo.
O problema era conseguir que alguém me levasse a sério.
Caminhei pelo estacionamento mal iluminado do complexo comercial onde ficava o estúdio, as chaves do carro fazendo barulho na minha bolsa. Era uma área relativamente segura do bairro, com movimento constante durante o dia e algumas lojas ainda abertas até tarde, mas à noite ficava mais deserta. Os postes de luz criavam círculos amarelados no asfalto, deixando várias áreas em sombras que normalmente eu nem notava.
Esta noite, cada sombra parecia um esconderijo em potencial.
Parei abruptamente quando cheguei perto do meu carro.
— Merda! — exclamei em voz alta, a palavra ecoando pelo estacionamento vazio.
O pneu traseiro direito estava completamente murcho, claramente furado. Caminhei ao redor do veículo, confirmando que era apenas um pneu, mas lembrando com um aperto no estomago que havia usado o estepe mês passado e ainda não tinha comprado um novo.
Olhei ao redor, avaliando minhas opções. Podia chamar um Uber, mas demoraria pelo menos vinte minutos para chegar se eu tivesse sorte. Ainda era horário de pico e provavelmente eles ficariam escolhendo as melhores corridas. Ou podia simplesmente caminhar para casa - não morava muito longe, talvez quinze minutos de caminhada por ruas que conhecia bem.
Em circunstâncias normais, nem hesitaria. Mas com Maitê desaparecida e uma sensação estranha de que algo estava fundamentalmente errado no meu mundo, a perspectiva de caminhar sozinha pelas ruas à noite não parecia tão simples.
Mesmo assim, decidir ficar ali parada não era uma opção melhor.
— Fique onde está! — gritei, minha voz saindo mais forte do que eu esperava. — Eu não tenho medo de usar isso!
O homem parou, mas não parecia particularmente preocupado com a ameaça. Era alto, bem vestido, com um casaco escuro que o fazia parecer mais uma sombra do que uma pessoa. Quando falou, sua voz era calma, quase educada.
— Se você colaborar, podemos fazer isso de um jeito mais fácil — disse, dando um pequeno passo na minha direção. — Meu nome é...
Mas eu não estava interessada em saber o nome dele. Não ia colaborar com nada.
Quase ao mesmo tempo em que apertei o gatilho do spray de pimenta, mirando diretamente no rosto do homem, ele ergueu alguma coisa na minha direção - algo pequeno e metálico que fez um som abafado, como um suspiro mecânico.
O spray saiu da minha mão e atingiu o alvo, fazendo o homem recuar com um xingamento áspero. Mas o que quer que ele tivesse usado contra mim funcionou mais rápido do que eu poderia ter imaginado.
Uma sensação estranha começou a se espalhar pelo meu corpo, como se meus músculos estivessem se desconectando dos meus comandos. Minha visão começou a escurecer nas bordas, e o mundo começou a inclinar perigosamente.
A última coisa que lembro foi do som dos meus joelhos batendo no asfalto e da voz do segundo homem dizendo algo que soou muito distante, como se ele estivesse falando de dentro de um túnel:
— Pega ela. Vamos.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...