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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 403

~ MAITÊ ~

O carro deslizava pelas ruas de São Paulo em um silêncio tenso que parecia pressionar contra meu peito como uma mão invisível. Olhei pela janela, observando a cidade passar como um filme em que eu era apenas espectadora.

Lívia estava sentada ao meu lado, seus punhos cerrados sobre o colo, claramente fazendo um esforço hercúleo para manter a compostura. Podia sentir a raiva irradiando dela como calor. No banco do passageiro, minha mãe verificava obsessivamente a bolsa, retirando e guardando os mesmos papéis repetidas vezes, enquanto meu pai dirigia com a mandíbula contraída, evitando me olhar pelo retrovisor.

— Para onde estamos indo? — perguntei, quebrando finalmente o silêncio sufocante.

Minha mãe nem se virou para me olhar.

— Para um lugar onde você possa receber o tratamento adequado — respondeu com uma voz que tentava soar maternal mas carregava uma frieza que me gelou.

— Que tratamento? — insisti, sentindo a ansiedade subir pela minha garganta. — Eu não preciso de tratamento nenhum. Estou grávida, não louca.

— Maitê, querida — minha mãe suspirou, finalmente se virando para me encarar — você fugiu do seu próprio casamento, desapareceu por uma semana, se casou com um completo desconhecido em questão de dias. Isso não é comportamento de uma pessoa equilibrada.

— Eu fugi porque descobri que Dominic é um criminoso! — explodi, perdendo a paciência que vinha tentando manter. — Porque descobri que ele queria usar os parques para lavar dinheiro de cassinos ilegais!

Meu pai pisou no freio um pouco mais forte que o necessário no semáforo seguinte.

— São essas suas fantasias, Maitê — ele disse, sua voz carregada de uma autoridade paternal que costumava me fazer obedecer quando criança. — Dominic é um empresário respeitado.

— Respeitado? — Lívia não conseguiu mais se conter. — Vocês estão tão cegos que não percebem que Maitê se casou com um Bellucci! Ele poderia genuinamente ajudar os parques por amor a Maitê e a essa criança, mas não... vocês preferem fazer tudo do jeito sujo!

Minha mãe deixou escapar algo que soou como:

— Não é só sobre isso...

Mas foi imediatamente repreendida por um olhar cortante do meu pai. O silêncio que se seguiu foi ainda mais pesado que o anterior.

Lívia e eu trocamos olhares cúmplices. Havia algo mais, algo que eles não estavam nos contando. Minha suspeita sobre a real extensão do envolvimento dos meus pais com Dominic estava se confirmando a cada palavra não dita.

— Mãe — tentei novamente, dessa vez com voz mais suave — você sabe que eu amo vocês, não sabe? Tudo que eu quero é que nossa família seja honesta uns com os outros.

Ela olhou para mim com uma expressão que misturava culpa e determinação.

— É por isso que estamos fazendo isso, filha. Para proteger nossa família.

— Proteger de quem? — perguntei, mas ela já havia se virado novamente para frente.

O carro diminuiu a velocidade e parou. Olhei ao redor, tentando identificar onde estávamos, mas não reconheci a região. Eram apenas prédios comerciais anônimos e algumas árvores bem cuidadas.

— Chegamos — minha mãe anunciou com uma alegria forçada.

Lívia olhou pela janela, franzindo o cenho.

— Não é nossa casa.

— Maitê não vai ficar mais com você — minha mãe respondeu, evitando nossos olhares. — Ela precisa de tratamento especializado.

Quando chegou a hora da despedida, Lívia me abraçou como se fosse a última vez.

— Não vou desistir de você — sussurrou no meu ouvido.

— Eu sei — respondi.

Quando me virei para meus pais, eles estavam parados a alguns metros de distância, como se não soubessem como se aproximar. Minha mãe deu um passo à frente, mas eu simplesmente dei as costas para eles e segui a enfermeira que me levaria ao meu quarto.

Não havia mais nada a dizer.

O corredor era longo e bem iluminado, com quadros suaves nas paredes e o cheiro característico de desinfetante hospitalar. Meus passos ecoavam no piso de linóleo, cada som marcando meu afastamento da vida que eu havia começado a construir.

— Aqui é seu quarto — a enfermeira disse, abrindo uma porta que revelava um espaço pequeno mas limpo, com uma cama, uma mesinha e uma cadeira.

— Obrigada — murmurei, entrando.

— Alguém quer falar com você — ela disse antes de sair. — Já está esperando.

Franzi o cenho, confusa. Quem poderia estar me esperando?

A porta se fechou atrás da enfermeira, e foi então que percebi que não estava sozinha no quarto. Uma figura estava sentada na cadeira em um canto, de costas para mim, mas quando se virou, senti minha espinha gelar.

— Oi, amorzinho — disse a voz que eu havia aprendido a temer. — Que bom que voltou para mim.

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