~ MAITÊ ~
Cuspi os comprimidos no vaso sanitário e dei descarga rapidamente, observando-os desaparecerem no redemoinho de água. Era a terceira vez hoje que conseguia fazer isso sem ser pega. Estava ficando mais esperta, aprendendo a esconder os comprimidos debaixo da língua, fingir engolir, e depois descartar quando ninguém estava olhando.
Vinha sendo difícil aturar as visitas constantes de Viviane e Dominic, pressionando-me o tempo todo, manipulando cada conversa para me fazer questionar minha própria sanidade. Havia momentos em que eu mesma começava a pensar que talvez estivesse realmente louca. Talvez os remédios estivessem ajudando. Talvez eu devesse parar de lutar e simplesmente aceitar a versão da realidade que eles insistiam em empurrar goela abaixo.
Mas então eu me lembrava das palavras de Marco, da promessa que fizemos um ao outro. Lembrava que ele havia dito que lutaria por mim, e eu havia prometido lutar também. Então comecei a fingir que tomava os comprimidos, escondendo-os na boca para depois cuspir quando ficava sozinha.
Não conseguia escapar dos injetáveis, infelizmente. Esses eram aplicados diretamente por enfermeiras que ficavam observando até ter certeza de que a medicação havia feito efeito. Na maioria das vezes, os sedativos apenas me deixavam tonta e com muito sono, criando uma neblina mental que dificultava minha capacidade de pensar claramente ou formar argumentos coerentes.
Mas hoje eu estava relativamente lúcida. Conseguira evitar a maior parte da medicação oral e ainda não havia chegado a hora da injeção noturna. Podia pensar com clareza suficiente para refletir sobre minha situação.
Estava lutando por mim mesma, como havia prometido a Marco. E por mais que ele e Lívia não tivessem vindo me visitar nos últimos dias, isso só me dava mais certeza de que estavam sendo impedidos de me ver. Eles jamais me abandonariam por escolha própria. Dominic e sua rede de contatos estavam bloqueando deliberadamente qualquer pessoa que pudesse me apoiar ou questionar meu "tratamento".
Hoje era o quinto dia desde que havia sido internada. Marco havia prometido que resolveria tudo em até uma semana. Eu esperava desesperadamente que ele conseguisse cumprir essa promessa, porque sentia que em breve começaria a perder essa luta. Minha resistência mental estava se desgastando, dia após dia, hora após hora.
Não eram apenas as medicações que me estavam quebrando. Eram as ameaças constantes de Dominic, sussurradas durante suas visitas. Eram as torturas mentais de Viviane, que vinha me visitar diariamente apenas para plantar sementes de dúvida sobre Marco, sobre meu casamento, sobre minha própria percepção da realidade. E eram meus próprios pais, fingindo que nada de extraordinário estava acontecendo, tratando toda a situação como se fosse um tratamento médico normal e necessário.
Estava perdendo pedaços de mim mesma a cada dia que passava naquele lugar.
Uma batida na porta interrompeu meus pensamentos sombrios. Dr. Santos, o médico que estava acompanhando meu caso, entrou no quarto carregando uma prancheta e usando aquela expressão profissional e distante que todos os funcionários pareciam dominar perfeitamente.
— Senhorita Salvani — disse, consultando suas anotações —, amanhã nós a levaremos até um hospital para fazer o teste de DNA, conforme solicitado pelo seu noivo.
Senti meu estômago despencar.
— Não tenho noivo — respondi automaticamente. — Sou casada.
O médico balançou a cabeça negativamente, como se eu fosse uma criança teimosa insistindo em uma mentira óbvia, e anotou algo em sua ficha.
— O teste é necessário para determinar a paternidade da criança e auxiliar no seu tratamento — disse com uma voz monótona que sugeria que havia repetido essa explicação muitas vezes.
Mal tive tempo de ficar realmente preocupada e agitada porque logo depois uma enfermeira entrou carregando uma seringa. Tentei protestar, tentei argumentar, mas ela simplesmente disse que eram "ordens médicas" e aplicou o sedativo antes que eu pudesse resistir efetivamente.
A medicação me atingiu como uma onda escura, arrastando minha consciência para baixo como se eu estivesse afundando em águas profundas. Lutei contra o efeito por alguns minutos, tentando manter os olhos abertos, tentando manter meus pensamentos organizados, mas eventualmente a escuridão me venceu.
Dormi pesadamente, sem sonhos, como se tivesse sido desligada como um aparelho eletrônico.
Quando acordei, a madrugada ainda estava escura lá fora. O quarto estava silencioso, iluminado apenas pela luz fraca que entrava do corredor. Minha cabeça estava pesada e confusa, efeito residual dos sedativos, mas aos poucos minha consciência foi retornando.
Foi então que senti algo húmido e quente entre minhas pernas.
Levei a mão instintivamente para verificar e, quando trouxe os dedos até onde podia vê-los na penumbra, o sangue escuro nas pontas dos meus dedos fez meu mundo desabar.
— ESTOU PERDENDO O BEBÊ! — gritei com toda a força que meus pulmões conseguiram reunir. — ALGUÉM ME AJUDA! ESTOU PERDENDO MEU BEBÊ!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...