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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 408

~ MARCO ~

As batidas insistentes na porta do meu apartamento me arrancaram de um sono profundo e conturbado. Olhei para o relógio digital na mesa de cabeceira - três e vinte da manhã. Quem diabos estaria batendo na minha porta a essa hora?

As batidas continuaram, cada vez mais urgentes. Só poderia ser Lívia. Tinha deixado autorização para ela poder subir sem ser anunciada, considerando toda a situação com Maitê, mas não esperava que ela usasse essa liberdade no meio da madrugada.

Me levantei cambaleando, ainda zonzo de sono, passei as mãos pelos cabelos bagunçados e me dirigi à porta. Quando abri, encontrei Lívia parada no corredor, claramente agitada, os olhos brilhando com uma urgência que me deixou imediatamente alerta. Ela estava vestindo roupas amassadas, como se tivesse saído correndo de casa.

— O que está acontecendo? — perguntei, a preocupação instantaneamente banindo qualquer vestígio de sonolência.

— Maitê está no hospital — ela disse sem rodeios, sua voz carregada de uma tensão que fez meu estômago se contrair.

Senti como se tivesse levado um soco no estômago.

— O quê? — consegui perguntar, minha voz saindo mais rouca do que pretendia. — Mas o procedimento era para acontecer só amanhã à tarde.

Todo o plano que havíamos elaborado com Christian estava baseado nesse cronograma. Tínhamos contatos no hospital que nos avisaram quando Dominic havia marcado um procedimento para Maitê realizar o exame de DNA, mesmo isso sendo altamente não recomendado na condição dela. A informação havia nos dado tempo para nos prepararmos adequadamente, tempo para mobilizar todos os recursos necessários.

Conseguimos um laudo médico detalhado da médica que fez o primeiro ultrassom de Maitê, documentando especificamente por que o procedimento seria perigoso dado o descolamento de placenta detectado. Tínhamos advogados preparados para entrar com uma liminar impedindo o procedimento, e até mesmo força policial de plantão para intervir se fosse necessário, aproveitando para alegar os maus cuidados que Maitê estava recebendo na clínica psiquiátrica.

A estratégia era ambiciosa mas bem fundamentada: conseguir uma reversão da tutela dela para mim, que, querendo ou não, ainda era legalmente seu marido. Era um plano sólido que poderia resolver tudo de uma vez, tirando-a das garras de Dominic de forma permanente e legal.

Mas agora Maitê estava no hospital de madrugada, e todo nosso planejamento cuidadoso havia ido por água abaixo.

— O que aconteceu? — perguntei, já correndo de volta para o quarto para me trocar rapidamente, minha mente acelerada tentando processar as implicações dessa mudança súbita de cronograma.

— Não sei muito bem os detalhes — Lívia disse, me seguindo pelo corredor enquanto eu pegava calças jeans e uma camisa do armário. — Mas ela deu entrada no pronto-socorro com sangramento. Meu contato na recepção me ligou assim que viu o nome dela no sistema.

Meu sangue gelou. Sangramento durante a gravidez. Isso poderia significar muitas coisas, e a maioria delas não eram boas. Aborto espontâneo. Descolamento de placenta. Alguma complicação provocada pelos sedativos que estavam forçando ela a tomar. Minha mente correu através de todas as possibilidades horríveis, cada uma pior que a anterior.

— Que horas foi isso? — perguntei, vestindo a camisa rapidamente.

— Há cerca de duas horas. Ela chegou ao hospital gritando que estava perdendo o bebê. A equipe médica a levou direto para a emergência obstétrica.

Senti uma onda de pânico puro me atravessar. Maitê sozinha, apavorada, sangrando, sem ninguém para consolá-la ou defender seus interesses. Dominic provavelmente já estava a caminho do hospital, se não estivesse lá já, pronto para assumir controle da situação e impedir que qualquer pessoa se aproximasse dela.

— E agora? — Lívia perguntou enquanto eu fazia uma curva perigosamente rápida em direção ao hospital. — Qual é o plano?

A pergunta me fez pensar em todas as estratégias meticulosamente elaboradas que havíamos traçado nos últimos dias. Planos sobre planos, contingências sobre contingências. Estávamos investigando Dominic de todos os ângulos possíveis, mas sempre batíamos em algum aliado dele, algum contato que o protegia, alguma pessoa em posição de poder que lhe devia favores.

Estávamos recorrendo legalmente para que eu pudesse me tornar tutor de Maitê, contestando a decisão que havia dado esse poder aos pais dela, mas esse processo era demorado e burocraticamente complexo. Mesmo com os melhores advogados do país, o sistema jurídico tinha seus próprios tempos e protocolos.

Havíamos armado todo um esquema policial e legal para quando Maitê fosse obrigada a fazer o teste de DNA que negligenciava a saúde dela e do bebê. Tínhamos documentação médica irrefutável, autoridades preparadas para intervir, argumentos legais sólidos sobre negligência médica. Era um plano perfeito que havia levado dias para ser coordenado.

Mas tudo isso havia desmoronado com uma ligação telefônica no meio da madrugada.

Cada plano que fazíamos, cada estratégia legal que tentávamos, cada tentativa de trabalhar dentro do sistema esbarrava na influência e corrupção que Dominic havia espalhado por todo lugar. Era como tentar lutar contra uma hidra - cortávamos uma cabeça e duas novas apareciam.

Talvez fosse hora de parar de tentar ser estratégico. Talvez fosse hora de parar de tentar trabalhar dentro do sistema que Dominic havia corrompido. Talvez fosse hora de simplesmente agir com o coração ao invés da cabeça.

— Tirar Maitê de lá — respondi finalmente, minha voz carregada de uma determinação que vinha de algum lugar profundo e primitivo dentro de mim. — Custe o que custar.

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