Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 41

Encarei Christian, tentando processar o que ele tinha acabado de dizer. Voltar para a mansão? Onde fingimos ser um casal. Onde ficamos tão próximos. Onde quase me apaixonei de verdade.

— Eu não sei se é uma boa ideia — respondi finalmente.

— Provavelmente não é — ele concordou, o que me pegou de surpresa. — Mas é prático. E você não tem muitas opções no momento.

Apertei os lábios, olhando para minha mala solitária. Ele tinha razão, é claro. A Serra Gaúcha estava em plena temporada alta. Mesmo os hotéis mais simples estavam lotados ou cobravam valores exorbitantes.

— Não há segundas intenções aqui, Zoey — acrescentou Christian, sua voz mais suave. — É apenas um lugar para ficar até seu voo. Um lugar que você já conhece.

Mordi o lábio inferior, dividida. A oferta era tentadora em sua simplicidade. Um lugar para ficar. Sem complicações. Sem expectativas.

— Tudo bem — decidi finalmente. — Mas vou continuar tentando remarcar minha passagem.

Christian pegou minha mala antes que eu pudesse protestar e se dirigiu à porta, seus passos decididos ecoando no lobby silencioso do hotel. Segui-o, mantendo uma distância segura, tentando não notar como o terno se ajustava perfeitamente aos seus ombros largos.

Lá fora, o ar da noite estava frio, típico da Serra Gaúcha. Estremeci levemente em meu blazer fino, projetado mais para aparência do que para o clima da região. Christian pareceu notar, mas não comentou. Apenas abriu o porta-malas de seu carro — não o Porsche desta vez, mas um SUV elegante — e colocou minha bagagem com cuidado.

O trajeto até a vinícola foi silencioso. Observei a paisagem noturna pela janela, as luzes das pequenas cidades surgindo ocasionalmente entre as colinas escuras. A última vez que fizemos esse caminho juntos, tudo era diferente. Éramos praticamente dois desconhecidos com um acordo de negócios. Agora éramos... o quê, exatamente?

Quando o carro começou a subir a estrada particular da propriedade, senti um aperto no peito. Os vinhedos se estendiam em ambos os lados, banhados apenas pelo luar e pelas luzes distantes da mansão que começava a surgir no horizonte.

— Carmem sabe que estou indo? — perguntei, quebrando o silêncio.

— Ela não está aqui no momento. — Christian manteve os olhos na estrada. — Foi visitar a filha que teve bebê. A casa está com equipe reduzida, apenas algumas camareiras e o pessoal da cozinha.

Mais silêncio. Quando finalmente estacionamos em frente à mansão, tudo parecia estranhamente familiar e ao mesmo tempo completamente diferente. As mesmas escadas de pedra, as mesmas portas grandes, o mesmo jardim imaculado. Mas tudo sob uma luz diferente. Não era mais um cenário para nossa farsa. Era apenas uma casa para a qual eu havia sido convidada por necessidade.

— Vou te mostrar o seu quarto de hóspedes — Christian disse enquanto entrávamos.

A mansão estava quieta àquela hora. Seguimos pelo corredor principal, subindo a escadaria de mármore, virando em um corredor diferente daquele que levava à suíte principal onde havíamos ficado antes.

O quarto de hóspedes era espaçoso e elegante, decorado em tons de dourado e bege, com uma grande janela que dava para os vinhedos — embora a vista estivesse escondida pela noite.

— O banheiro é ali. — Christian apontou para uma porta adjacente. — Tem toalhas limpas e produtos básicos na bancada.

— Obrigada. — Permaneci perto da entrada, sem saber exatamente o que fazer. — É... gentil da sua parte.

Ele colocou minha mala próxima à cama.

— Imagino que você esteja com fome. — Não era uma pergunta, mas havia um tom quase tímido em sua voz. — Posso pedir à cozinha para preparar algo leve.

— Eu agradeceria.

Ficamos ali, parados, o silêncio pesando entre nós. Havia tantas coisas não ditas, tantas perguntas que eu queria fazer, mas não sabia por onde começar.

— Vou deixar você se acomodar, então — ele disse, dirigindo-se à porta.

— Christian — chamei antes que ele saísse. — Podemos... conversar um pouco?

Ele hesitou, mas assentiu.

— Vou pedir o jantar e volto em alguns minutos.

Quando ele saiu, permiti-me respirar fundo. O que eu estava fazendo? Por que tinha pedido para conversar? Não seria mais fácil, mais seguro, manter distância? Deixar que essa noite passasse e, amanhã, encontrar uma forma de voltar para casa sem mais complicações?

— Foi... complicado.

— Complicado como?

Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo — aquele gesto que eu já conhecia tão bem.

— Ele estava prestes a viajar. Tinha muitas coisas para resolver antes de partir, a cabeça ocupada com questões da vinícola...

— Christian — interrompi, começando a entender.

Ele desviou o olhar para a paisagem escura, os vinhedos apenas silhuetas negras contra o céu estrelado.

— Mencionei que tivemos uma... discussão.

— Uma discussão?

— Sobre o casamento. — Ele voltou a me encarar. — Disse a ele que você não queria apressar as coisas, que precisava de mais tempo.

— E o que ele disse?

— Que entenderia. Que conversaríamos melhor depois que ele voltasse da Itália. — Christian tomou um longo gole de vinho. — Ele gostou muito de você, Zoey. Mais do que de qualquer pessoa que levei para conhecê-lo.

Uma suspeita cresceu em mim, a peça final de um quebra-cabeça que eu não sabia que estava tentando montar.

— Christian... — Minha voz saiu quase como um sussurro. — Você não contou ao seu avô que terminamos, contou?