Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 101

Cap. 100 Romance com um sonâmbulo.

Segui até a sala de vigilância — as paredes tomadas por câmeras —, mas nunca ficava alguém ali para vigiar nada. Numa época muito distante, precisei dessas câmeras por causa de alguém importante. Mas, desde que deixei a mansão, elas haviam sido desligadas… até voltarem a funcionar quando comecei a ter esse problema.

Donovan, Jacy e Rodrigo estavam bem animados, como se estivessem prestes a assistir a um filme inédito. Não disse nada por ora, mas sabia que nem tudo poderia ser assistido… ainda mais se fosse dentro dos quartos.

A sala estava escura, iluminada apenas pelas luzes das telas e pelos reflexos da ansiedade nos rostos de Rodrigo, Jacy e Donovan. Eles estavam acomodados em poltronas improvisadas, com um balde de pipoca no colo, como se estivessem prestes a assistir a um filme qualquer.

Mas aquele filme… era sobre mim.

E sobre ela.

Dei play na primeira gravação. A primeira vez que comecei a andar pela casa enquanto dormia. Me vi caminhando como um estranho, perdido nos próprios passos. Os três observavam minha reação, atentos, como se esperassem uma explosão, mas eu permanecia em silêncio, absorvendo cada detalhe.

Aos poucos, Aurora apareceu nas imagens. A primeira vez que ela teve que lidar comigo… Fiquei bastante intrigado com meu comportamento, ainda naquela época em que eu a testava e castigava.

Como sempre, eu estava sendo levado até coisas perigosas. Mas, dessa vez… ela estava lá. E finalmente tive a resposta sobre aquela vez em que ela se cortou de forma tão crítica. Havia um miserável tentando cortar cenouras e se cortou — e para me impedir de me machucar, ela segurou a faca e eu mesmo puxei a lâmina da mão dela, causando aquele corte fundo.

— Céus… — suspirei com culpa, esfregando a testa enquanto assistia ao sangue jorrar e ela segurando o choro, tentando me ajudar mesmo com a mão daquele jeito. Minha respiração ficou ainda mais pesada. Só de ver aquilo, eu já não queria ver mais nada. Me sentia ainda mais idiota por tê-la maltratado mesmo depois de machucá-la com minhas próprias mãos.

Mesmo nos dias em que trocávamos farpas, quando a relação entre nós era feita de olhares cortantes e palavras afiadas… ela me observava. Me ajudava. Me guiava com cuidado.

E eu… eu não percebia. Estava cego. Literalmente adormecido.

Continuei assistindo. E agora... Aurora me manipulando como uma marionete adormecida. Ela me fazia me exercitar, me colocava para fazer posições ridículas no tapete da sala, desenhava no meu rosto com caneta. Em um momento, ela estava montada nas minhas costas como se eu fosse um cavalo de brinquedo.

— Menina travessa... — murmurei, quase sem pensar, com um sorriso surpreso nos lábios.

Donovan me olhou com receio.

— Você não ficou bravo?

Balancei a cabeça devagar.

— Acho que… isso salvou minha sanidade — murmurei, pensativo. — Para onde correr? Se não fosse ela, em algum momento desses dias, eu já teria parado no hospital ao menos cinco vezes. E estou vivo por milagre. Mas por ela estar ali, tudo o que ganhei foi um mero corte no dedo.

Continuei assistindo com calma, cada cena. Ela fazendo piada de mim. Poderia ter sido ofensivo, mas ver ela rindo e se divertindo daquele jeito me arrancou um breve sorriso. Era na mesma época em que eu a fazia infeliz o máximo que conseguia, dentro da minha própria casa.

Verify captcha to read the content.Verifique o captcha para ler o conteúdo

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.