Cap. 115: Evitar filhos ou planejar?
Aurora westwood
Era final de semana, então não havia pressa em sair da cama. O sol entrava suave pela fresta da cortina, aquecendo o quarto numa luz dourada e tranquila. Só quando mexi o corpo foi que percebi a posição em que dormira, completamente deitada sobre Andrews, com o rosto encostado em seu peito e seus braços firmemente enlaçados ao redor da minha cintura.
Corri os olhos para cima, e ele abriu os dele devagar, como se tivesse sido despertado pelo meu movimento. Um sorriso carinhoso surgiu em seus lábios.
— Bom dia... — disse com a voz ainda rouca.
— Eu estava dormindo assim há muito tempo? Você não está desconfortável?
— Confesso que estou um pouco dolorido. — Ele apertou os olhos de novo.
Corei na hora e me afastei, saindo de cima dele e ajeitando o cabelo embaraçado.
— Desculpa! — sussurrei, mas ele apenas riu.
— Eu gostei. Mas a gente precisa levantar. Vamos sair hoje.
— Sair? — franzi o cenho. — Hoje é sábado...
— Eu sei, mas é algo importante. Quero te levar ao médico — respondeu, sentando-se com naturalidade, como se tivesse acabado de sugerir um passeio no parque.
— Médico? Por quê? — perguntei, tentando esconder a tensão repentina.
Andrews olhou nos meus olhos, e sua expressão era gentil, porém firme.
— Eu marquei uma consulta pra você. Quero que comece a tomar algum contraceptivo. Vamos ter uma consulta com uma GO, fazer alguns exames para saber como está sua saúde.
Minha pele pareceu esquentar toda de uma vez. Fiquei completamente corada, desviando o olhar, sem saber onde enfiar o rosto.
— Você... tá falando sério?
— Claro que sim — ele respondeu com calma. — Aurora, eu não quero ser descuidado. Sei que você é jovem, tem planos, está estudando. A última coisa que quero é que algo inesperado atrapalhe sua vida.
Engoli em seco, absorvendo suas palavras. Havia uma delicadeza ali, mas também uma preocupação que parecia ir além do que ele dizia. O que ele queria garantir com isso?
Nos arrumamos, tomamos café juntos naquele clima tenso e estranho, e ele mesmo dirigiu até o consultório.
No consultório, sentei-me um pouco tensa na cadeira, observando Andrews conversar com a médica. Ele perguntava com naturalidade sobre prazos, tipos de anticoncepcionais, eficácia... como se estivesse planejando uma reforma, e não... a minha prevenção de gravidez.
— Ele está bem envolvido, hein? — a médica comentou com um leve sorriso.
Depois disso, passei por uma série de exames — menos os mais invasivos — justamente por ela ver que eu ainda não tinha tido contato com homem algum... Fiquei em dúvida, será que ele queria ter certeza se eu era mesmo virgem?
Eu apenas ri, tímida.
Depois, enquanto voltávamos ao carro, caminhei ao lado dele em silêncio, até não aguentar mais a dúvida que já estava me corroendo.
— Você tem medo... de que eu engravide? Ou queria descobrir se eu era virgem ou não? Todos aqueles exames foram muito confusos. — Perguntei, olhando para ele de lado.
Antes que eu pudesse perguntar mais, Rodrigo apareceu, com o mesmo sorriso arteiro de sempre. Nem ao menos olhou para mim, como se eu fosse invisível, e se jogou ao lado de Andrews, com empolgação evidente.
— Eu nem acredito que aquela beldade vai estar aqui de novo! — soltou, quase rindo de animação. — Mariana deve estar ainda mais linda! Você tem muita sorte, Andrews. Muita sorte mesmo.
Senti um baque no estômago. O que está acontecendo? Além disso, eles pareciam estar me ignorando, como se essa Mariana fosse o centro do mundo.
Rodrigo passou o braço pelo ombro de Andrews e o puxou, indo com ele em direção ao jardim, que agora parecia um cenário digno de revista. O som dos passos se distanciando ficou abafado diante do zumbido em meus ouvidos.
Mariana.
Aquele nome soou como um trovão abafado dentro de mim. Cada letra reverberou em minha mente, arrancando com violência a tênue esperança que eu nem sabia que estava cultivando.
O que eu poderia querer, afinal? Um amor sincero? Que ingenuidade a minha. Agora penso que ele queria fazer todos esses exames apenas para se prevenir de ter um filho com alguém que ele não ama.
Fiquei ali, imóvel, como se um balde de água fria tivesse sido despejado sobre meu corpo.
Respirei fundo, erguendo o queixo. Não posso demonstrar fraqueza. Não é como se eu estivesse tendo expectativas de que tudo seria perfeito a partir de agora, porque já vi que não será.
Mordi o lábio com força, sentindo as lágrimas queimarem meus olhos, mas recusei deixá-las cair. Não na frente deles. Não ali.
— Ela chega amanhã de manhã — ouvi um dos empregados dizer ao fundo, confirmando o que Rodrigo mencionara com empolgação.
Cada palavra parecia um prego sendo cravado em algo dentro de mim. Virei as costas e entrei na casa, sem olhar para trás.
Por fora, calma. Mas por dentro, uma tempestade prestes a transbordar.

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