Cap. 116: desconfiança silenciosa.
Aurora estava encolhida em sua cama como se quisesse desaparecer dentro dos lençóis. O quarto permanecia em penumbra, mesmo com a tarde se desfazendo aos poucos lá fora. Os olhos ardiam, mas ela não havia chorado, não deixaria que isso acontecesse. Sentia-se ridícula por se importar tanto. Por esperar... o quê? Romance? Exclusividade? Amor?
O clique suave da porta a fez prender a respiração.
Andrews entrou devagar, sem dizer nada. Seu perfume fresco e suave preencheu o ambiente. Devia ter acabado de sair do banho, seu cabelo ainda úmido denunciava. Ele se deitou atrás dela, envolvendo-a com o corpo quente. Seus braços a abraçaram com naturalidade, e ela não reagiu. Apenas se encolheu mais.
Mas ele não se afastou. Pelo contrário.
Os lábios dele tocaram de leve sua nuca, brincando com sua pele arrepiada. Um beijo... depois outro... e outro, até que sua respiração começou a se acelerar. Seu corpo queria ceder, mas algo dentro dela estava preso. Andrews percebeu, como sempre percebia.
— Aurora... — sua voz saiu baixa, envolta em preocupação. — Por que você está me recusando? É... é algo em mim? Está chateada por ter avisado em cima da hora sobre a consulta? Eu só estava cuidando de você, está acontecendo alguma coisa?
Ela hesitou. Queria dizer que não. Queria abraçá-lo de volta. Mas as palavras vieram travadas de insegurança.
— eu estou bem... — ela suspirou apertando os olhos.
— eu quero ficar com você no meu quarto, durma ao meu lado.
— Não é você. É... eu não me sinto confortável com aquelas câmeras pela casa. Me sinto observada. Como se nunca tivesse um lugar só meu. — ela inventou alguma mentira descabida apenas para desviara sua atenção.
Andrews ficou em silêncio por alguns segundos. Então se afastou apenas o suficiente para encará-la de lado.
— Todas as câmeras dos quartos vão ser retiradas — disse firme, sem pensar duas vezes. — Agora mesmo, se você quiser. Eu não quero que você se sinta invadida.
Ela não respondeu, seu coração apertou mais ainda com a forma como ele estava sendo compreensivo, ainda assim tudo parecia apenas uma fantasia em que em algum momento ela seria descartada como um secundário sem importância.
Ele ficou ao seu lado até que ela finalmente dormiu, então a carregou de volta para seu quarto a deitando sobre sua cama, ela abriu os olhos vagamente.
— O que está fazendo?
— eu te disse, quero que durma em meu quarto. — ele avisou se inclinando sobre seu corpo a abraçando sem qualquer intenção, apenas descansando ali e fechando os olhos.
Passaram a noite juntos, mas não houve mais do que aquele silêncio compartilhado, aquele calor confortável. E, ainda assim ele sentia que tinha algo errado.
Ele a observava de soslaio quando pensava que ela não estava olhando, então apenas se deixou adormecer ao lado dela.
Na manhã seguinte, o sol filtrava-se preguiçoso pelas janelas. Aurora levantou-se primeiro e seguiu para o banheiro, Sentia-se estranha, como se estivesse invadindo a privacidade dele, mas apenas deu de ombros se lembrando que são casados.
Se despiu rapidamente na intenção de tomar um banho apressado antes de Andrews acordar, ainda sentindo o cheiro de seu perfume sobre a sua pele, era como se naquele momento quisesse tirar qualquer coisa que a fizesse manter ele em sua mente, como se esta na casa dele não fosse suficiente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.