Cap. 120: Hora errada para dormir.
Aurora seguiu às pressas pelo corredor, o coração batendo descompassado. As palavras de Mariana ecoavam em sua mente como uma avalanche desordenada, mas o que mais doía era o sentimento de ter sido deixada de lado por Andrews, a forma como ele a ignorou como se nem existisse. Ela atravessou os corredores e encontrou Rodrigo saindo da sala de jogos, completamente cambaleante, com um copo vazio na mão.
— Ele… ele ainda tá lá — murmurou Rodrigo com um meio sorriso bêbado, antes de seguir trôpego pelos corredores.
Aurora entrou devagar. A luz baixa da sala de jogos revelava Andrews, largado no sofá, com os olhos semiabertos e a camisa desabotoada. Ele a olhou com uma expressão confusa, mas havia ali algo além da embriaguez, uma chateação evidente quando ele desviou o olhar, virando a taça de vinho pela metade.
— Por que está bebendo tanto? — ela perguntou, se aproximando com cautela.
— De quem será a culpa, se não da minha querida esposa. — Ele bufou, mantendo seu olhar longe do dela.
Ela se ajoelhou na frente dele, sem saber por onde começar. Seu olhar era vulnerável, mas firme.
— Por que você não me disse que Mariana era sua irmã?
Andrews soltou uma risada seca, os olhos brilhando por trás da embriaguez.
— Porque eu quis te punir… — confessou, afundando um pouco mais no sofá. — Você me rejeitou, Aurora. Como se eu fosse nada. Como se meus sentimentos fossem ridículos. Depois que me abri, você se fechou… e eu me senti pequeno. Insignificante. Sabe o quanto eu me esforcei pra aceitar o que estava sentindo? Com certeza não foi pra ser rejeitado. É tão mais fácil assim você me beijar e querer que eu te toque quando eu não tenho noção de nada? Que foda, não é? Eu estou com ciúmes de mim mesmo! — ele confessou com o olhar agora fixo ao dela.
Aurora respirou fundo, tomada pela confusão, ao mesmo tempo que o tempo pareceu parar entre eles.
— Eu não… não foi por isso. Eu só estava insegura, com tudo o que ouvi, com a forma como você recebeu Mariana… como se estivesse escondendo algo. Eu… você é o culpado! Estávamos indo bem, e de repente você estava falando com outra mulher e o contato dela salvo como se fosse outra pessoa…
— E por que não perguntou? — ele interrompeu, a voz baixa e arrastada. — Por que não me enfrentou? Preferiu se afastar, como se eu… como se eu te causasse nojo? Tudo que eu queria era que você perguntasse, começasse a tirar suas dúvidas sem que isso afetasse nosso relacionamento. Mas, em vez disso, você simplesmente agiu como queria.
— Está jogando isso pra cima de mim? Você me ignorou e me deixou pensar que ela era sua amante, me fez me sentir tão mal e... agora está dizendo que eu estava te fazendo se sentir mal? Você não sabe como eu me senti...
— Eu sei... pensou que eu estava te traindo na cara dura? Sim... não tenho que dar satisfação se você simplesmente não exige ou finge não se importar. Porque foi isso que pareceu. Mas você não me conhece tão bem. Se acha que eu te trairia, ainda mais depois de me confessar pra você... você está muito errada.
Ele desceu os beijos por seu pescoço, fazendo-a arquear as costas, e ela levou a mão ao cinto dele, disposta a se entregar, finalmente, sem reservas. Sua camisola já estava na altura dos seios. Ele não se importava que estivessem jogados naquele tapete, no meio daquela sala. A respiração pesada de Andrews, suas mãos correndo por seu corpo, como um animal faminto arrancando tudo de sua vítima. Ela ouviu um barulho de algo rasgando e comprimiu os lábios, assim como todos os músculos, ao perceber que Andrews havia rasgado sua peça íntima.
Mas então, de repente, sentiu o corpo dele pesar sobre o dela.
— Andrews? — chamou, com a respiração descompassada.
Nada.
Andrews havia adormecido ali mesmo, com o rosto descansando sobre seu colo, os cabelos bagunçados e a expressão relaxada. Aurora ficou em silêncio por um instante… depois sorriu, entre divertida e resignada.
— Quem rejeitou quem agora, senhor Andrews? — murmurou, afagando seus cabelos. — Não sei como você vai se sentir depois disso...
Ela tentou segurar o riso, mas acabou dando uma risada solta enquanto o abraçava. Puxou uma manta do sofá, cobrindo-o com cuidado, e se acomodou ao lado dele no tapete mesmo. E, naquela madrugada de segunda-feira, cansada e com o coração finalmente um pouco mais leve, Aurora adormeceu ao lado do homem que ela começava, de verdade, a tentar entender.

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