Cap. 123: Expectativas da primeira noite.
Entrei no apartamento com cautela, o coração acelerado sem motivo aparente. O ambiente era... lindo. Sofisticado. Os tons suaves da decoração pareciam sussurrar um convite perigoso. Havia velas espalhadas com sutileza, flores frescas e um aroma envolvente de baunilha e canela que me envolveu por inteiro. Era íntimo, acolhedor... preparado. Quase corei com a ideia. Hesitei por um segundo antes de cruzar completamente a porta, sentindo que estava entrando em um cenário de filme romântico — mas com um enredo do qual eu não conhecia o roteiro.
Parei no centro da sala, surpresa. Segurei os documentos com força, quase como uma proteção.
— Isso não parece uma reunião... — murmurei.
A porta se abriu atrás de mim. Virei devagar e lá estava ele, Andrews, ajustando as mangas da camisa com a elegância que só ele parecia ter. Ele parecia que já estava aqui a algum tempo, mesmo que tenha acabado de entrar, sim, pelo fato dele estar tão casual e confortável, sem seu blazer e com a gola da camisa desabotoada. Quando nossos olhares se encontraram, o tempo deu um passo para trás e eu fiquei petrificada como se fosse um muro imóvel, mesmo que perto de Andrews , eu fosse muito menor.
— Aurora... — ele disse, num tom baixo, carregado de uma expectativa contida.
Não respondi de imediato. Apenas olhei ao redor, tentando entender o que estava acontecendo. Foi então que vi, sobre a mesa de centro, repousar um envelope em cima de uma almofada, com letras inclinadas e elegantes. “Para o casal mais teimoso que eu conheço.”
Andrews pegou o bilhete e leu em voz alta.
— “Vocês dois precisam de um empurrão, e aqui está. Aproveitem o ambiente. Só não quebrem nada. E, Andrews... tente não estragar isso com suas crises existenciais. Com carinho, Rodrigo." — Ele riu, mas não com humor, como se tivesse velando uma ameaça para Rodrigo. Ainda assim, seus olhos se voltaram para mim como se estivessem em chama.
Prendi o riso, mas não consegui conter o sorriso que escapou dos meus lábios. Andrews soltou um suspiro longo, antes de caminhar em minha direção.
— Eu... não sabia que ele ia fazer isso. Mas, já que estamos aqui... e após eu estragar nossa noite bêbado... — ele comentou, desviando o olhar e tentando disfarçar a frustração, mas eu não queria ter que disfarçar o riso de novo, ainda mais depois de acordar pela manhã e ele perceber que rasgou minha peça íntima para nada, sabendo que desmaiou descaradamente. Alguém aqui jurou que não ia mais beber de forma irresponsável. Vamos ver...
— Talvez... não seja tão ruim assim — sussurrei, quase sem perceber. Olhei ao redor e tinha tantas pétalas de rosa, até mesmo a banheira da hidro estava com um manto vermelho que até penso ser desnecessário. Ainda assim, as velas vermelhas que estavam acesas deixavam um cheiro doce e apimentado no ambiente, de forma que mexia com meus sentidos. Espero que isso não seja afrodisíaco.
Pela primeira vez em muito tempo, o silêncio entre nos não parecia um muro. Parecia um convite.
Virei-me para ele, sentindo o coração dar voltas.
— Isso tudo... foi ideia do Rodrigo... era de se esperar, ele parece mais romântico do que aparenta. — comentei com um certo desconforto.
— Sim. Mas... — ele se aproximou com passos lentos, os olhos fixos nos meus — não é mentira que eu queria ver você aqui. Assim. Comigo.
Abaixei o olhar, tentando controlar o turbilhão dentro de mim. Parte de mim queria correr. Parte queria ficar, não queria que ele entendesse errado de novo.
Ele foi até a pequena adega no canto e pegou duas taças de champanhe, levando as duas até a mesa de sinuca que estava a poucos metros do balcão. Serviu com calma e me estendeu uma.
— Relaxe. É só uma bebida. Só a gente. Nada depressa. — ele disse, me fazendo me aproximar dele.
Aceitei. Nossos dedos se tocaram por um instante, e um arrepio subiu pelas minhas costas, nos dois ali, naquele ambiente iluminado apenas pelas velas acesas ao redor, em pontos estratégicos.
Foi quando ele notou uma pequena caixa repousada sobre a mesa de sinuca, com um laço provocante e uma etiqueta discreta: “Para Aurora – De: Alice.”
Andrews ergueu a sobrancelha, com aquele sorriso enviesado que ele sabia usar muito bem. Era como se imaginasse o que sabia o que era, e, se tratando de Alice e de sua empolgação quanto a mim e Andrews, era suposto que ela pudesse ter comprado algo bem sem vergonha para mim. Eles dois pareciam mais ansiosos que nós dois para que isso acontecesse. Eles realmente deveriam cuidar da vida deles, eu e Andrews não precisamos desse empurrão.
— Acho que é para você.
Peguei a caixa e senti o estômago revirar. Ao abri-la, encontrei uma lingerie vermelha, fina e absurdamente provocante. Acompanhava um bilhete: “Hora de impressionar seu homem.”
— Então... — sussurrei. — Está feliz agora?
Ele não respondeu. Caminhou até mim como um predador silencioso. Parou na minha frente, me olhando como se eu fosse algo sagrado.
— Você é... inacreditável... — sua voz foi quase como um grunhido apertado, de alguém que estava prestes a me atacar, mas ele segurou minha mão com delicadeza e me fez girar na ponta dos pés. — Sua pele brilha na meia-luz, senhora Westwood. Não sei se vou conseguir me segurar ou ser tão gentil agora... você me deixa louco.
— O quê? — minha voz saiu baixa, e surpreendentemente, me comparei a um miado de gato. Que vergonha. Ele me conduziu até a mesa de sinuca.
— Você sabe jogar?
— Eu? Nunca joguei isso, na verdade... — sorri desconcertada. Com ele pareado às minhas costas, ele se inclinou e beijou meu ombro.
— Não sei como, com essa beleza, você conseguiu manter sua virgindade por tanto tempo... Vou fazer com que seja inesquecível, porque eu vou ser o único homem a tocar em seu corpo pelo resto de sua vida. — Quando ele disse isso, eu travei, mas o corpo dele... agora estava colado ao meu, me pressionando contra a mesa.
— Até onde sei, você também não ficava com muitas mulheres, certo? — perguntei curiosa. Eu tinha vontade de saber se ele já havia se deitado com mais alguma mulher.
— O que quer saber? — ele perguntou, sua respiração quente em meu pescoço.
— Eu acho que, com o gênio que você tem... você não ficou com muitas mulheres também... — apertei os lábios, acompanhados pelos olhos.
— Sua pergunta está sugerindo que eu não sou experiente? — ele perguntou com um tom um pouco frio. — Você quer conhecer meus gostos? Eu ser reservado lá fora não significa que tenho limites aqui dentro, ainda mais com uma mulher como você de costas para mim. — Ele disse, deslizando suavemente o nó dos dedos em minhas costas. Por que tenho a impressão de que toquei no assunto errado na hora errada, quando estou completamente desprotegida? Tive a prova do meu erro quando sua mão se pressionou em minhas costas, querendo que eu me inclinasse. Apenas segui conforme a dança, e meu traseiro ficou à deriva dele.

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